FPJ |No Grand Slam do reconhecimento, Carvalho conquistou ouro vermelho
JUDO MAGAZINE | 20 de dezembro 2020 | Almoço de Reconhecimento da Federação Portuguesa de Judo – 19 dezembro 2020
Uma jornada marcada pela emoção e pela contenção foi participada por uma centena de judocas e por várias instituições que, em Coimbra, comemorarem os 61 anos da Federação Portuguesa de Judo num almoço denominado de Reconhecimento em substituição da habitual Gala da modalidade.
A paragem obrigatória na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra para testes de deteção do vírus antes do ingresso na bolha do D. Luís, o hotel conimbricense que tem servido de base logística às operações da FPJ em matéria de estágios e de competições em tempos de COVID-19, forneceu uma base de segurança à realização que todos os participantes valorizaram.
Fausto e Mefistófoles
Se houvesse um Mefistófoles do judo poderíamos interrogar-nos sobre a hipotética negociação entre o jovem Fausto de capa e batina e a figura demoníaca do polimata germânico Goethe sobre sua alma, para que aquele acedesse a todo o conhecimento que a modalidade comporta. Afinal, atingir o 9º Dan, no árduo percurso das graduações, não é nem comum, nem fácil.
Mas Fausto Carvalho não deixou margem para dúvidas na sua intervenção de agradecimento depois de receber das mãos de Jorge Fernandes, o Presidente da FPJ, o cinto vermelho com o seu nome gravado.
Entregou a sua alma, sim, mas foi à maior de todas as causas: à da liberdade. Protagonista na crise académica de 1969, preso político, exilado na Dinamarca, defensor da democracia e de um novo regime em Portugal no tempo da ditadura, o atual Presidente da Comissão Nacional de Graduações revelou que nunca na sua vida de ativista dispensou a prática da modalidade. Foi sempre a sua âncora, a sua poção mágica de equilíbrio e de organização pessoal.
E que mais poderiam desejar os comensais do Hotel D. Luís, nos 61 anos da FPJ, que uma combinação criativa entre Judo e Liberdade!
Fomos de fato privilegiados como espetadores de um momento marcante da história do judo e recuperámos esperança em tempos difíceis de pandemia.
A tragédia faustiana pode afinal ter um final feliz.
(em baixo abraço de Fausto Carvalho e Nuno Martins de Carvalho).
Abraço de gerações
Histórias em ritmo de telex
Carlos Andrade, Presidente da Assembleia Geral da FPJ, desejou as boas-vindas e desde logo afastou a adesão da FPJ ao Clube da Avestruz. Foi categórico. Perante a adversidade que emergiu com a situação pandémica a Federação agiu com responsabilidade e não ficou parada. Porque é preciso que os critérios da vida orientem as decisões. “Uma sociedade sem vida é uma sociedade doente.” afirmou ao mesmo tempo que enfatizou o valor do contacto humano e da relação social ativa.
Carlos Manuel Brito Castro, vereador da Câmara Municipal de Lisboa, quase que revelou as batalhas de bastidores que tiveram lugar no quadro das negociações do Europeu de Abril que se realiza em Lisboa e tendo havido referência a “golpes baixos” estaremos mais a pensar num seo-nage e menos num ashi-goruma ou uchi-mata. Mas o Presidente da Federação que participou nos embates com o responsável lisboeta certamente que um dia nos esclarecerá as técnicas utilizadas pelos negociadores do outro campo.
Carlos Cidade, vereador e vice-presidente da Câmara Municipal de Coimbra, desejou que o desporto retome a sua normalidade o mais rapidamente possível e felicitou a FPJ pela sua atividade.