Terceira jornada provoca tempestade nas qualificações
A par da queda de consagrados, a ascensão meteórica de jovens valores
A derrota de João Fernando perante Lee [KOR], no segundo combate, encerrou definitivamente as pequenas brechas que permaneciam no processo de qualificação olímpica e que ainda poderiam criar condições para que Telma Monteiro regressasse ao apuramento na quota continental. Isto claro se a companheira de seleção Tais Pina, viesse a realizar amanhã uma prova excecional e conquistasse o acesso direto no grupo dos 17 do ranking FIJ na categoria de peso de -70 kg.
Tato Grigalashvili, renovou o título de campeão do mundo -81 kg
O atleta do Sporting tem a sua presença estabilizada na quota continental europeia mas desceu para uma 10ª posição que não deixa ninguém tranquilo tendo em conta as movimentações inesperadas que tem havido nestes dias atribulados do Mundial de Abu Dhabi.
Já Bárbara Timo, que venceu com segurança o seu primeiro combate contra a austríaca Krssakova, mantém uma posição estável na qualificação. Não conseguiu surpreender a canadiana Beauchemin-Pinard que na contenda seguinte afastou a campeã olímpica em título Clarisse Agbegnenou [FRA] e disputou a meia-final contra a neerlandesa Joanne Van Lieshout, que acabou surpreendentemente por perder. A atleta francesa conquistaria uma medalha de bronze enquanto que a sua opositora canadiana nos quartos-de-final ficou-se por um quinto lugar.
Houve judo para todos sos gostos na terceira jornada do Mundial de Abu Dhabi
Marcas da jornada
A principal nota, nos 81 kg, remete-nos para o afastamento de Casse na terceira ronda pelo atleta russo Timur Arbuzov que combateu com o dossard AIN. Esta não-linearidade das vitórias/derrotas teve uma tradução muito intensa na poule C na qual Muki [ISR] foi afastado na primeira ronda por Cavelius [GER], Borsashvili [AUT] ultrapassado na segunda por Albayrack [TUR] e De Witt que perdeu contra Makhmadbekov [TJK] no segundo combate. Entretanto, nesse cenário de disputas sem resultados garantidos, Tato Grigalashvili [GEO] atingiu a meia-final vencendo tudo e todos.
A final entre o atleta georgiano e Arbuzov foi marcada por grandes momentos de autocontrole e de flexibilidade adaptada às situações tangenciais, por parte dos dois finalistas. Venceu Tato Grigalashvili, numa final memorável, renovando desta forma o seu título de campeão do mundo.
Nota final para a finalista neerlandesa em 63 kg, jovem atleta, com currículo desportivo nos juniores mas que desta feita veio afirmar-se no terreno dos mais velhos, com pompa e circunstância: Joanne Lieshout 21 anos é campeã do mundo.
Qualificações em grande reboliço
Atletas não-qualificados que passaram para o apuramento direto com subidas meteóricas. Saltos enormes nas posições que estão a baralhar todas as contas e às tantas a questionar o paradigma dos processos de qualificação que são definidos como progressivos, incentivadores de regularidade e de persistência e propícios a uma gestão a médio e longo prazo por parte dos atletas e das equipas que os acompanham. De facto um Mundial a dois meses dos Jogos Olímpicos cria um cenário cuja marca principal é a imprevisibilidade um contexto profundamente desestabilizador para os atletas que investem nos Jogos Olímpicos num ciclo alargado de tempo e de energia física e psicológica.
Com a colaboração de Paulo Esteves– Fotos IJF DiFeliciantonio e K.Tamara