No judo é assim, treinamos com aqueles que serão os nossos adversários
MUNDIAIS DE VETERANOS – LISBOA 2021 | Entrevista – Flash a JOSÉ PINTO GOMES
Aurélio Miguel, o campeão olímpico brasileiro que conquistou o seu título em Seoul na competição de judo de meios-pesados, chegou à final e acabou por vencer esta última barreira sempre por decisão. Foram pequenas diferenças que somadas acabaram por proporcionar uma medalha de ouro ao judoca paulista.
Foi este exemplo que José Pinto Gomes adiantou para ilustrar o que para ele é uma evidência: para ser campeão e vencer é preciso dar tudo o que é possível dar naqueles momentos decisivos e cuidar de todos os pormenores na preparação e nos combates. Às vezes são apenas pequenas diferenças, mas elas são muito importantes.
José Pinto Gomes é um treinador e competidor experiente. Apesar dos seus 67 anos quando decide participar numa competição é para ganhar. Não lhe passa pela cabeça estar numa prova e não estar focado na vitória. Em Marraquexe, no Mundial anterior realizado em Marrocos, já tinha sido assim e sagrou-se campeão mundial Agora, em Lisboa, repetiu a dose.
Valorização dos outros medalhados
“Conquistámos 7 medalhas no primeiro dia e isso é muito positivo. Sabemos que as competições são sempre muito duras mas os portugueses estiveram à altura. Da minha parte quero agradecer todo o apoio que recebi nomeadamente da Federação que facilitou a preparação em Coimbra” adiantou o treinador algesino agora bi-campeão do mundo na categoria de ~66kg no seu escalão etário.
“Nestas situações os nossos primeiros agradecimentos devem dirigir-se aos nossos adversários”
“Foi porque eles vieram e decidiram participar que tivemos a oportunidade de conquistar uma posição no pódio. E no judo há esta singularidade de treinarmos com quem vamos competir. Nesse aspeto somos uma modalidade muito particular. Veja-se a tradicional concentração em Espanha, um mês antes dos Jogos Olímpicos na qual atletas de todo o mundo treinam e convivem na preparação da etapa seguinte. Com a pandemia os Jogos de Tóquio 2021 não foram antecedidos por esta iniciativa, mas é de fato de louvar este espírito entre judocas” concluiu o nosso interlocutor que preferiu enfatizar os aspetos coletivos da modalidade que apenas e só os mais individuais.
Fotos © IJF