A queda de Tashkent
publicado 11 de outubro 2022 | JM
Jorge Fonseca abre um novo ciclo com olhos postos em Paris
Nos dois combates que venceu o bi-campeão mundial em título mostrou que estava bem preparado e com a segurança necessária para fazer o périplo até à fase final da prova. Afinal esta intuição exterior ao tapete acabou por não se confirmar e no seu terceiro combate Fonseca foi ultrapassado pelo seu adversário azeri Kotsoiev e consequentemente relegado para a repescagem.
O combate inicial contra Gonzalez, um atleta cubo-romeno muito experiente, revelou-nos um Jorge Fonseca a adaptar-se melhor aos combates mais prolongados no tempo, nos quais aliás prevalece principalmente um sentido tático de condução da contenda e menos a capacidade de atacar o adversário de forma explosiva. Fonseca venceu bem, já no Golden Score, e seguiu em frente.
Dosen não resistiu
O segundo combate contra Dosen teve um desfecho mais “à Jorge Fonseca” com um morote aplicado de forma particularmente oportuna, em cima de um ataque inseguro do atleta sérvio. Note-se que Dorsen vinha de ultrapassar o japonês IIda na segunda ronda que por sua vez tinha ultrapassado um dos favoritos, o neerlandês Catharina, na ronda inicial.


Os dois combates que Jorge Fonseca perdeu a seguir não se encaixam na aparente segurança e auto-domínio que o atleta do Sporting Clube de Portugal revelou na fase de arranque da prova. Kotsoiev (AZE) e Sulamanidze (GEO) venceram em circunstâncias pouco habituais para quem tem acompanhado o percurso de Fonseca e o caminho das medalhas foi favorável ao primeiro que derrotou Nikiforov (BEL) e conquistou a medalha de bronze.
Quando se é bi-campeão mundial surge como natural a hipótese de uma terceira proeza neste registo de exceção. Mas teremos que admitir que o mais previsível é que tal não aconteça. É a ordem natural das coisas. Este vaticínio tem o mérito de nos retirar do campo da insatisfação e reduz a dissonância cognitiva em matéria dos “amanhãs que cantam”.
Ficamos mais realistas e também com mais esperança sobre o futuro desportivo de um atleta excecional que se chama Jorge Fonseca, cujos objetivos estão agora, mais do que nunca, centrados no acesso aos Jogos Olímpicos de Paris em 2024.


Fotos IJF © Sabau Gabriela