ENTREVISTA – Vou votar José Mário Cachada para a presidência da FPJ
Eleições para a presidência da FPJ para substituir o Presidente destituído
Bruno França, Ponta Delgada – Açores
Publicámos a opinião e a justificação de voto de José Oliveira, delegado que decidiu apoiar Sérgio Pina no próximo ato eleitoral, divulgamos hoje a posição de Bruno França, dos Açores, delegado pelos árbitros. Um posicionamento de claro apoio a José Mário Cachada e ao mesmo tempo uma declaração no sentido da necessidade de uma maior flexibilidade e de consensos na gestão da modalidade.
1 – Sem insistir excessivamente em temas do passado recente, o que é que colocaria em cada prato da balança (positivo e negativo) numa avaliação sumária da gestão do judo pela Direção da FPJ desde o início do atual mandato?
Não obstante tudo o que tem vindo a decorrer no passado recente, tenho também a congratular o que foi feito na dinamização do Judo Nacional durante o período pandémico, em especial no que concerne ao alto rendimento. Saliento também que o modelo “Deteção de Talentos” tinha tudo para ser uma mais valia para o controlo e evolução do treino nas camadas de formação, com a convocatória por parte dos responsáveis da FPJ dos atletas classificados nos Campeonatos Nacionais de Juvenis e os Cadetes no primeiro ano no escalão. Esse modelo dava às associações a premissa de convocar um número estipulado de judocas para participarem nestes eventos, e no meu entender perdemos todos quando mudou a estratégia e deixou de haver a tal convocatória.
O que posso dizer do passado recente?.. Antes da denúncia feita por parte dos atletas olímpicos, estava-se a notar uma estratégia focada no topo em detrimento da base, onde uma Lista de Classificação Desportiva serviria para alavancar e eleger as futuras esperanças do judo nacional. depois No processo de rotura, poderia ter havido uma aproximação aos atletas e tentar chegar a um consenso na procura e ajustes para um modelo mais adequado para todos, ou não fossemos todos Judocas, conhecendo e aplicando o princípio de “ceder para vencer”. Esta postura intransigente trouxe muitos dissabores e todos ficámos a perder. E foi isso precisamente que me deixou mais descontente: a inflexibilidade. Apesar de todos termos ideias diferentes, que podem e devem ser partilhadas com o intuito de acrescentar valor, as sugestões feitas à Direção da FPJ foram encaradas como “um ataque de um inimigo” e não me parece que tenha sido, de todo, essa a intenção.
2 – Fala-se de “crise no judo nacional”, a que se deve, na sua opinião, esta situação que está no domínio público com uma imagem negativa da modalidade e que atinge atletas olímpicos, organismos da tutela, o próprio Secretário de Estado da Juventude e Desporto e até o Parlamento?
Lá está, julgo que foi tudo falta de flexibilidade. No meu entender, haveria margem para ter sido dado um salto qualitativo na nossa imagem nas instâncias referidas. Se tivesse havido uma real procura de entendimento, sairíamos muito mais fortes e elevados no que concerne à opinião pública e restantes organismos que direta ou indiretamente estão ligados ao desporto.
3 – Estas eleições, para substituir um Presidente que foi destituído, poderão servir para melhorar a situação criada e de alguma forma pacificar o judo até aos Jogos Olímpicos de Paris 2024?
A situação poderia ter sido, aquando da destituição, solucionada de maneira diferente, e aí coloco no Exmo. Senhor Presidente da Mesa da Assembleia Geral o foco do problema, por não ter conseguido procurar e gerir consensos generalizados. Não considero esta solução a melhor, porque o Presidente destituído, apesar de ser o responsável máximo da FPJ, com certeza que trabalharia em equipa; assim, este é um remédio fraco, que não sara nenhuma ferida.
4 – Os delegados que irão votar no dia 29 de abril ao votarem José Mário Cachada estarão principalmente a penalizar os Órgãos Sociais eleitos para o mandato e o Presidente destituído ou acreditam que poderão surgir algumas mudanças e melhorias na prática da gestão da modalidade até ao final do ciclo olímpico?
Depois de privar com José Mário Cachada em algumas ocasiões, estou em condições de afirmar que ele demonstrou ter um verdadeiro espírito de missão. Acredito que ganhando, e mesmo com todo o elenco da anterior direção, conseguirá mudar o paradigma, porque demonstra um inabalável sentimento de proteção dos Valores plasmados no Código Moral do Judo, correção naquilo que acredita ser o melhor para todos e abertura para ouvir todos sem exceção, mas mantendo-se firme as suas convicções e ética pessoal e institucional.
5 – Como delegado, atendendo à situação de exceção ou extraordinária que as eleições de 29 de abril representam, vai ouvir os seus “representados” de alguma forma ou vai votar apenas segundo a sua opinião e consciência?
É fundamental que um delegado atue como porta-voz dos representados, com autonomia para tomar decisões em situações cotidianas. No entanto, em questões que tenham implicações mais profundas, é importante que ele busque ouvir para tomar decisões em sintonia com a maioria. Essa é uma prática que tenho seguido. Julgo que em instituições pequenas como a nossa, em que nos conhecemos todos, conseguimos rapidamente, quer através das novas plataformas de comunicação, quer mesmo pessoalmente, auscultar e ser os porta vozes dos nossos representados. Depois de receber as opiniões e, claro, de acordo com a minha consciência, exerço o meu voto. Aliás, na primeira marcação para assembleia eleitoral, a grande maioria foi de opinião de nos abstermos na subscrição das listas a concurso e assim o fiz. O que levou depois a tomarmos outra decisão, nas presentes eleições, foi a reação de cada lista relativamente à nossa opção de abstenção. Julgo que é a democracia a funcionar na sua plenitude.