Câmara de Coimbra desmente FPJ e clarifica a situação da mudança de locais de provas
Comunicado da Direção e do Presidente da FPJ foi emitido em tom desrespeitador da linguagem e do relacionamento institucional
Carlos Lopes, vereador do Desporto da Câmara Municipal de Coimbra
A Federação Portuguesa de Judo divulgou no passado dia 13 de julho, ao início da tarde, um Comunicado / Esclarecimento dirigido à “comunidade judoca” sobre a mudança dos locais das provas internacionais Taça da Europa de Seniores KK e Campeonato do Mundo de juniores 2023 que “estavam originalmente calendarizadas para os dias 26 e 27 de Agosto (Taça da Europa de Seniores), e para o período de 4 a 8 de Outubro (Campeonato do Mundo de Juniores), e ambas a realizar em Coimbra”.
O comunicado, para além de aparentemente esclarecer as decisões tomadas sobre a matéria, contém críticas e uma avaliação negativa implícita sobre a forma como a Câmara Municipal de Coimbra agiu neste processo, alegando que a autarquia terá insistentemente recusado reunir com a federação de judo e tornada inevitável a opção de realizar as provas mencionadas noutros locais.
“Em Coimbra eram desconhecidos ou inexistentes, incluindo os eventuais apoios por parte da Autarquia, com quem nunca se conseguiu chegar à fala, apesar de várias tentativas para o efeito, inclusivamente com pedidos de reunião, que nunca aconteceram” adiantou a FPJ no seu comunicado.
Desmentido do vereador do desporto
O vereador da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Lopes, desmentiu categoricamente esta versão e, sem querer que esta questão ganhe importância desmedida, como referiu à Judo Magazine, clarificou que “foi com surpresa, que depois de termos acertado com a FPJ a realização do Campeonato Europeu de Cadetes em Coimbra, soubemos pelos jornais da sua deslocalização para o município de Odivelas”.
E sobre a eventual negociação de condições para a realização das provas em Coimbra “houve algumas conversas informais e uma marcação formal de reunião, pedida pela FPJ e assinada pelo seu Presidente, no dia 26 de junho de 2023, a qual estava a ser agendada pelos Serviços do Gabinete de Apoio desta Vereação”.
Pedido de reunião à última da hora
A Direção da FPJ terá enviado o pedido de reunião ao vereador Carlos Lopes à última da hora – 26 de junho – inviabilizando qualquer abordagem séria e sólida sobre os montantes particularmente elevados num prazo tão curto. A FPJ que já deveria ter informado a FIJ e a UEJ dos locais das provas, estava naquela ocasião a pedir reuniões à autarquia para tratar do assunto.
Carlos Lopes que tem experiência deste tipo de relacionamento institucional e da responsabilidade associada ao compromisso de apoiar financeiramente as provas ficou particularmente surpreendido quando “No dia 29 de junho, três dias depois, fomos confrontados com o ofício 106/2023 da FPJ e onde, entre outras considerações, se diz:
“ Independentemente do atrás solicitado, e dada a situação financeira da Federação Portuguesa de Judo, informamos que não é possível a realização destes eventos em Coimbra se não for garantido um apoio de, pelo menos, 150.000,00 € (cento e cinquenta mil euros) e 80.000,00 € (oitenta mil euros), para o Campeonato do Mundo de Juniores, e para a Taça da Europa de Seniores e OTC, respetivamente “ e (…) “Aguardamos, assim, até ao final do dia de amanhã, 30 de junho, a prezada resposta de V. Exa”.
No jogo do “quem dá mais!”
Assim não se percebe se foi incompetência na gestão do relacionamento com uma Câmara que sempre apoiou o judo português ou se foi uma “chicoespertisse” ou mesmo uma deslealdade, perante a oferta de outras autarquias que apresentaram boas condições, que aliás poderão ir, tudo o indica, para além destas duas provas consideradas isoladamente.
Não assumindo a responsabilidade do pedido de reunião não ter sido realizado a tempo e horas a Direção da FPJ decidiu criticar publicamente a autarquia de Coimbra, por não apoiar e por aparentar alguma cegueira estratégica já que não terá percebido que as provas são de uma importância máxima ao ponto de uma delas enquadrar-se no sistema de qualificação para os Jogos Olímpicos.
“Não pode a Federação Portuguesa de Judo deixar de ficar surpreendida pelo facto de uma Autarquia que tanto apoio tem dado ao Desporto, e a outras áreas, não disponibilizar qualquer apoio para a realização, na sua cidade, de competições de nível europeu e mundial, sendo que o Campeonato do Mundo de Juniores é, inclusivamente, uma competição de qualificação para os Jogos Olímpicos de Paris 2024”.
Um tiro no pé
Uma coisa é certa, o comunicado / esclarecimento que pretendeu calar vozes descontentes ou com dúvidas sobre a forma como foi gerida esta situação, foi um tiro no pé! A reversão de culpas para cima da Câmara Municipal de Coimbra – o que, diga-se em nome do respeito institucional, fica muito mal a uma federação desportiva vir a público, dirigindo-se a uma entidade vaga e sem estatuto formal, a comunidade judoca, para condenar as formas de atuação de um órgão eleito de uma das maiores cidades do país.
Nesta circunstância a maturidade e o sentido institucional da autarquia levam-na a declarar de forma positiva expectativas de novas iniciativas de judo no concelho rejeitando o papel que nesta tentativa de sacudir a água do capote lhe foi reservado:
Nada nos move contra a FPJ. O Município de Coimbra pauta a sua conduta, pelo respeito e elevação institucionais que mantém e preza, com todos e todas as Federações, Clubes e Dirigentes Associativos, nacionais e internacionais, declarou Carlos Lopes no termo deste desmentido e clarificação.
Foto © site CMC
.