Enquanto Fernandes pede para que deixem o judo trabalhar, o judo pede a Fernandes para ir trabalhar e deixar o judo em paz

“O que tenho a dizer à Tutela é que deixem o judo trabalhar em paz. Temos um Mundial daqui a pouco mais de um mês…” adiantou ao Record Fernandes em resposta às perguntas sobre as afirmações das estruturas que tutelam o desporto em Portugal na audição parlamentar ocorrida em 14 e 15 de março na Assembleia da República. O ex-presidente que utiliza o plural (temos) de forma descarada ou eventualmente doentia, como se costuma dizer “não larga o osso”.

Ao mesmo jornal desportivo, o agora também gestor de frotas automóveis Jorge Fernandes, afirmou que “utilizei o carro da FPJ porque estava parado e precisava de andar para não se estragar”. Aqui está uma ação nobre de preservação do património federativo que será um argumento fortíssimo para eliminar a suspeita ou até a hipótese enunciada pelo Secretário de Estado da Juventude e Desporto, na recente audição parlamentar, sobre “abuso de poder ” e “abuso de confiança” por parte do ex-presidente da FPJ.

Fernandes está a seguir o caminho de Bruno de Carvalho no Sporting Clube de Portugal de quem se escreveu “Bruno Miguel Azevedo Gaspar de Carvalho (Lourenço Marques, Moçambique, 8 de fevereiro de 1972) é um gestor, comentador desportivo e DJ português, conhecido por ter sido presidente do Sporting Clube de Portugal entre março de 2013 e junho de 2018, quando foi destituído por uma votação realizada em Assembleia Geral”. Claro que as competências musicais de Fernandes não são até agora conhecidas para poder assumir desempenhos em mesas de disk jokey mas já sabemos que gestão de frota automóvel e orientação de treino para projeto olímpico estão na sua carteira de competências.

A responsabilidade dos dirigentes

João Paulo Correia adiantou na Assembleia da República que “o prestigio da modalidade pode implodir se os dirigentes do judo assim o quiserem”.

Basta um decisão clara dos dirigentes atuais da modalidade de deixarem de ser cúmplices da situação e confiarem nos clubes, nas associações, nos treinadores, nos atletas e nos seus familiares, ou seja na comunidade do judo, para que as coisas se invertam. O SEJD afirmou que “no minuto a seguir tudo muda e os assuntos resolvem-se de imediato”. E é nesta linha de tomada de palavra e de decisão que “aqueles que amam o judo e que respeitam os direitos dos atletas” como afirmou o deputado do PS por Castelo Branco na sua intervenção “devem agir para por cobro a esta situação que afeta inevitavelmente a preparação dos competidores de elite da modalidade”.

Pode haver situação mais humilhante para a modalidade que aquela que foi criada pela deputada Joana Mortágua do Bloco de Esquerda quando interpelou, de forma totalmente legítima e até clarividente, o ex-presidente da federação sobre entre outros, o uso de carros, a utilização de informação privilegiada e o envolvimento na programação desportiva da modalidade já depois de destituído.

Todos os limites foram ultrapassados e o MEDO que existe em surdina é muito similar aquele que antes do 25 de abril atravessava as ruas, as ruelas e becos das cidades que levou poetas como Sophia de Mello Breyner Andresen a escrever versos como:

  • Com fúria e raiva acuso o demagogo 
  • Que se promove à sombra da palavra 
  • E da palavra faz poder e jogo 
  • E transforma as palavras em moeda 
  • Como se faz com o trigo e com a terra (ANDRESEN, 2018 p. 675)

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