Grand Slam de Paris, o grande show

Editado 11:30 (cat. peso 52 kg)

Teddy Riner estará presente em Doha para disputar o seu 11º título mundial

Como em muitas outras circunstâncias, como é o caso da geopolítica, nem sempre o estatuto adquirido corresponde ao desempenho real. Brasília é capital do Brasil, mas S.Paulo é a grande metrópole e o Rio de Janeiro é a referência central e cultural do país, no plano global. No judo algo de similar ocorre quando falamos de Tóquio e de Paris. Usando uma linguagem religiosa, a capital nipónica ostenta a catedral enquanto que Paris detém a fé. Na cidade-luz tudo brilha de forma diferente e o Grand Slam não escapa à regra.

À beira das medalhas

Teddy Riner (FRA) venceu Hyoga Ota (JPN), Kranisqi torna-se progressivamente rainha na sua nova categoria de peso (-52 kg), Lasha Shavdatuashvili (-73 kg) declara através da sua performance “aqui quem manda sou eu” no judo feminino as atletas gaulesas continuam a dar cartas, o Japão regressa ao Sol Nascente com 3 pratas, mas sem ouro na bagagem, os italianos quase que não compareceram na capital francesa e os portugueses, e sobretudo as portuguesas, em termos proporcionais, obtiveram resultados de grande valor.

João Fernando não chegou agora aos grandes palcos do judo internacional. Mas aquela projeção de Mathias Casse (BEL) não lhe vai sair da memória tão cedo. Só por esse feito já teria valido a pena ir a Paris. Djalo (FRA) a seguir foi mais forte e Gauthier (CAN) foi um osso duro de roer e a medalha ficou mais longe. Mas que importa. Uma jornada com três vitórias e um grande reforço da auto-estima para o atleta do Sporting que pode, a curto prazo, passar o patamar que ambiciona nesta difícil categoria de peso do judo masculino.

Telma Monteiro disputa a medalha de bronze com Bilodid (UKR) © K.Tamata IJF

Telma Monteiro (-57 kg) e Patrícia Sampaio (-78 kg) ficaram à beira das medalhas, com dois quintos lugares e as opositoras diretas, as francesas Gneto e Tcheumeo, conquistaram o ouro.

Por sua vez João Fernando, com o desempenho de grande qualidade revelado nos -81 kg, acumulou pontos preciosos no caminho de Paris 2024, a grande meta dos judocas portugueses que vai intensificar a sua presença nos palcos internacionais com este objetivo principal em perspetiva.

Mundial de Doha em maio

Entretanto o Comité de Seleção dos atletas franceses que indica aqueles que irão participar no Campeonato do Mundo, que se realiza entre 7 e 14 de maio no Catar, já anunciou a composição da equipa feminina (falta apenas um elemento) e avançou que Teddy Riner irá disputar o seu 11º título mundial.

O Comité de seleção, cuja vice-presidente é Frederique Jossinet, presta contas e informa da sua estratégia em relação aos diversos atletas que são colocados em avaliação para cada prova. Nas opções que estão a assumir para Doha é possível constatar que procuram um equilíbrio entre a meta de Paris 2024 e as etapas do percurso, estabelecendo linhas de coerência que é possível analisar e aprofundar.

Sem dúvida uma prática transparente que favorece a coesão do grupo de atletas e treinadores que realiza, por esta via, uma caminhada mais solidária e mais consistente.

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