REPORTAGEM – A crise no judo e as instituições que regulam o desporto em Portugal (4)

Secretário de Estado foi claro e categórico: se não houver bom-senso o futuro da modalidade está ameaçado

O Comité Olímpico de Portugal, pela voz de José Manuel Constantino, desenhou na audição que decorreu na Comissão da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto. realizada a 14 de março na Assembleia da República, um cenário não-catastrófico da situação do judo. Tudo indica que o essencial da preparação olímpica dos atletas está assegurado e não será por razões financeiras que os judocas de elite não terão as melhores condições para lutarem pelos seus objetivos.

José Manuel Constantino

“O dinheiro pedido pela FPJ foi aquele que foi lhe concedido. Sem tirar nem por. Mas se houver necessidade de reajustar verbas concretas, depois das evidências de despesas realizadas terem sido demonstradas, o diálogo serve exatamente para isso. Dialogando é possível chegar a uma conclusão e decisão positivas” clarificou o dirigente olímpico que tratou toda a situação com uma grande clarividência e sentido diplomático.

José Manuel Constantino foi uma brisa de estabilidade e de segurança no meio da matéria turbulenta que esteve em apreciação na audição na 12ª Comissão Parlamentar sobre o judo.

Vitor Pataco

Compreende-se que um dirigente de um Instituto Público se contenha e não responda taco-a-taco a Jorge Fernandes que na sequência desta audição perdeu qualquer credibilidade que ainda pudesse ter antes de chegar a S.Bento no carro da Federação.

Mas Vitor Pataco não deixou de revelar o que vem aí. Isto está apenas no início. Se a FPJ recusou de enviar as contas de 2022 para os auditores quando lhe foram pedidas, depreende-se que as marteladas foram mais que muitas. O Presidente do IPDJ já adiantou que “O presidente da Federação de judo faz o papel de intermediação no pagamento a árbitros e juízes em competições. Por um lado paga em dinheiro do seu bolso, da sua conta, e pede depois o ressarcimento à FPJ, mas, por outro lado e também tão grave, a Federação transfere dinheiro para a conta dele e ele paga em dinheiro a juízes e árbitros. É inaceitável do ponto de vista da gestão”. Nesta fase de apuramento dos elementos não são desvios de fundos, mas trata-se de uma prática inaceitável em termos de gestão.

Secretário de Estado da Juventude e Desporto

O governante foi claro na responsabilização de Jorge Fernandes pela situação criada. Adiantou ainda que o problema também está na conivência dos restantes membros da direção e dos restantes Órgãos Sociais e dos próprios delegados à Assembleia Geral que conseguiram destituir um Presidente e reconduzi-lo na sua responsabilidade no minuto seguinte.

João Paulo Correia foi muito prudente e utilizou os termos convenientes para as situações de Usurpação de Poder e Abuso de Confiança relativas a Jorge Fernandes e relembrou que a FPJ não tem um Gabinete Técnico e que o Ex-Presidente acumulava todas as funções, o que contraria as indicações de estrutura para as federações desportivas.

Nas palavras do Secretário de Estado o atraso na auditoria às contas, por responsabilidade da FPJ , impossibilitou a presença na audição em curso dos elementos concretos que os deputados teriam certamente considerados úteis.

O apelo ao bom-senso foi a base mais concreta que o SEJD utilizou para que se pense numa inversão da situação atual e nesse apelo o alvo-principal foram os dirigentes da modalidade e os delegados à Assembleia Geral que terão que repensar a sua posição face aos riscos que a modalidade corre.

REPORTAGEM , JM na Assembleia da República, março de 2023

SOBRE O AUTOR | Editor

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *