Telma e Joana de IJF às costas
INTERNACIONAL | GS Antália 1-3 de abril 2022
Como noutras provas de idêntico perfil competitivo surgem progressões entusiásticas nos quadros de apuramento e de disputa de lugares cimeiros e aprecem as inevitáveis surpresas que mais do que provocar desalento suscitam solidariedade com os atletas prematuramente afastados.
As novas saias do judo
Estanho foi ver aparecer Joana Diogo no combate com um dorsal (número nas costas e identificação do país) da IJF – International Judo Federation e sem qualquer referência a Portugal. Da mesma forma, Telma Monteiro surgiu na prova nas mesmas condições.
As novas regras da IJF aprovadas para o Ciclo Olímpico sobre os judogis (quimonos) são de tal forma rígidas que os atletas que não apresentarem o seu equipamento dentro das dimensões pré-estabelecidas serão desqualificados. E as regras privilegiam novas dimensões do fato de judogi que já não lembrava ao diabo. Para alguns são autênticas saias. Sobre as regras existem exceções que permitem a utilização de um judogi suplente, de recurso, fornecido pela IJF. Por exemplo quando se rasga ou tem marcas de sangue. A fase de transição e de adaptação às novas regras está a decorrer desde o Grand Prix de Almada e o Grand Slam de Paris realizado no mês de Fevereiro passado. Assim ainda é possível, nas situações de não-cumprimento, obter um judogi alternativo que necessariamente terá um dorsal da IJF. Nesta circunstâncias, os atletas não podem ter os treinadores no banco a acompanhar a prova e a dar indicações. É como se o competidor estivesse, não a defender as cores do seu país, mas antes as da Federação Internacional.
Vitórias e derrotas prematuras
Já não é fácil admitir como verdadeiro o afastamento de Catarina Costa na segunda ronda das eliminatórias e no seu primeiro combate. Imaginam-se dificuldades para a atleta da Académica de Coimbra em fases mais avançadas da qualificação. Da mesma forma o percurso mais recente de Joana Diogo levava-nos a crer que Antália poderia corresponder a um salto em frente na afirmação da competidora, também de Coimbra, que domina a categoria de peso de -52kg. Joana não resistiu à dinâmica frenética da suiça Ndiaye que por várias ocasiões quase controlou a judoca portuguesa no solo. Joana teve que ser cirúrgica nos ataques à esquerda e tentou reposicionar a sua adversária recorrendo até a técnicas pouco habituais no seu judo como os sutemis. Quadro imaculado até ao Golden Score, o que revelava o empenho das duas atletas em alcançar a vitória e, numa situação confusa e desconfortável para quem defende, uma perna insistentemente entrelaçada, de forma pouco ortodoxa, levou tudo a perder com a marcação de um waza-ri para a helvética.
Rodrigo Lopes em -60 kg progrediu de forma segura no seu quadro de qualificação e finalmente na repescagem superiorizou-se ao também frenético italiano Pantano. Na luta pelo bronze não encontrou soluções para fazer face à pressão do espanhol Garrigos, que para além do mais procurou o solo como recurso para obter a vitória. Rodrigo Lopes sairia derrotado por desclassificação tendo que contentar-se com um 5º lugar que soube a pouco.
Já Telma Monteiro que realizou um percurso com eficácia mas também com alguma irregularidade, a vitória na repescagem sobre Lien de Taipé, que foi afastada por desclassificação devido à realização de uma chave proibida no braço de Telma, abria portas para uma vitória e a conquista do bronze não fosse Jessica Lima uma atleta brasileira com grande flexibilidade e capacidade de tornear os sutemis de Telma que quase tiveram eficácia por duas vezes. Num de-ashi-barai controverso, porque foi aplicado no momento exacto em que Telma atacava em sutemi, Lima pontuou e a equipa de arbitragem desfez as dúvidas com um Ippon sempre difícil de aceitar. Resta saber, se a judoca nacional, sentido a proximidade da queda ainda tentou dar a entender que estava, ela também a atacar. A experiência de Telma permite-nos este tipo de abordagem, aliás para a valorizar.
Dois quintos lugares na primeira jornada de Antália e um bom desempenho de Francisco Mendes, que enfrentou adversários difíceis, são os resultados dos portugueses neste primeiro dia.
Klimkait imperial
A canadiana Campeão do Mundo da categoria de peso -57kg revelou mais uma vez a sua superioridade mesmo perante adversárias como a francesa Cysique. A vitória alcançada na final, em alguns segundos, com um seoi-nege potente e arrancado à velocidade da luz confirma uma atleta de exceção.
Fotos © IJF