Judo vai a votos, mas serão mesmo eleições?
Assembleia Geral Eleitoral reúne amanhã dia 29 de abril em Coimbra
A convocatória foi realizada no dia 24 de fevereiro pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Carlos Andrade, nos seguintes termos:
“Serve a presente para nos termos dos Estatutos e do Regulamento Eleitoral, convocar a Assembleia
Geral Eleitoral da Federação Portuguesa de Judo (FPJ), para reunir no próximo dia 29 de abril de 2023
das 10h30 (dez horas e trinta minutos) às 13h30 (treze horas e trinta minutos), no Hotel D. Luís, sito
na Rotunda Ponte Rainha Santa Isabel, 3040-091 Coimbra, com a seguinte ordem de trabalhos:
• Ponto Único: Eleição do Presidente da Federação Portuguesa de Judo para o período remanescente do mandato de 2021-2024.
Eleição ou validação?
O ato eleitoral, cujos termos resultam da sentença do Tribunal de 17 de fevereiro de 2023, vai ter por protagonistas os delegados que elegeram o Presidente entretanto destituído, Jorge Fernandes, e também o atual candidato que é Vice-Presidente da Direção.
O Programa apresentado pelo candidato A, Sérgio Pina, é o mesmo que o Presidente destituído apresentou no início de mandato.
Trata-se de assim potencialmente de um ato de validação ou confirmação e não de uma iniciativa eleitoral aberta ao debate e à confrontação de perspectivas.
Ausência de debate público indicia autoritarismo
Mandam as regras democráticas que a abertura de um processo eleitoral seja acompanhada pela disponibilidade dos candidatos para apresentarem as suas ideias e propostas para futuro.
Não foi aqui o caso e a convicção existente na candidatura da continuidade é que as eleições são apenas uma formalidade para reconduzir a gestão anterior, agora com os mesmos nomes, mas em funções que não serão exatamente as mesmos. Ora esta atitude negará tendencialmente o próprio princípio democrático que esteve na base da sentença do juiz que, limitando o Órgão a ser eleito, indicou a necessidade de existir um verdadeiro ato eleitoral.
José Mário Cachada
Uma reação de José Mário Cachada
Convidámos os candidatos – Ségio Pina e José Mário Cachada – para duas atividades de esclarecimento e informação aos futuros votantes na Assembleia Geral Eleitoral e à comunidade do judo no seu conjunto:
O nosso convite
“Vimos ao seu encontro para o convidar, no âmbito do processo eleitoral na Federação Portuguesa de Judo, para atividades de informação e esclarecimento , nomeadamente:
1 – A realização de uma entrevista sobre a candidatura e os seus objetivos que pode ser realizada nos termos que melhor lhe convenham:
- – presencialmente num local que indique;
- – online por Zoom
- – por escrito, com o envio da nossa parte de perguntas e as respostas serem também por escrito.
2 – Um DEBATE entre candidatos a ser realizado ONLINE em data a combinar. Moderado pela Judo Magazine. Tempo de 40 minutos / 20 minutos cada candidato.
Estas matérias serão publicadas com a devida equidade na Judo Magazine e poderão ser distribuídas à LUSA caso os candidatos concordem.
Ficamos a aguardar uma resposta que desejamos no mais rápido tempo possível para realizar estas atividades com o tempo adequado (até 15 de abril)”.
Convidámos os dois candidatos para reagirem às entrevistas de delegados que publicámos na JM e a realizarem uma declaração se assim o entendessem:
O nosso convite
“Publicámos 2 entrevistas com delegados na Judo Magazine.
Quer tecer um comentário e fazer uma declaração antes do ato eleitoral?
Fico a disposição”.
José Mário Cachada aceitou a entrevista e o debate proposto não tendo a JM recebido resposta do candidato Pina.. Recebemos entretanto uma nota do candidato Cachada sobre a matéria acima mencionada:
Restaurar a confiança na Federação Portuguesa de Judo, tão abalada nos últimos tempos
José Mário Cachada
O Judo é, habitualmente, identificado como o caminho da suavidade. No entanto, nos últimos meses, em Portugal, como é público e notório, o caminho do Judo tem sido tudo, menos suave, tem contemplado, mesmo, momentos em que sente, uma dor e um sofrimento, certamente, desagradável, momentos que têm provocado desconforto, de modo particular, para as Judocas e para os Judocas do alto rendimento. Importa, pois, devolver a paz e a tranquilidade, às Judocas e aos Judocas do alto rendimento, ambas necessárias à prossecução dos seus objetivos individuais, que são, também e como é óbvio, os objetivos de todo um país, que não só os da comunidade Judoca portuguesa. Foi, aliás, neste contexto, na busca de um novo caminho, que este movimento, que esta candidatura, Judo – Nova Alternativa, surgiu.
Importa, também por isso, ou talvez por isso mesmo, devolver a paz e a tranquilidade, às Judocas e aos Judocas do alto rendimento, bem como às suas treinadoras e aos seus treinadores. Assim como, importa, de igual modo, restaurar a confiança na Federação Portuguesa de Judo, tão abalada nos últimos tempos, junto das mais diversas entidades, como por exemplo, e desde logo, o Instituto Português do Desporto e Juventude, a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, o Comité Olímpico de Portugal, assim como, em nome de uma Nova Alternativa, que desde o primeiro momento liderei, com competência e amor à modalidade, conhecer e trabalhar em equipa, em particular com as Associações de Clubes e de Classe, repensar e reorganizar o modelo desportivo e inovar olimpicamente para crescer sustentadamente.
Das duas entrevistas, com delegados, que tive oportunidade de ler na Judo Magazine, o facto de, enquanto pessoa humana, ter sabido manter, ao longo da minha vida, valores tais como a humildade, a tolerância, a gratidão, a coragem e a amizade, influenciou, estou certo, o pensamento daquelas e daqueles que me apoiam, considerando-os, muito provavelmente, valores decisivos para que seja possível devolver a paz e a tranquilidade ao Judo nacional. Penso ter sido esse o caso do delegado Bruno França, a quem sou, obviamente, grato, merecendo, simultaneamente, o meu respeito.