RESCALDO DO GRAND PRIX – Sentir a bancada vibrar, é uma sensação única
Atletas e treinadores da Judo Force e da 4Judo Project juntos no Grand Prix em Almada
A exemplo do que já acontecera em 2022, aquando da primeira edição do Grand Prix de Portugal, a 4Judo Project voltou a rumar a Almada para acompanhar in loco o último dia da competição deste ano.
No passado domingo, o dia ainda não raiara e a comitiva de Aveiro (um total de 27 atletas dos 10 aos 46 anos, acompanhados pelo treinador principal e coordenador do projeto Nuno Vieira) já combatia o frio que se fazia sentir no terminal rodoviário da cidade, com a certeza, porém, de que teriam pela frente um longo dia de cálidas emoções na mais importante prova de judo organizada no nosso país. E se o grupo já estava “em aquecimento”, ainda mais robustecido ficou com o reforço proveniente da Judo Force do Porto (5 elementos, incluindo o treinador Pedro Pinheiro), o que elevou para 32 o número de peregrinos do judo que animaram o autocarro com destino ao sul.
Um belo exemplo de cooperação
Um belo exemplo de cooperação, já por mais de uma vez reiterado, uma vez que os dois emblemas vêm proporcionando aos seus jovens atletas contextos conjuntos de aprendizagens e experiências, também nos estágios e mesmo em competições – recordemo-nos que a equipa juvenil feminina da 4Judo Project sagrou-se campeã nacional no ano transato integrando nas suas fileiras a atleta Mariana Pereira da Judo Force.
Chegados a Almada, já o pavilhão vibrava e decorriam os primeiros combates. Nos olhos dos mais novos o deslumbre era evidente: tantos atletas, tantas nacionalidades e as referências do nosso desporto a pontuarem, aqui e ali nas bancadas, e claro… nos tatamis! Alguns, já mais experientes nestas andanças de acompanhar competições, socorriam-se também dos telemóveis – consultar os currículos dos competidores, as estatísticas, os vídeos de combates anteriores – e tudo sem perder pitada da ação que decorria, nomeadamente sempre que atletas lusos entravam em cena.
Com a seleção do Japão
Com o passar das horas, mesmo os resquícios de alguma timidez inicial foram-se desvanecendo e vários jovens judocas do grupo regressaram com orgulhosas recordações de fotos tiradas com os seus ídolos e até com cadernos autografados. Evidencie-se, sobretudo, a generosidade de Masahito Hasegawa e de Sashiko Kobayashi, respetivamente assessor técnico e madrinha da 4Judo Project, que proporcionaram um inesquecível encontro entre a comitiva e a seleção do Japão presente no Grand Prix. Num ápice, as barreiras linguísticas foram quebradas e a linguagem universal do judo permitiu momentos de grande cumplicidade, com direito até a um breve uchikomi entre a cadete Núria Silva e o sensacional campeão de -60Kg, Yamato Fukuda.
Já no regresso, após um dia em que o magnífico ouro da Patrícia Sampaio e a excelente prata da Rochele Nunes foram pináculos de tantas e diversas emoções, eis que o cansaço também tomou conta dos peregrinos e o alvoroço transformou-se, progressivamente, em quietude. O autocarro avançou com a noite, na segurança das experientes mãos do Sr Rui, pai do atleta cadete Joel Silva. Por fim, com a certeza da missão cumprida, os treinadores descansaram. E os jovens atletas dormiram, com as belas memórias de momentos que fecundam sonhos.
Paulo Ricardo Moreira
Testemunhos de atletas da 4Judo Project
Afinal como se deve entrar no tapete? Tiago
“No dia 29 de janeiro tive a oportunidade de presenciar o terceiro dia do Grand Prix de Portugal 2023. Considero que foi, pelo menos para mim, um grande momento de aprendizagem, do qual retirei importantes lições não só a nível técnico, mas também no que diz respeito à atitude que deve ser adotada pelos atletas à entrada do tapete. Uma experiência que me marcou pela positiva e que alimentou ainda mais a minha esperança de ser bem-sucedido no meu percurso” – Tiago Serrano, júnior, 2º Kyu
Saber lidar com as dificuldades, Victor
“Foi uma experiência excecional poder ver de perto os atletas de alto rendimento e interagir com os mesmos. O ambiente muito agradável e muito bem estruturado. A melhor parte foi poder ver como esses atletas lidam com as suas dificuldades, mantendo sempre o seu plano para o combate a nível de pegas e de técnicas” – Victor Antunes, cadete, 2º Kyu
Foi uma experiência incrível, Ricardo
“Quero agradecer ao meu treinador Nuno Vieira por me ter convidado a ir ver o Grand Prix em Almada. No início eu não queria muito ir, mas quando a viagem começou mudei logo de ideias. Foi super interessante ver a competição, pois fiquei a compreender muito melhor as regras de arbitragem e algumas técnicas que vi. Gostei imenso também de ter tido a possibilidade de conhecer muitos judocas profissionais a nível mundial e de ter conversado com eles. Foi uma experiência incrível” – Ricardo Resende, júnior, 6º Kyu
Deviam ter colocado a música por mais tempo, Luana
“Adorei ter a possibilidade de ir ao Grand Prix. Se houvesse mais na região eu iria mesmo sendo cansativo por causa das horas de viagem. Adorei a parte de conhecermos os atletas. No ano passado também tivemos, mas este ano eles estavam sentados literalmente ao nosso lado. Na maior parte das vezes, nós nem os reconhecíamos, mostrando que eles são pessoas “normais” como nós. Gostei muito de ter conhecido os atletas japoneses, foram muito simpáticos e educados. A minha parte preferida foram os combates do bloco de finais, mas acho que deveriam ter colocado a música por mais tempo. No ano passado tocavam a música quase até ao fim e ainda me lembro que tocaram as músicas dos Queen “We are the Champions”, “Another one bites the dust” e “We will rock you”. Para a próxima oportunidade eu tentarei ir novamente pois foi uma experiência incrível onde eu pude aprender bastantes coisas. Houve até algumas vezes em que consegui apanhar erros e idealizar táticas para aqueles atletas utilizarem contra o adversário. Obrigado por me dar esta oportunidade, estou muito grata por isso” – Luana Figueiras, juvenil, 2º Kyu
Ter estado em equipa fez esta experiência ainda melhor, Iara
“Eu gostei muito da experiência de ter ido ver a prova. Foi totalmente diferente do que aconteceu no ano passado, pois não conhecia assim tanto acerca do judo como conheço agora. Além de ter tido a oportunidade de ter conhecido novos atletas para além dos judocas portugueses, pude desfrutar e retirar melhor informação dos combates que fui vendo. Ter estado em equipa fez essa experiência se tornar melhor ainda, espero poder ter essa oportunidade mais vezes” – Iara Henriques, cadete, 3º Kyu
Nunca baixar a cabeça, Rita
“Neste fim de semana vi muito atletas a lutar o que mais me chamou atenção foi que quase todos os atletas que vi, durante os 4 minutos de combate estando em desvantagem nunca baixavam a cabeça. Consegui perceber que mesmo que o nosso adversário esteja em vantagem nos nunca devemos desistir, ou seja lutar até ao nosso último segundo, pois num momento ele está a ganhar e no último segundo o resultado pode virar.” – Rita Sá, cadete, 1º Kyu
Sentir a bancada vibrar, é uma sensação única, Núria
“Ter a oportunidade de ver o Grand Prix, foi muito gratificante para mim como judoca. Ver várias características de Judo de cada país, e atleta, algumas novas, outras que eu própria me identifiquei, e outras que poderei tentar aplicar no meu judo. Ver atletas portugueses a lutar e sentir a bancada vibrar, é uma sensação única. Parece que somos nós a lutar em cima do tatami. Faz me acreditar que um dia seja eu a lá estar.” – Núria Silva, cadete, 1º Kyu