Uma quarta jornada recheada de surpresas
Bárbara Timo e João Fernando afastados na primeira ronda
O impacto das regras de arbitragem e da sua aplicação está a criar mal-estar e até alguma tensão.
Insatisfação com a arbitragem sempre houve por parte de atletas que perdem em situações limite. Mas o que de alguma forma está a marcar a prova de judo nos Jogos Olímpicos é por um lado a quantidade de vitórias alcançadas através das penalizações ou de decisões polémicas e, por outro, a expressão ativa de descontentamento por parte dos competidores que se sentem lesados. Situações houve que atletas exprimiram os seus protestos permanecendo na área de competição à revelia das indicações dos árbitros.
Bárbara Timo foi afastada na primeira ronda pela coreana Kim ©COP – Comité Olímpico de Portugal
Casse [BEL] perde contra Nagase [JPN] nos quartos-de-final e é remetido para a repescagem na base de uma decisão da arbitragem que o belga contestou. Leski ultrapassou Beauchemin Pinard e seguiu em frente sob protestos da canadiana, outras situações, algumas envolvendo futuros finalistas marcaram negativamente a jornada.
Mas o facto mais relevante teve a ver com a passagem ao lado do título olímpico por parte de Clarisse Agbegnebou [FRA] uma vencedora anunciada, que teve que se contentar com a medalha de bronze. A eslovena Lesky venceu na final dos –63kg a surpreendente mexicana Prisca AWITI ALCARAZ e a segunda medalha de bronze foi conquistada pela kosovar Fasliu em situação também muito delicada já que a croata Kristo projetou a sua adversária mas terá tocado na sua perna no momento da projeção.
Do lado do judo masculino vimos o primeiro atleta francês, Djalo, a ser afastado antes dos quartos-de-final, no caso por Boltaboev e assistimos a um percurso tranquilo e seguro de Nagase Takanori que venceu o georgeano Tato Grigalashvili na final com um judo de paciência e de controlo quase absoluto do seu adversário. Com esta vitória o atleta japonês revalida o seu título olímpico em -81kg.
A jornada, para além dos aspetos críticos das penalizações a prevalecerem sobre as tentativas de projeção, confirmou a redução do leque de soluções utilizáveis pelos atletas ao mesmo tempo que o trabalho no chão aumentou a sua expressão nas vitórias alcançadas, com imobilizações, estrangulamentos e surpreendentemente menos chaves que o habitual.
Afastamentos precoces
A ideia-força dos Jogos Olímpicos “tudo pode acontecer” pode traduzir-se em aspetos positivos e surgirem surpresas que trazem grandes felicidades, mas o inverso também é verdade e, no caso, o afastamento precoce de Bárbara Timo e de João Fernando da prova vem dar seguimento dramático ao que já acontecera com Catarina Costa na primeira jornada em -48 kg.
Bárbara foi imobilizada pela sua opositora coreana e João Fernando foi penalizado pela terceira vez numa fase do seu combate na qual dava sinais de querer crescer. A desilusão na cara dos dois atletas era visível na Areana Cham de Mars. A jornada começava mal, muito mal.
Bárbara Timo e Ana Hormigo [treinadora do SL Benfica] na prova, fotos COP – Comité Olímpico de Portugal
Seguem agora as categorias de peso mais pesadas e, depois do afastamento de Bárbara Timo e de João Fernando nos respetivos combates inaugurais, a expectativa em relação ao desempenho de Taís Pina, Patrícia Sampaio, Jorge Fonseca e Rochele Nunes.
Carlos Ribeiro em Paris, Jogos Olímpicos Paris 2024