Os Oito só serão grandes se a Igualdade de género os contaminar

JM | 24 setembro 2020 | WEBINAR | Políticas Europeias para a Igualdade de género| Os alertas não são de agora. Vêm de longe no tempo e os resultados são tímidos. Se tivéssemos que intitular este Webinar, não tanto pelo lado das políticas cuja formulação está espelhada em “políticas europeias para a igualdade de género”, poderíamos denominá-lo “o arrasador libelo acusatório de Sarah Keane contra o machismo dominante no desporto”. E no judo, uma coisa é certa, os Oito princípios que todos divulgam. defendem e apregoam só poderão adquirir um significado de vida mais equilibrada e de comportamentos socialmente vantajosos, se a Igualdade de Género os contaminar de forma radical e os influenciar fortemente nos processos de aplicação e generalização.

A Presidente da Comissão de Igualdade de Género dos Comités Olímpicos Europeus Sarah Keane caracterizou a situação da Igualdade de Género a nível europeu no desporto e os dados evidenciaram uma realidade que não pode ser aceite.

Sarah Keane

A dirigente irlandesa introduziu no webinar o tema da violência exercida sobre as mulheres, lançando um desafio: Temos de manter as mulheres seguras e não é fácil que isso aconteça em todos os países. Num estudo efetuado na Bélgica e na Holanda, 38% das mulheres inquiridas relatam experiências de violência psicológica, 11% de violência física e 14% de violência sexual, o que levou Sarah Keane a tirar uma conclusão: Nesta área, precisamos de ter uma política específica, é preciso haver pessoas dedicadas a esta questão, profissionalmente.

As áreas críticas de avaliação como a governança dos sistemas (dirigentes e staff), o enquadramento técnico nos clubes (treinadoras) e os valores dos prémios e outras remunerações revelam uma profunda desigualdade entre mulheres e homens.

Por sua vez Teresa Fragoso a presidente da CIG – Comissão para a Igualdade de Género adiantou que ”Em relação ao caso específico do desporto, existe uma assimetria nos salários, patrocínios e prémios. A assimetria no que se paga é dizer às mulheres que valem menos. Há um caminho longo a percorrer. O primeiro passo para caminhar no sentido da igualdade de género é sensibilizar e informar. O desporto é sem dúvida uma área que deve dar um exemplo de igualdade”, concluiu a presidente da CIG

Teresa Fragoso

O webinar contou ainda com a presença de vários membros da Comissão Mulheres e Desporto do Comité Olímpico de Portugal (CMD-COP) estrutura que pretende mobilizar as atenções para esta prioridade. Elisabete Jacinto, presidente da CMD-COP, sublinhou que o webinar visou também contribuir para o aumento da participação feminina no desporto.

Para concluir as apresentações de enquadramento Marisa Fernandez, adjunta do Chefe da Unidade de Desporto da Comissão Europeia, abordou os Programas e Políticas de Igualdade de Género definidos pela Comissão Europeia, destacando a importância da Semana Europeia do Desporto no contexto da pandemia. Referiu ainda como boa prática o projeto Ginástica para Todos dinamizado em Portugal.

Ana Celeste Carvalho, da CMD-COP, encerrou o webinar. “Não podíamos deixar de colocar este tema na agenda desportiva, em Portugal, é um tema que está na agenda mundial. Ao fazê-lo visamos a três objetivos: informar, consciencializar e informar todos os participantes que podem ter um papel ativo. É uma causa que temos de colocar também na agenda política.”A membro da CMD-COP encerrou o webinar citando Nelson Mandela. “Escreveu o livro Um caminho para a liberdade, esperemos neste caso que não seja longo, que seja para a igualdade de género.” 

A atleta olímpica Filipa Cavalleri, da CMD-COP, moderou o webinar,

Filipa Cavalleri

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