JUDO INCLUSIVO | Campeões da inclusão – Luciano Côrrea (1)

Para alguns, ser campeão não chega, é preciso que os outros também o sejam. Subir ao pódio, atingir objetivos, entrar no espaço do Olimpo, ter o reconhecimento e a valorização dos pares e do público podem afinal ser metas intermédias, mas nunca o patamar final.  

Com estatuto de campeão do mundo Luciano Côrrea, judoca brasileiro que tem no seu palmarés vários outros títulos internacionais, é uma das referências do judo inclusivo e do grupo de atletas que poderíamos denominar de “campeões com coração”. Para medalhados olímpicos como Flávio Canto, também campeão brasileiro que criou o Instituto Reação para dar continuidade a um projeto de judo direcionado para apoio a jovens nas favelas do Rio de janeiro, o sentido da glória está mais do lado do coletivo e menos na autosatisfação egocêntrica. 

Luciano esteve recentemente em contacto com os judocas portugueses tendo orientado um treino online que contou com a participação de judocas belgas e até com o olímpico marinhense Nuno Saraiva. Foi nessa ocasião que contactámos com o projeto “Desporto Sem Fronteiras-DSF” que Luciano Côrrea dinamiza agora a partir de Louvain, na Bélgica. São vários núcleos no Brasil que promovem esta abordagem inclusiva do desporto e do judo em particular. 

Tudo começou quando o campeão mundial de judo da categoria de peso de –100kg no Rio de Janeiro em 2007 teve oportunidade de trocar impressões com outros judocas comprometidos com causas sociais e foi seduzido pelas metodologias do DSF. Luciano não esqueceu a sua relação com as populações socialmente mais desfavorecidas e o seu início na prática da modalidade em Minas Gerais. 

Intervir em terrenos particularmente difíceis, em várias partes do mundo, algumas em situação de conflito armado é uma missão que a DSF assume com empenho e dedicação. Ver jovens mulheres do Afeganistão praticar karaté pode parecer uma utopia, mas o projeto Missão Afeganistão tornou a situação realidade. Aqui está uma referência concreta de incentivo à emancipação das mulheres. Desporto Sem Fronteiras (Sport Sans Frontières) apoia também milhares de crianças facilitando o acesso a programas de educação através do desporto. 

Esta Organização Não-Governamental acompanha por períodos de 3 a 5 anos populações locais em ações relacionadas com infraestruturas desportivas, com equipamento e material desportivo, a organização de atividades de formação de animadores e treinadores socioeducativos e a organização de torneios com uma forte dinâmica cidadã. 

Luciano Correa é uma das figuras públicas e desportivas internacionais que dá rosto a estas iniciativas no Brasil, sendo hoje principalmente um polarizador de várias equipas descentralizadas que dão o seu melhor para que o judo seja uma modalidade profundamente vinculada à inclusão social e aos valores da solidariedade. 

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