ÉTICA NO DESPORTO | Fair Play com jornada de sinais mais em Cernache
JUDO Magazine | 11 outubro 2020 | NACIONAIS SENIORES | Ética no desporto | Foram pequenos gestos e situações principalmente de valor simbólico que nas duas jornadas de competição realizadas no concelho de Coimbra reforçaram o espírito de entre-ajuda e de cooperação entre atletas e restantes atores da modalidade, como preconiza o PNED – Plano Nacional de Ética no Desporto.
As atitudes de cautela, de prudência e de respeito mútuo, devido à pandemia de COVID-19, que prevaleceram no pavilhão desportivo durante os dois dias da prova, constituíram um primeiro sinal positivo da capacidade de agir juntos, por parte da comunidade judoca. Um encontro com estas características dá sempre origem a inúmeras movimentações e interações e, importa afirmá-lo, permanece uma grande incerteza ao longo das jornadas sobre a capacidade de controlar a globalidade da operação com êxito.
Um segundo elemento deste quadro de ambiente de fair play surgiu por via da prova nacional para atletas cegos ou com baixa visão estar inserida na dinâmica competitiva existente no pavilhão. O sentido de inclusão pôde ser vivido por todos e todas os-as presentes de forma plena. A título de exemplo as confrontações entre Nuno Rocha e Miguel Vieira tiveram elevado nível competitivo.
Adversários são parceiros
Um terceiro elemento foi destacado com muita pertinência por Ana Hormigo, treinadora nacional, que salientou, num comentário partilhado com o comentador Carlos Ramos, que o companheirismo existente na seleção nacional feminina é absolutamente exemplar. A propósito de muitas das atletas se confrontarem nas provas e serem adversárias em competições importantes, a selecionadora nacional adiantou “Bons judocas, precisam de bons parceiros para treinar e os melhores parceiros são aqueles que acabem por ser também seus adversários. Precisamos uns dos outros” concluiu numa verdadeira lição de fair play bem útil para o judo nacional.
Medalhas entre pares
Por último, o gesto supremo que se traduz na entrega das medalhas no pódio, de forma cruzada uns aos outros, pelos próprios atletas. A FPJ inventou o procedimento pressionada pelas circunstâncias das medidas sanitárias, mas todos verificámos que a carga emocional é bem mais forte e que a cumplicidade do pódio é bem mais elevada. Às tantas pode constituir-se como uma (re)apropriação pelos desportistas dos mecanismos de valorização colocando o reconhecimento pelos pares como tão importante, ou até mais significativo, que aquele que as instituições o poderão fazer.
O Fair Play esteve em Cernache em tempos de COVID! É obra, não?