João Santos, Campeão da Europa, chorou lágrimas de alegria e dor
INTERNACIONAL | Campeonato da Europa de Veteranos | 2-5 de junho 2022 | Heraclião | Creta | Grécia | ENTREVISTA
As provas internacionais de veteranos realizam-se na confluência de três fatores determinantes que criam um quadro desportivo, social e cultural que fazem destas iniciativas um ponto central da organização da época dos judocas com idades mais avançadas.
O primeiro fator reside na vertente mais desportiva que permanece apesar de tudo como nuclear porque os competidores que nelas participam não prescindem de “levar a sério” todo o processo de preparação e de competição propriamente dito. O segundo fator radica na relação amigável que se encontra estabelecida entre os judocas mais “veteranos”. Uma ligação de base afetiva que permanece ao longo dos anos. Alguns “velhos judocas” encontra-se apenas uma vez por ano nestas iniciativas europeias e mundiais. O terceiro fator tem por base algo de absolutamente incontornável: a localização da prova. O local onde a competição e a festa irão ocorrer. Este ano, 2022, a Grécia, a ilha de Creta são locais de sonho para uns dias de desporto, amizade e lazer.
João Mendonça Santos, Campeão da Europa
Campeão da Europa da categoria de peso inferior em 2019, 2020 e 2021, João Mendonça Santos, repetiu a conquista do título, desta feita em -90kg. O treinador do Sport Clube do Porto venceu categoricamente o seu adversário na final e realizou, a partir da Grécia, um curto balanço para a JUDO MAGAZINE. Além da vertente desportiva a organização do campeonato mereceu comentários do atleta/arquiteto, que referiu “foi uma prova menos concorrida em relação ao normal devido à guerra e ao covid. Mas principalmente aos custos astronómicos e “bolhas” imaginárias onde o objectivo parece ser muito mais o lucro que os objetivos desportivos das mesmas “. Esta matéria que tem suscitado alguma controvérsia desde que as normas na área do desporto foram flexibilizadas, no caso dos atletas veteranos representa encargos muito significativos já que muitos deles não querem sobrecarregar os clubes com custos adicionais e suportam (com apoios e patrocínios em alguns casos) as despesas de participação.
Numa avaliação da prova no tapete propriamente dito João Mendonças Santos adiantou que “Em termos de atletas só estavam mesmo a “elite” aqueles que normalmente disputam os pódios porque esses são os realmente aficionados”.
Quanto à final, o vencedor da prova foi categórico “sei que não ganhei com técnicas bonitas ou de grande impacto, mas fui com uma boa táctica e estratégia com vista ao meu objectivo. Mais, aquilo que ninguém viu foi que no aquecimento, antes da prova, a fazer projeções com o meu parceiro António Boloto lesionei o ligamento interno lateral”.
Lágrimas de dor e alegria
E o relato de uma situação dramática ocorrida nos bastidores continuou “As lágrimas saíram tive de imobilizar o joelho. Sempre que subia ao tapete a adrenalina tirava as dores, mas no fim de cada combate nos corredores as lágrimas e as dores misturavam se num ritmo de dor e alegria conforme ia ganhando”.
E num remate final surpreendente João Mendonça Santos declarou “Por isso soube muito melhor. Agora dói tudo e quase nem mexo, para semana avalia-se os estragos”.
Fácil é deduzir que só um espírito de judoca completo pode ter orientado a atuação e a gestão da situação particularmente difícil e compreende-se que não se é Campeão da Europa por acaso.
Foto © Gabi Juan UEJ