Homenagem Linha Dura
Um tapete cheio de memórias e uma aula repleta de emoção
Sete da manhã. O apelo Linha Dura funcionou em pleno. O tapete do Judo Clube de Portugal estava a ser investido da denominação informal de kodokan.pt por obra e graça de José Manuel Bastos Nunes. A sua despedida, a sua ausência, provocou união. Será sempre difícil dizer quem é que lá estava porque no fundo estavam lá todos. Os que conseguiram vir, nem que tenha sido por apenas meia-hora, como aconteceu com alguns e algumas, representaram a vontade de estar, de todos os outros.
O tapete foi enchendo à medida que as 7h se foram aproximando. Abraços, sorrisos, reencontros e algum silêncio. Alguma solenidade povoava o ar fresco da manhã. Ao fundo, adossada à parede, na área institucional do clube, uma fotografia com lista preta assinalava a principal razão do toque a rebate que foi ouvido por membros de ontem e de hoje. O convite para treinar era estimulante, mas importante mesmo, era estar presente.
Para além do kodokan
Fernando Seabra, como é seu hábito no clube, orientou a aula. E também nesta vertente do encontro ele fez convergir várias dinâmicas aparentemente paradoxais: a informalidade e a seriedade, a flexibilidade e o rigor, a descontração e o empenho, a revisão e a aprendizagem. Todos encontraram o seu lugar neste mosaico de participação individual e coletiva.
As técnicas apresentadas tiveram sempre uma abordagem que obedeceu a uma estrutura simples: a técnica base do Kodokan seguida das derivações ou variantes que José Manuel Bastos Nunes introduziu ou utilizou, atribuindo aos exercícios exemplificados e depois trabalhados pelo coletivo um nível de complexidade particularmente elevado. Mas que melhor forma poderia ter havido para colocar no centro do tapete aquele que foi o treinador e orientador da quase totalidade dos presentes?
Linha dura
Não se tratou de um encontro saudosista, com lamentações à mistura. Instalou-se no tapete e fora dele uma espécie de “dignidade consensual” do grupo que se traduziu numa presença e em atividades de “cabeça erguida”. Assim teria desejado o mestre, poderia depreender-se dos silêncios que ocorreram com profundo significado nos momentos da saudação.
E claro esteve presente a referência energética e quase ideológica da Linha Dura. Foi gritada a plenos pulmões em uníssono pelos presentes como se houvesse intenção de lançar um grito que pudesse ser ouvido fora do tempo e do espaço, a claro que o seu destinatário o pudesse ter ouvido.
REPORTAGEM no Judo Clube de Portugal.