-78 kg | Brincar e andar de pés descalços na rua, de outra maneira
Patrícia Fernandes Sampaio. 23 anos, feitos a 30 de junho
por Patrícia Sampaio (*)
De signo caranguejo, seja la o que isso signifique para quem acredita nessas coisas.
Atleta de judo a full time e estudante da licenciatura de Ciências da comunicação na nova FCSH sempre que o tempo permite e o cansaço não vence.
O judo chegou à minha família bem antes de mim. O meu irmão mais velho (atual treinador, desde 2013) escolheu este desporto aos 5 anos, depois de lhe darem vários a experimentar.
O meu desporto de eleição era brincar na rua e andar descalça e com os pés sujos.
Aos 7 anos tentei fazer a vontade ao Igor e ao meu pai e la fui eu para o judo. Não, não era para mim, pensei. Uma semana foi o suficiente para perceber isso. Não me considero uma pessoa particularmente habilidosa ou apta para os desportos, por isso continuei nos meus passatempos de criança. Aos 9 dei(-lhes/me) uma segunda hipótese. 14 anos se passaram e aqui estamos…
Não foi uma história de amor à primeira vista. Tão pouco é um romance de filme. É um relacionamento com altos e baixos, que envolve choro, tristeza, blocos operatórios, desilusões… Mas é o amor da minha vida.
O judo tornou-me uma pessoa ambiciosa, insatisfeita e sempre à procura de melhor. Permitiu-me visitar incontáveis países de todos os continentes (ah, que saudades do meu querido Japão). Permite-me sentir o orgulho que a minha família tem em mim, que eu tenho em mim. Apresentou-me algumas das pessoas mais especiais da minha vida.
Pouco na minha vida teria sido possível sem o judo. Mas pouco no meu percurso no judo teria sido possível sem o sítio onde nasci.
Uma família unida, honesta e trabalhadora. Que sempre me ensinou bons valores e me deu todo o apoio necessário. Uma mãe e pai que ficavam até ao fim do treino (que acabava para la das 22h) para me levar de volta a casa, que me poupam de vários esforços para eu dar 100% naquilo que escolhi para mim.
Poderia dizer muito e mesmo assim não seria suficiente.
O judo é o desporto individual menos individual que conheço. E que bom que no meio do egoísmo necessário à excelência, há sempre lugar para o altruísmo, a compaixão e a entreajuda.