Sófia, diversidade e democracia desportiva

INTERNACIONAL | Campeonato da Europa Seniores, Sófia, 29 abril – 1 de maio 2022

Não estão em causa as medalhas. A prata, de Catarina Costa, constituiu uma autêntica proeza. Trata-se de um grande resultado para o judo nacional. Mas as performances da maioria dos selecionados ficou aquém dos mínimos. Patricia Sampaio, Joana Diogo e Francisco Mendes, apesar de tudo, salvaram a honra do convento.

A diversidade de países representados nos 14 pódios das três jornadas sinaliza uma abrangência muito significativa do judo praticado nos diversos países da Europa e um bom nivelamento competitivo que aliás fez vir ao de cima novos challengers ao mais alto nível europeu.

Comecemos com notas sobre soltas sobre o quadro europeu que pode desde já nos fornecer pistas para o Campeonato do Mundo que se avizinha e cuja realização está agendada para Tashkent.

MUNDIAL

O Campeonato do Mundo de Judo de 2022 – Seniores terá lugar em Tashkent, Uzbequistão, de 6 a 13 de outubro de 2022. O evento encerrará no último dia com a prova de equipas mistas.

RUSSOS E BIELORUSSOS

Por mais que não se queira mencionar o assunto a referência à sua ausência na prova é incontornável. Um Europeu sem atletas russos pode ser um europeu, mas não é bem a mesma coisa,

TRICOLOR

Apesar de tudo tricolor. A França conquista a primeira posição na classificação geral com oito medalhas às quais se junta um sétimo lugar.

A OESTE SÓ HÁ GARRIGOS

Todas as medalhas da competição masculina foram conquistadas por atletas de leste com exceção da categoria de peso mais leve, -60kg, que foi vencida pelo espanhol Garrigos.

OLÁ REVOL!

A França desapareceu das posições cimeiras do judo europeu em masculinos e não fosse Cedric Revol a conquistar o bronze em -60kg e o desastre teria sido total.

PAÍSES BAIXOS MAS PESADOS

Duas medalhas de ouro nas categorias de peso mais elevadas -100kg e +100kg, Korrel e Spijkers fizeram dupla em vitórias inesperadas ou pouco previsíveis.

MESDAMES LES JUDOKAS!

Seis presenças nos pódios dos sete correspondentes às categorias de peso, com 3 medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze, faltou uma gaulesa nos -63kg para um pleno gaulês nos pódios da prova feminina.

O REGRESSO DE SUA MAJESTADE

Duas medalhas de ouro britânicas na prova feminina dão nota de uma dinâmica vencedora do outro lado do canal da mancha, Giles e Howell foram as protagonistas em -52kg e -63kg respetivamente.

LEVY FOI EXPLOSÃO

Todas as conquistas de medalha de ouro têm celebrações inesquecíveis por parte dos seus protagonistas. Mas a israelita Timna Nelson-Levy teve energia suficiente, depois de vencer Cysique na final, de brindar o público com uma explosão contagiante de emoções.

22 COM MEDALHAS

A Grécia é a última da lista dos países medalhados em Sófia com o bronze de Tselidis em -90kg. Vinte um outros também conquistaram medalhas o que revela uma verdadeira diversidade na capacidade competitiva dos diversos países no judo europeu.

PAÍSES BAIXOS NA RIBALTA

Ao posicionar-se no segundo lugar na classificação geral e ao apresentarem um lote de atletas, na prova masculina e feminina, nos pesos mais elevados com significativo poder competitivo os Países Baixos passaram a ter uma posição muito relevante no judo europeu.

PORTUGAL

O onze nacional, em média, acabou por ocupar lugar cimeiros e demonstrar qualidade no judo praticado. A prata de Catarina Costa e o 5º lugar de Patrícia Sampaio são de destacar e valorizar. Joana Diogo e Francisco Mendes fizeram um bom percurso, sendo eliminados por atletas fortes, no caso de Joana Diogo pela Campeã da Europa em título, Armandine Buchard.

Fotos com Patrícia Sampaio -78kg

As situações de afastamento no desfecho do primeiro combate, Rodrigo Lopes, João Crisóstomo, João Fernando, Anri Egutidze, Jorge Fonseca, Telma Monteiro e Bárbara Timo são muito diferentes umas das outras, mas não deixa de ser uma enorme frustração para todas e todos aqueles e aquelas que acompanham os atletas e as atletas lusas com elevada notoriedade com paixão e apoio quase incondicional.

Fotos com Jorge Fonseca -100kg

Democracia desportiva

Seria no entanto um bom exercício de “democracia desportiva” e de comunicação cidadã que os treinadores nacionais e a equipa técnica da Federação Portuguesa de Judo realizassem um balanço escrito que viessem a publicar para partilha e reflexão coletiva dos dinamizadores e apoiantes da modalidade.

Afinal que lições podem ser tiradas de uma participação tão intensa, tão atribulada e tão paradoxal em termos de resultados finais?

Patrícia Sampaio, Ana Hormigo, Jorge Fonseca e Pedro Soares

Que recomendações podem ser adiantadas para treinadores que no país inteiro preparam atletas para competições e que gostariam de ver as suas reflexões sobra as situações críticas dos combates alimentadas pela visão dos melhores treinadores do país que são aqueles que acompanham as seleções?

Um exercício de amadurecimento, favorável para o conjunto da modalidade, poderia ainda ser motivo para reforçar a solidariedade de todos os judocas para com a sua seleção. Sim, porque o Mundial está à espreita, é já em Outubro!

Fotos © IJF – UEJ para Media | Carlos Ferreira, Gabi Juan, Kostadin-Andono

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