ENTREVISTAS ARENA | Martin Poiger, Lisboa vai ser um grande campeonato

JUDO MAGAZINE | 3 de abril 2021 | Entrevistas ARENA – LISBOA|EJC-ABRIL2021 | com Martin Poiger

Martin Poiger é o atual Diretor Executivo da UEJ – União Europeia de Judo e é ele que define o ritmo de funcionamento da máquina multifunções que vai organizar os Campeonatos da Europa de Judo que se realizam em Lisboa já nos próximos dias 16,17 e 18 de abril.

Regressado recentemente da capital lusa, onde esteve a auditar as condições de realização da prova, Martin Poiger foi categórico ao afirmar que a parceria com a Federação Portuguesa de Judo funciona maravilhosamente bem e que a experiência da FPJ na organização deste tipo de eventos tranquiliza totalmente os dirigentes europeus do judo.

Foi um homem atarefado, também preocupado com a atual situação de pandemia, mas bem disposto e descontraído que encontrámos nesta conversa a distância que não deixou de ter em conta os mais recentes acontecimentos em provas de judo internacionais e as expetativas desportivas para os Europeus do Altice-Arena.

JUDO MAGAZINE | JMEstamos todos na expectativa e desejamos que os Campeonatos da Europa corram bem, sem problemas para quem neles participa. Qual é a sensação que existe a esse nível na União Europeia de Judo? 

MARTIN POIGER | MP – Estamos muito otimistas e certamente que tudo vai correr pelo melhor. Os portugueses estão de parabéns pelo facto de estarem a assumir com responsabilidade a situação de combate à pandemia. Estive recentemente em Lisboa para avaliar as condições do local da prova, o Altice-Arena e fiquei impressionado com uma evidência: toda a gente anda com máscara e nas ruas há uma grande disciplina.  

JMSabemos que a situação teve recentemente alguma evolução nos últimos tempos com as decisões que foram tomadas, por exemplo em Tiblisi, pela Federação francesa que retirou da prova as seleções masculina e feminina, que regressaram ambas a Paris. Será que estas perturbações poderão afetar o ambiente de segurança que a FIJ e a UEJ tanto promovem? 

MP – Nós estamos impressionados pelo elevando nível de preparação que a Federação Portuguesa de Judo e os seus parceiros estão a revelar nesta iniciativa. Trata-se de um grande acontecimento desportivo, ao mais alto nível e teremos transmissões televisivas e outras demonstrações de interesse mediático, por isso a segurança que sentimos é tão importante. A equipa do Presidente Jorge Fernandes revela uma grande capacidade de organização e nós temos aqui uma vantagem que reside no facto de pessoas experientes como a Catarina Rodrigues estarem nos dois lados. No da FPJ e no da UEJ. Mas em relação a Tiblissi, eu não estive lá e a seleção austríaco também não. Relataram-me a situação e francamente o que tenho a dizer é que as regras da FIJ são muito claras e rigorosas. O seu protocolo é muito exigente.

Por isso não me parece boa ideia serem organizadas atividades prévias aos Grand Slam como foi o caso, na Geórgia, com o Training Camp.

As Federações são livres de organizar atividades que são da sua autonomia e sabemos que os atletas precisam de treinar, mas o risco numa atividade desse tipo é mais elevado que numa competição. Nos treinos há muito contacto e muito trabalho rotativo. Nas competições os atletas realizam cinco ou seis combates com apenas uma pessoa de cada vez. É um risco mais controlado. 

JMMas não é só durante a prova que esse controlo rigoroso acontece? 

MP – Sim, é verdade. Veja-se que para participar numa prova são precisos vários testes negativos em relação à COVID-19. São pelo menos dois testes PCR antes de entrar na bolha e depois quem estiver a participar será de novo testado. Para além dos testes há uma exigência muito clara, a obrigatoriedade de ficar dentro da bolha de segurança. Ninguém vem fazer turismo ou está a pensar a ir à praia ou ir fazer compras nos Centros Comerciais. Por isso, se as regras forem cumpridas, nós podemos afirmar que a segurança é total. 

JMA ideia de uma prova segura é muito importante porque estamos a atravessar um momento de grande expetativa em relação à retoma do judo de forma mais generalizada

MP – É verdade que todos queremos retomar rapidamente. E por isso é tão importante que se perceba que os atletas que continuam a competir estão a fazê-lo em condições muito difíceis.

Participar numa prova não é ir a uma festa.

Temos que andar de máscara todo o dia, sempre e em qualquer lugar. É obrigatório manter as distâncias, não se consegue apanhar ar fresco e são dias de grande tensão para os atletas e para todos os que estão envolvidos nas provas. Veja-se por exemplo no atletismo, a Federação Europeia de Atletismo revelou recentemente um elevado número de casos com origem nas provas. Mas o protocolo de segurança deles é muito mais fraco e permissivo que o da FIJ. Eles têm apenas um teste PCR à entrada, por exemplo.  Nós estamos muito felizes por estarmos a realizar as provas, é verdade. Mas trata-se de uma situação com enormes dificuldades. 

JMComo é que se consegue essa adesão dos atletas tendo em conta as exigências que são colocadas para participar numa prova? 

MP – São atletas de alta competição. Encaram estas questões de forma profissional. O objetivo de participarem nos Jogos Olímpicos supera todas as adversidades. Ainda por cima muitas destas regras são naturais para um judoca. Coiocar uma máscara para proteger o outro é algo de intrínseco ao próprio judo, ou seja, na prática da modalidade a primeira preocupação é cuidar do parceiro com quem se está a praticar. Podemos afirmar que está no ADN do próprio judo. 

JMAs expetativas em relação aos Campeonatos  e ao seu nível competitivo, como é que elas se apresentam? 

MP – Tudo indica que vai ser uma prova ao mais alto nível. As Federações estão a planear enviar os melhores atletas. Os Campeonatos da Europa constituem um objetivo muito especial para os competidores. Como me dizia um dirigente do judo francês recentemente um título é sempre um título.  

Há provas com grande valor a nível internacional, Grand Prix, Grand Slam, mas os atletas mantêm uma grande valorização do título europeu e isso é muito positivo. Por isso tenho uma grande convição que será um grande campeonato em termos organizativos e no plano desportivo. Os portugueses têm bons candidatos às medalhas, vamos ver o que vai acontecer. Lisboa vai ser um grande campeonato. 

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