A ética no desporto e o treinador

ÉTICA NO DESPORTO | Bandeira da Ética no Judo | Temas de desenvolvimento

Para que a ética no desporto não seja apenas uma formulação oca, sem sentido profundo e que possa apresentar um real potencial transformador, a sua implementação depende de protagonistas fundamentais como o treinador. José Matias Alves é principalmente um concetor e divulgador de orientações estrategicamente relevantes para processos pedagógicos eficazes.

Com a sua concordância disseminamos a sua abordagem sintética à função do treinador assumindo o seu texto como um bom ponto de partida para os temas complementares de desenvolvimento que irão alternar com os casos dos clubes portadores da bandeira da ética, no nosso Dossiê, que é agora retomado durante o mês de Julho

por José Matias Alves

Escrevemos hoje sobre metáfora do treinador.

O bom treinador é o que define objectivos simultaneamente faseáveis, exigentes e realizáveis e que sejam compartilhados pela equipa. O bom treinador apoia e encoraja os que têm mais dificuldades em alcançar as metas definidas, e manifesta compreensão face ao erro e insucesso.

Para a próxima, fará, certamente, melhor.

Mais equipa, menos indivíduo

O bom treinador enfatiza o êxito da equipa mais do que o êxito individual porque sabe que os resultados de qualquer empreendimento têm mais a ver com o esforço conjugado e articulado, com a inteligência colectiva do que com a inteligência individual. Por outro lado, celebra a vitória (as pequenas vitórias) porque sabe que a auto-confiança e auto-estima são dinâmicas essenciais do sucesso. Contudo não esquece que esta prática só é eficaz se for coerente e consistente com as práticas do dia-a-dia, e não artificial e folclórica.

A escuta

O bom treinador sabe que a escuta é fundamental. Sabe que o lado humano e pessoal está sempre presente e que a empatia e a compaixão são atributos fundamentais da relação e do êxito. Por isso, tem sempre tempo para estar com o outro.

Avaliação a quente

O bom treinador consegue avaliar rapidamente os pontos fortes e os pontos fracos dos membros da equipa para gerar dinâmicas de interacção, entreajuda, heteroformação, desenvolvimento global das competências.

Impulsionar

O bom treinador inspira, desafia, eleva expectativas, partilha preocupações e visões, fornece feedback sobre os processos e desempenhos e sugere novos caminhos ou trilhos.

Transferência

Quem diz treinador podia dizer ministro, gestor, líder escolar ou pedagógico. Pois há atributos claramente transferíveis de uma função para outra.

Treinadores competentes

E se nos interrogarmos sobre os motivos do nosso atraso, poderemos concluir que ele se deve em grande medida à falta de treinadores competentes. Ou à proliferação infindável dos treinadores de bancada que não sabem o que dizem.

Fonte original |Correio da Educação, 234, 2005

José Matias Alves

SOBRE O AUTOR | Editor

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