14/10/2024

Pré-mundial de Antalya relança Timo e consagra Casse

Bárbara Timo (-63 kg) conquista 5ª lugar e Matthias Casse (-81 kg) vence em toda a linha

Com apenas duas atletas japonesas presentes, o Grand Slam de Antalya não pode servir de barómetro definitivo, mas fornece pistas seguras sobre o que poderá acontecer no Mundial de Doha.

Nesta segunda jornada, particularmente relevante para as duas categorias de peso mais participadas e até mais disputadas nas competições de judo masculino, -73 kg e -81 kg, houve de tudo, como é habitual nestas provas de grande intensidade. Confirmações de dominadores nas categorias de peso e eliminações precoces de atletas com elevada notoriedade como é o caso de Muki (ISR) em masculinos e de Gahié (FRA) em femininos, atribuíram à prova um elevado ambiente competitivo que o bloco das finais confirmou plenamente.

Os turcos fizeram rodar 44 atletas e os franceses, brasileiros e alemães apresentaram comitivas com 20 ou mais competidores com mistos de judocas experimentes e de neófitos gerindo certamente os picos de forma dos membros das respetivas seleções, sendo certo que aqui também se jogam pontos com incidência na classificação para os Jogos Olímpicos de Paris 2024.

Casse, De Wit e Deketer

Os atletas portugueses passaram da bonança para a tempestade enquanto que o diabo esfregava um olho.

Anri Egutidze venceu bem o seu primeiro adversário o grego Kouros e João Fernando ultrapassou o difícil Rizoev do Tajiquistão que recentemente terminou em 7º lugar em Tbilisi. Bárbara Timo passou diretamente à segunda eliminatória. Isto foi a bonança.

E depois vieram os tornados e os tsunamis. Anri apanhou pela frente um Casse endiabrado. João Fernando foi assaltado por um De Witt sem travões e Bárbara Timo apanhou Deketer em grande forma e com vontade de se afirmar na seleção gaulesa.

Anri não teve qualquer hipótese de atacar porque Casse sempre que as pegas se concretizavam, no mínimo que fosse, atacava rápido e forte através de uma panóplia de soluções que acrescentavam o fator surpresa ao seu domínio avassalador. A dinâmica agravava-se com o facto de Casse trabalhar no chão sempre com uma grande intencionalidade, forçando o seu opositor a atitudes exclusivamente defensivas. Anri acabou por ser penalizado com um terceiro castigo por incapacidade de contrariar o fluxo atacante de Casse e, todas as situações que foi preparando para atacar em boas condições, acabavam por não ter outro desfecho que defender-se das sucessivas incursões ofensivas do belga vice-campeão mundial.

De Wit é um caso digno de estudo. A sua dinâmica competitiva baseia-se no judo mas a sua lógica de ataque decisivo estrutura-se na luta olímpica. Na movimentação e na condução tática procura vantagem para aplicar técnicas que requerem um grande contacto em forma de “abraço asfixiador” e se o seu adversário adopta uma reação rígida e baseada na força, o desfecho a favor do neerlandês torna-se inevitável. João Fernando, com a sua enorme flexibilidade, resistiu a todas as ações ofensivas de De Witt no tempo regulamentar, mas não conseguiu, apesar da qualidade do seu desempenho, inverter o sentido ofensivo do adversário e acabou por perder e terminar a prova naquela etapa.

Bárbara em crescimento acelerado

Bárbara Timo já tinha confessado que os resultados menos bons que obteve nos últimos tempos estavam apesar de tudo em fase de transição. E confirmou-se. Em Antalya o percurso de Timo foi muito exigente. Ter chegado à disputa da medalha de bronze surgiu como uma vitória da sua combatividade e persistência. No combate para o terceiro lugar contra a experiente australiana Katharina Haecker, houve momentos do seu domínio que deram indicações que a vitória seria possível. As atletas chegaram ao Golden Score com uma diferença nas penalizações favorável à judoca da seleção nacional. É verdade que as tentativas de seio-otoshi à esquerda surgiam cada vez com menos eficácia, capturando apenas o braço esquerdo da adversária mas com um contacto muito reduzido. Haecker que resistia com alguma passividade acabou por tirar da cartola um makikomi que lhe deu o wazari e a vitória.

Bárbara Timo regressa de Antalya com um enorme reforço de auto-estima e de confiança. Já falta pouco para o Mundial de Doha e, tudo o indica, vamos ter Timo na equação das medalhas.

Fotos IJF @ Sabau Gabriela

SOBRE O AUTOR | Editor

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *