Juniores refrescaram o Nacional de Katas em Torres Novas
NACIONAL | Torres Novas | 21 de maio 2022 | ENTREVISTA Pedro Gonçalves
O Campeonato Nacional de Katas inscreve-se numa categoria do judo competitivo, paradoxalmente, no lado oposto do “shiai” que é aquele que marca a modalidade no plano desportivo e que em grande medida constrói e reforça a sua notoriedade junto do grande público.
A execução técnica de katas, em situação de competição, com duplas de judocas a demonstrarem precisão, rigor, ritmo, controlo, um conjunto de valências inseridas numa construção harmoniosa, suave, eficaz, segura que exige dos dois protagonistas (uke e tori) uma elevada concentração e um profundo envolvimento num processo que é de “obra instantânea” e de “criação condicionada”, representa o lado enigmático e simultaneamente poderoso do judo como modalidade integrada e integradora.
Para além das questões de género
O lado guerreiro associado à lógica do combate, à disputa da supremacia, ao domínio sobre o outro, que pode ser encontrado no judo olímpico de competição (como aliás noutras modalidades do desporto de combate), independentemente das questões de género (veja-se a importância do judo feminino nos resultados desportivos de Portugal) situa-se na esfera cultural e até antropológica do masculino. Já a vertente de competição, baseada em processos de demonstração, com enfoque nas relações eficácia/eficiência e na criatividade condicionada, situar-se-á no campo do feminino.
A questão que se coloca é saber se uma modalidade como o judo, que é profundamente integradora dos saberes e dos comportamentos, pode manter o divórcio não-assumido entre “shiai” e “katas” sem estar a lesar involuntariamente a própria essência como “percurso de referência” para o poder de agir dos seus praticantes. Sim, o judo assume no plano prático muito mais uma dimensão de integração das variáveis de um referencial flexível, que da sistemática menção à “escola de vida” que comporta uma visão filosófica excessivamente moralista e normativa das atitudes e dos comportamentos sociais.
Os jovens judocas
A adesão de muitos jovens, a nível mundial mas também em Portugal, ao fenómeno “kata”, pode indicar um movimento de reaproximação que deve ser interpretado como muito positivo e que permite uma desmistificação da sua prática ser reservada ou para os sábios ou para os veteranos de idade particularmente avançada.
Pedro Gonçalves, das dificuldades ao enorme potencial
ENTREVISTA | Carlos Ribeiro
O local de realização do Nacional de katas foi objeto de valorização de Pedro Gonçalves que nos pormenorizou a avaliação positiva afirmando que “Trata-se de um espaço amplo, com três áreas de competição. Constitui um ótimo local para a realização de estágios que a associação distrital de Santarém pode muito bem aproveitar para apoiar o desenvolvimento da modalidade. Foi a segunda vez que o visitei já que estive presente na sua inauguração e o aproveitamento desta antiga escola que fechou é excelente para o judo porque as instalações estão permanentemente disponíveis e ao serviço da modalidade”.
Para Pedro Gonçalves, figura incontornável da vertente katas do judo nacional e europeu, o Nacional correu bem “teve uma boa participação e sobretudo foi aberto aos juniores o que valorizou muito a prova. Gostaríamos de ter mais participantes e mais clubes inscritos mas também sabemos que, por vezes, há interesse mas não é possível conciliar todas avariáveis para a participação” adiantou-nos o treinador de Coimbra.
Um esforço suplementar que vale a pena
“Verifico que há cada vez mais jovens com interesse. Vejo no meu próprio clube, mas a dificuldade em conciliar a vida profissional, familiar e desportiva é grande. Veja-se que para treinar katas precisamos de espaço amplo e de um parceiro disponível na mesma ocasião. Normalmente estas condições existem fora do horário normal dos treinos. É necessário realizar um esforço suplementar e o cumprimento desta exigência nem sempre é possível”. sistematizou Pedro Gonçalves na valorização de uma área que na sua opinião enriquece muito o judo.
“Ainda não demos o salto que é necessário dar mas constato que há cada vez mais treinadores interessados” adiantou Pedro Gonçalves que quis ainda destacar o bom ambiente e fazer uma referência oa próximo Mundial que terá lugar na Polónia, perto de Cracóvia. As reservas sobre a sua realização naquele contexto territorial, muito influenciado pela conflito da Rússia com a Ucrânia, são legítimas mas ainda não existem pistas ou indicadores em contrário ao que está agendado pela FIJ- Federação Internacional de Judo.
Imagens e resultados suplementares
Resultado – FPJ
Nage No Kata – Senior
Nuno Ferreira/Diogo Ferreira (CJT)
Susana Silva/Tiago Silva (AMCFZ)
José Farias/João Batista (AJCB)
Nage No Kata – Junior
Mariana Domingues/João Batista (AJCB)
Katame No Kata – Senior
José Farias/João Batista (AJCB)
Lucas Maia (JCC)/Márcio Carinhas (MonC)
José Santos/Tiago Silva (AMCFZ)
Katame No Kata – Junior
Mariana Domingues/Diogo Gonçalves (AJCB)
Teresa Trindade/Beatriz Duarte (JCPr)
Ju No Kata – Senior
Andrea Senin/Rosa Serantes (Juvalença)
Nelson Trindade/Andreia Sousa (JCPr)
Ju No Kata – Junior
Isabel Damas/Maria Damas (ULHT)
Ana Teixeira/Beatriz Lucas (EJC)
Diogo Gonçalves/Mariana Domingues (AJCB)
Kime No Kata – Senior
Sérgio Carvalho (ACF)/Nuno Rosa (AJCB)
Veríssimo Segurado/José Vitor Costa (JCBeja)
Goshin Jutsu – Senior
Pedro Gonçalves/Paulo Moreira (EJC)
Veríssimo Segurado/José Vitor Costa (JCBeja)
Goshin Jutsu – Junior
Diogo Gonçalves/João Batista (AJCB)
Fotos pódio © FPJ | Outras Pedro Gonçalves e Nelson Trindade