Utilização do cartão, não foi em vão

ÉTICA NO DESPORTO | Cartão Branco | Cerimónia IPDJ

Não foi usado no jogo da vergonha que remete para a situação recentemente criada entre Liga de Futebol Profissional, o Belenenses SAD e o Benfica e que se traduziu num confronto desportivo em condições de desigualdade inaceitáveis, mas já o foi, pelas mesmas razões de base – inferioridade numérica de uma das equipas – num jogo que opôs no campeonato distrital de juniores C (sub-15) o GDCRS Vila Silgueiros ao GD Mangualde em outubro passado.

O segundo recebeu um cartão branco, cor que enaltece condutas eticamente corretas praticadas e gestos de fair play, ao prescindir da entrada em campo do seu 11º jogador já que o adversário só conseguiu apresentar 10 unidades para o arranque da partida.

No judo, vimos recentemente o espírito da intolerância e da violência invadir o ambiente pacífico da modalidade por via da agressão, fora dos tapetes, à atleta olímpica Margaux Pinot. Constatamos ainda, através de diversos relatórios publicados sobre as pressões e a violência psicológica exercidas sobre jovens atletas, que estão na rota do Alto Rendimento, que o problema existe principalmente a montante dos tatamis. Em vários países, nos quais se inclui o Japão, treinadores há que impõem níveis de agressividade nos treinos que ultrapassam o limite do aceitável, para tornar judocas promissores campeões à força. As lesões sucedem-se e acontecem regularmente hospitalizações. Nenhuma modalidade está isenta destes riscos, o que coloca uma exigência ética de agir pela positiva em relação ao fair-play e ao combate à violência no desporto.

Mas claro o judo tem os seus cartões brancos simbólicos que devem ser enaltecidos como referência e exemplo a seguir. Como não recordar o momento alto do judo desportiva do ano corrente que ocorreu na finalização de um combate entre duas japonesas, da categoria mais pesada da modalidade, que depois da saudação, a vencedora, carregou às costas a sua adversária vencida para fora do tapete por aquela se ter lesionado numa das pernas e apresentar grandes dificuldades em movimentar-se. Uma imagem de marca de uma modalidade que divulga no seu quotidiano valores éticos e sociais, junto dos praticantes.

Eunice Mortágua, árbitra da Associação de Futebol de Aveiro

Prémios Cartão Branco

O IPDJ relatou a cerimónia realizada no Auditório do Centro de Juventude de Lisboa no dia 2 de dezembro da entrega dos Prémios do Cartão Branco relativos às épocas desportivas de 2019/2020 e 2020/2021 com os seguintes destaques;

“Na cerimónia que contou com ilustres presenças, foi homenageada Eunice Mortágua, árbitra da Associação de Futebol de Aveiro, pelo socorro imediato e inestimável que prestou a futebolistas jovens em situações de enorme gravidade.

Contou, igualmente, com a intervenção do Professor Steve Town, investigador da Universidade Bournemouth e Presidente do Comité Científico do Movimento Europeu pelo Fair Play, sobre a influência positiva do Cartão Branco na prática desportiva com “fair play”.

Na sessão foram apresentados os dados de exibições do cartão branco e assinados e/ou ratificados Memorandos de Adesão de entidades ao Cartão Branco.

Além dos premiados, a cerimónia contou com a presença do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, de diversos dirigentes federativos e associativos, ex-árbitros internacionais de futebol e embaixadores do Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED).

Os “Prémios do Cartão Branco” têm como objetivo reconhecer o contributo das entidades aderentes que mais se destacam, em cada ano, na sua promoção e cujo compromisso e esforços em muito têm contribuído para a afirmação do Cartão Branco no panorama nacional e internacional. Os “Prémios do Cartão Branco” são atribuídos em três categorias: “Prémio do Cartão Branco – Entidades”, “Prémio do Cartão Branco – Revelação” e o “Prémio do Cartão Branco – Árbitros”.

O Cartão Branco é um recurso pedagógico pioneiro em Portugal implementado, desde 2015, pelo IPDJ, no âmbito do PNED, em parceria com a Confederação de Associações de Juízes e Árbitros de Portugal. Tem o objetivo de promover valores na prática desportiva, através do reconhecimento de comportamentos eticamente relevantes junto dos atletas, treinadores, dirigentes e outros agentes desportivos”.

Fonte e fotos © IPDJ. Foto de destaque João Paulo Rebelo Secretário de Estado da Juventude e Desporto

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