Bye Odivelas!
Japão venceu em termos coletivos e Portugal, desta vez, sem qualquer presença no pódio
Uma maratona de três dias de combates no Pavilhão Multiusos de Odivelas deu corpo ao Grand Prix de Portugal que encerrou em beleza com o uchi-mata do campeão do mundo Tasoev que venceu por ippon a categoria mais pesada da vertente masculina do judo, os + de 100 kg.
Mukunoki
Se quisermos um símbolo bem representativo desta prova que lançou a fase decisiva da qualificação olímpica para Paris, Miki Mukunoki, atleta japonesa que compete na categoria mais pesada da vertente feminina +78 kg, é a escolha ideal. Mukunoki disputou a final contra a atleta turca Hilal Ozturk. Com uma diferença abismal da sua adversária no peso e na altura a competidora nipónica ofereceu-nos ao vivo uma representação da disputa entre David e Golias transferida para os nossos tempos. Foi a própria filosofia do judo que esteve ali representada. Como agir face ao poderio e à superioridade física de um ou de uma adversária? Mukunoni foi encontrando soluções ao longo do combate mas acabou por perder para a sua opositora turca.
Mukunoki recebeu uma medalha de prata quando subiu ao pódio, mas fica claro que no plano dos conceitos e das abordagens ao judo de competição ela conquistou a medalha de ouro. No fundo relembrou-nos os princípios de forma simples, aliás como deve ser feito, através da ação exemplar e da demonstração.
Judo puro
Nakano na disputa do bronze dos + 100kg, num combate contra o atleta turco Ibrahim Tataroglu executou, de forma rápida e sem qualquer possibilidade de oposição, um o-soto-gari do qual resultou um ippon e consequentemente a sua vitória sobre o seu adversário. O que aqui se destaca é a forma simples e clara de projetar tendo em conta quer a velocidade quer o sentido de oportunidade que no seu conjunto que acabam por exprimir um judo puro. Um judo baseado na conjugação de vários fatores que o tornam eficaz e …belo.
Nakano © foto IJF K Tamara
As treinadoras no banco
Foram raras as situações nas quais treinadoras se sentaram no banco de apoio aos atletas durante os combates. O mundo do “coaching” é dominando pelos homens e não foi no Grand Prix de Odivelas que essa realidade se alterou. Na disputa do bronze entre a atleta francesa Buttigieg e a croata Prodan, em ambos os bancos estavam duas mulheres a orientar as suas atletas. São momentos que devem ser enaltecidos, porque fazem a diferença. Portugal também deu o seu contributo nesta matéria com a presença de Ana Hormigo na orientação dos atletas e das atletas do Benfica.
Buttigieg (FRA) contra Prodan (CRO) foto © IJF K.Tamara
A lição de Tasoev
Antes e durante o Grand Prix de Odivelas assistiu-se a uma operação de propaganda por parte da Embaixada da Ucrânia em Portugal que procurou pressionar as instituições organizadoras da prova para que fossem tomadas medidas de exclusão dos atletas russos e bielorussos, por alegadamente estarem conotados com as forças armadas que invadiram o território ucraniano. Esta iniciativa insere-se numa estratégia mais global que visa a exclusão dos atletas da Rússia e da Biélorussia dos Jogos Olímpicos de Paris.
Tasoev (AIN) venceu Bashaev (AIN) na meia-final.
Tasoev, que foi alvo central da campanha, respondeu com um uchi-mata fulgurante no final da prova, conquistando a medalha de ouro, e com isto ficou tudo dito.