ENTREVISTA | Jogos Olímpicos, Casa do Judo e Clubes são as prioridades

JUDO Magazine | 5 de outubro 2020 | ENTREVISTA | Jorge Fernandes – Presidente da FPJ. Há vencedores exuberantes, explosivos e radiantes com o sabor da vitória e há outros discretos, reservados, que se contêm apesar de profundamente satisfeitos com o triunfo alcançado.

A Jorge Fernandes assenta como uma luva a segunda categoria de protagonistas de contenda. A conquista de um segundo mandato à frente da presidência da FPJ-Federação Portuguesa de Judo parece-lhe perfeitamente natural já que, no seu entendimento, a avaliação da atividade realizada nos últimos quatro anos é positiva em toda a linha.

AG no dia 10 de outubro

No próximo dia 10 de outubro a Assembleia Geral vai votar a composição dos Órgãos Sociais da federação para os próximos quatro anos e, sabendo-se que existe uma lista vencedora antecipada, por ter sido a única a apresentar-se a sufrágio, está desde já marcada a tomada de posse do novo elenco para a fase posterior ao ato eleitoral propriamente dito. O encontro dos representantes das diversas categorias de eleitores por ocasião das provas nacionais ,agendadas para a mesma data que a AG, resultou em benefício de todos.

Balanço positivo

Procurámos obter de Jorge Fernandes elementos mais precisos sobre o balanço da atividade do mandato anterior e ,o atual e futuro Presidente do órgão máximo do judo nacional foi categórico “a pandemia impediu-nos de realizar o ciclo completo da nossa ação, refiro-me principalmente ao adiamento dos Jogos Olímpicos para um período que já é do mandato seguinte, mas não temos dúvidas,

2019 foi um ano de ouro para o judo nacional e estão todos de parabéns.”

Atletas, treinadores, elementos de staff, clubes, árbitros, dirigentes, todos sem exceção merecem uma grande saudação pelos resultados obtidos. Mas claro sentimos que nos faltou alguma coisa , os Jogos Olímpicos, para os quais trabalhámos muito e nos quais tínhamos grandes expetativas”.

Para Jorge Fernandes os resultados desportivos têm que ser destacados mas há uma segunda matéria que o orgulha de forma diferente que se prende com o estado de espírito e o ambiente que se vive no judo nacional

“há hoje uma unidade na modalidade que faz toda a diferença com o passado”

“Todos conversam uns com os outros e o empenho é geral. Podemos também estar satisfeitos com esta segunda vertente da nossa ação”.

Equipa que ganha, não se mexe

Sobre a composição dos futuros órgãos sociais pouco havia a dizer, mas apesar de tudo , questionámos o nosso interlocutor sobre o desequilíbrio que se verifica na presença de homens e mulheres, havendo mesmo algumas estruturas que não têm sequer uma mulher. Jorge Fernandes entende que “numa equipa que ganha, não se mexe. É uma velha máxima do desporto e do futebol em particular, mas que se aplica aqui plenamente.

“Foi uma opção, manter todos os que fizeram um excelente trabalho.”

Não era agora o momento de fazer grandes mudanças. Aliás nem seria justo. É verdade por exemplo que na Equipa de Treinadores só temos uma treinadora. Mas esta equipa deu grandes provas e seria errado estar a alterar a sua composição. Não há qualquer machismo nestas opções, elas resultam de prioridades e da vontade de manter uma certa estabilidade num grupo de trabalho que cumpriu com os objetivos traçados.

Estamos a ser bem governados

Sobre a retoma das atividades no judo o Presidente da FPJ reafirmou o que tem divulgado publicamente, ou seja, que a cooperação das diversas instituições envolvidas na regulação de todo o processo tem sido exemplar “quando começámos com um primeiro grupo, numa fase de risco, o governo e a DGS interessaram-se e acompanharam de muito perto. Nós queríamos dar um sinal positivo, e isso aconteceu. Desde então o Secretário de Estado da Juventude e Desportos, o IPDJ, a ARS de Coimbra, todos sem exceção apoiam e estão a trabalhar muito bem. Nós temos que dizer que estas pessoas e organismos estão a fazer um trabalho fantástico e que estamos a ser bem governados nestas matérias fundamentais. Estão de parabéns.

Claro nós desejaríamos ir mais depressa, mas temos que aceitar que não pode ser exatamente como nós desejaríamos.”

O que estamos a ver no futebol e a eventual abertura progressiva à presença de público, já é fruto destas nossas experiências que também revertem em favor de outras modalidades.”

Três áreas-chave da ação futura

Finalmente, em relação a perspetivas para o mandato que se segue, o tom de Jorge Fernandes é claramente entusiasta.

Abordámos 3 áreas-chave da ação futura: a Casa do Judo; os Jogos Olímpicos e os clubes. Sobre a Casa do Judo as informações são motivadoras “temos as negociações muito avançadas e sabemos que existe um reconhecimento da parte do Estado que o judo precisa de ter a sua casa própria. Trata-se de uma modalidade de eleição que não pode andar eternamente com a casa às costas. Há municípios interessados em ter o judo no seu território, várias Câmaras Municipais já pediram informações detalhadas, Lisboa inclusive. Na realidade a evolução está a correr até melhor do que esperávamos” adiantou. Sobre o modelo da Casa do Judo procurámos saber se outras vertentes que não diretamente as desportivas estavam previstas no design do projeto e Jorge Fernandes esclareceu que “haverá, a par da sala de treino, onde poderão ocorrer pequenas competições, uma área de musculação, outra de serviços médicos e enfermagem e temos expetativas fundadas numa área residencial que possa acolher algumas dezenas de atletas”.

Apoiar os clubes

Sobre os Jogos Olímpicos e os resultados esperados as afirmações são sobretudo de confirmação de confiança no trabalho que está a ser realizado. “Um trabalho muito empenhado e muito competente por parte de todo o enquadramento e por parte dos próprios atletas.” declarou.

Por fim o Presidente em exercício, cujo mandato irá ser renovado já no próximo sábado, referiu os clubes. “Essa será uma terceira área forte da nossa atuação. Iremos tentar dar mais apoio aos clubes, sobretudo aos que foram muito atingidos pela pandemia e pelos seus efeitos danosos. Já tentámos fazer algo nesse sentido. Por exemplo iremos pagar os testes de COVD-19 obrigatórios para a participação nas provas que se aproximam. As Câmaras também têm que ajudar, nós não dispomos de meios para grandes compromissos.

Verificamos que há muita gente a falar do assunto mas na prática pouco ou nada aparece de concreto”

e o que os clubes precisam é de soluções e apoios. Mas nos próximos tempos iremos empenhar-nos para um acompanhamento das situações mais difíceis”.

Com Jorge Fernandes a conversa é fácil. O seu discurso é direto e não anda à volta do pote com um discurso redondo. No próximo fim-de-semana, depois da tomada de posse, um novo ciclo começa e a vontade é muita para que tudo corra de forma a que o judo avance ainda mais no seu processo de afirmação como modalidade indispensável ao desenvolvimento desportivo do país.

Assinatura para o Campeonato da Europa

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