Rubina na grande quinta entre oceanos
©Judo Magazine | 25 de junho 2020 | Entrevista estruturada sobre a RETOMA | Com Rubina Gonçalves – Judo Quinta Grande
A Associação Cultural e Desportiva da Quinta Grande navega em dois oceanos: o Atlântico que acolhe a ilha madeirense e o Mediterrâneo que estrutura os temperamentos quentes, as paixões dos deuses gregos e a criatividade hiperbolizada pela Renascença Italiana. Aliás esta última, que emerge na transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, serve-nos aqui para justificar a nossa démarche sobre a RETOMA que, tudo o indica, situar-se também entre dois pólos, a fase do judo em casa e a plena normalidade no funcionamento da modalidade.
Rubina Gonçalves acolheu-nos em plena experimentação das atividades do clube nas novas condições de treino. Com as suas indicações e reflexões retirámos indicações preciosas para ilustrar este conceito ambíguo de retoma. E não faltou rigor e paixão nas respostas que aqui transcrevemos.
Judo Magazine (JM) : Esta fase da retoma vem no seguimento de atividades realizadas anteriormente cujo objetivo foi manter o contato com os atletas. No essencial que tipo de atividades foram realizadas nas fases anteriores?
Rubina Gonçalves (RG): As actividades realizadas foram treinos no zoom, vídeos com dicas de treino para praticarem em casa no período de quarentena e também foi partilhado alguns desafios aos atletas.
JM – Como foi comunicada e acertada a base de funcionamento deste ciclo da retoma, passando do judo em casa para uma presença no dojo (sobretudo aos pais dos mais jovens)?
RG – A comunicação foi efectuada por mensagem escrita e de voz para os pais com todas as indicações e procedimentos a adotar para que a retoma do judo no dojo fosse possível. Isto, após apresentação do plano de contingência da modalidade e do espaço onde decorre o judo.
JM – Como foi o reencontro, a chegada já equipados, a entrada no tapete?
RG – O reencontro foi emocionante. A alegria de voltar ao treino presencial estava estampado no rosto e olhar dos atletas. E para que o treino se realize em segurança, os atletas seguem os procedimentos necessários, desde a entrada no espaço até o dojo e saída, como medir a temperatura corporal, responder a pequeno questionário, trocar de calçado antes de entrar nas instalações, usar máscara, lavar as mãos antes e depois do treino e desinfectar de meia em meia hora.
JM – Que tipo de atividades estão a ser desenvolvidas, para além de exercícios partilhados nos diversos clubes existem alguns que estejam a ser experimentados, de forma mais específica aí no clube?
RG – Estamos a preparar os atletas para participar num torneio em parceria com o JudoBrava. O Torneio Tandoku Renshiu, que inclui, saudações, quedas, projeções e imobilizações, em que os atletas fazem o uke com seu casaco e cinto. Cada judoca será filmado no seu clube durante uma semana e posteriormente o joseki analisará a execução das técnicas, divulgará os resultados e entregará os prémios.
JM – Os grupos que estão constituídos farão atividades só no dojo ou terão que realizar outros exercícios no exterior?
RG – Nós apenas estamos a treinar no dojo, apesar de haver a possibilidade de treinar no exterior.
JM – Como avalia esta situação? Dificuldades e potencialidades?
RG – A maior dificuldade é toda a logística inerente à segurança, espaço e custos da manutenção constante, o que certamente não é uma situação muito agradável. Também sentimos que os pais têm receio e por isso tentamos criar estratégias que motivem os atletas e pais para que sintam que seus filhos estão em segurança e pratiquem a modalidade mesmo com adaptações.
Mas como sempre há algo de bom, com a ausência de combates neste momento, fazemos mais treinos de preparação física, técnica sem parceiro e alguns jogos individuais.
Com muita criatividade e animação incentivamos os nossos atletas.
© fotos Judo Quinta Grande
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