Mendes e os outros
publicado 29 de agosto 2022, REPORTAGEM JM (3)
TAÇA DA EUROPA DE SENIORES | Coimbra 2022
Francisco Mendes, com a sua vitória e correspondente medalha de ouro nos m60 masculinos, marcou a primeira jornada da Taça da Europa de Seniores – também Taça Kiyoshi Kobayashi – realizada em Cernache, no passado fim-de-semana.
O jovem atleta da Associação Académica de Coimbra que conquistou recentemente o título europeu universitário em Lodz na Polónia confirmou o seu nível competitivo a nível internacional e surge agora como um atleta referência na categoria mas leve das 7 existentes no judo masculino de competição.
Mendes ultrapassou dois adversários antes da final, um atleta chinês e outro ucraniano, tendo vencido no derradeiro combate, categoricamente, o seu opositor Liu, também chinês, por ippon aos 56 s de combate.
Catarina, a preparar o Mundial
Uma semana de treinos particularmente intensa antecedeu esta prova europeia que surgiu no calendário da preparação olímpica como importante, mas sem relevância ao ponto de interromper o plano cujo foco é o Campeonato do Mundo de Taschkent, já no início de outubro.
Como sempre Catarina está disponível para partilhar as suas avaliações e até as suas emoções sobre estas etapas de percurso, mas no sábado passado o seu empenho estava em valorizar o feito do seu jovem companheiro de equipa, Francisco Mendes e de o destacar como referência vencedora da jornada.
Armada lusa pelo bronze
Com um único apuramento luso para a meia-final por parte de Kainan Pires, que acabou por ser afastado por Xue, futuro vencedor da prova, a disputa das duas medalhas de bronze passou a ser assunto, na reta final da repescagem, dos atletas portugueses ainda em prova na categoria de m66, com o atleta estono Pertelson a intrometer-se, mas também a ser afastado do pódio.
Bruno Bento, Bernardo Tralhão Fernandes, Rodrigo Lopes, David Silva, Miguel Gago, Kainan Pires, todos lutaram pela oportunidade do bronze, mas foram Pires e Gago que ditaram a lei. O primeiro vindo da meia-final que perdeu em favor de Xue e o segundo que realizou um percurso de vencedor ao afastar um atleta do Kazaquistão, um outro da Venezuela, de seguida David Silva que ultrapassara um atleta argentino e finalmente o estono Pertelson. Esta última vitória proporcionou-lhe o tão desejado bronze.
Foi pena!
O espanhol Pena Insausti Javier foi o mais forte em m73. Venceu Thelmo Gomes de forma contundente na final, ultrapassou Ghou na meia-final com segurança e antes tinha vencido João Crisóstomo para terminar em primeiro no quadro de apuramento.
Os atletas portugueses na categoria de peso de m73 proporcionaram alguns dos melhores combates da jornada, recordemos a confrontação entre Danelia e Gomes na meia-final, entre Crisóstomo e Danelia na disputa do bronze e até, no final de quadro, entre Kvantidze e Gomes que este levou de vencida para ir disputar a meia-final.
Perder e ganhar com suavidade
Do lado feminino a prova de Coimbra da jornada de sábado foi marcada pela boa preparação das atletas chinesas e por alguns desempenhos aquém do desejado das atletas lusas que estão a regressar de um período de férias e a retomar o ritmo competitivo.
Para além de Catarina Costa, Bárbara Timo, Joana Diogo, Raquel Brito, Ana Agulhas, Joana Morgado, Teresa Trindade e Laura Costa participaram na prova com objetivos bem diferentes sendo de registar as duas medalhas conquistadas por Timo (prata) e Diogo (Bronze) e o bom nível competitivo de Raquel Brito e de Ana Agulhas cuja finalidade já não é só ganhar experiência em provas de maior exigência e de nível internacional.
Joana Morgado lesionou-se, mas sem gravidade aparente e Teresa Trindade, assim como Laura Costa, continuam à procura de uma afirmação nos tapetes que todos sentem que não vai tardar. Por sua vez Raquel Brito está a viver o seu ciclo de transição, com a sua garra habitual, enriquecendo progressivamente o seu judo de ataque em pé, já que no solo é uma atleta com inúmeras soluções que ainda são trabalhadas de raiz no chão e pouco na ligação pé-solo que carece, tudo o indica, de ligações mais consistentes.
Bárbara e Joana em progressão
Bárbara Timo revela ainda alguma fragilidade física e psicológica, tem alguns problemas com o seu makikomi, geralmente realizado no tempo certo mas sem o indispensável controlo físico da adversária, mas sente-se um grande intensidade na disputa das pegas e uma maior capacidade de liderança no ritmo do combate. O regresso da Bárbara de Paris é ponto assente, já não deve faltar muito.
Joana Diogo impressiona pela segurança e pela suavidade, perdeu na meia-final com Liu mas recuperou bem na disputa do bronze com a atleta espanhola Lanza Chacoris.
Fotos ©JM