Judo tem bronze no destino
É a quinta medalha de bronze que, pela mão de Iafa, o judo traz para Portugal no universo do olimpismo
Djibrilo Iafa realizou um combate histórico contra o seu adversário brasileiro na disputa da medalha de bronze nos –73 kg. Tratava-se de uma missão considerada impossível, mas “El Tigre” venceu por wazari e subiu ao terceiro lugar do pódio.
Djibrilo venceu por wazari o seu adversário brasileiro
A disputa do bronze
A jornada estava a correr bem ao atleta do Clube de Judo Total, apesar da derrota nos quartos-de-final frente ao alemão Sass que executou um o-soto-gari tecnicamente perfeito, tendo marcado um ippon claríssimo, até que surgiu o grande desafio da disputa da medalha de bronze contra H. Pereira.
O atleta do Brasil tentou por todos os meios impedir que Djibrilo atacasse e tomava a iniciativa, sem demoras, assim que o árbitro gritava Hajime. A intenção era procurar projetar o judoca português realizando sucessivos ataques com poucos riscos de contra-ataque e simultaneamente colocá-lo na defensiva. Neste sentido a estratégia do latino-americano marcou todo o combate até que um tomoe-nage executado com muita velocidade e controlo lateral projetou o brasileiro numa posição que deixou algumas dúvidas, no momento, sobre o grau de impacto lateral da projeção.
Já o combate tinha reiniciado quando foi dada pela mesa de arbitragem a informação do wazari em favor de Djibrilo.
Quando os segundos passam devagar
Foram dezenas de segundos de ansiedade e até de sofrimento emocional. Jerónimo Ferreira, treinador nacional, gritava para dentro do tapete os segundos que ainda faltavam para o combate terminar e dava indicações para Djibrilo manter uma posição baixa e controlar as pegas. Djibrilo procurava segurar o seu adversário no judo ao solo. Mas os últimos ataques rápidos do brasileiro já não tinham eficácia e Djibrilo controlou muito bem a fase final do combate. Até que chegou o momento que o cronómetro indicava 0 segundos, ou seja, estava terminado.
Djibrilo Iafa inscreveu hoje uma página de ouro do judo paralímpico português. Quem acompanha a dedicação e a paixão dos atletas paralímpicos do judo nacional sabe que o clube de ouro que é o Clube de Judo Total, orientado por Fernando Seabra e apoiado por Jerónimo Ferreira, é o grande responsável por estes resultados. Porque são um coletivo forte e solidário e hoje tiveram um porta-voz poderoso: Djibrilo Iafa.
O único senão nesta conquista da medalha de bronze foi a ausência de Fernando Seabra na Arena Champ de Mars que por razões familiares, à ultima da hora, não pôde acompanhar a comitiva nacional a Paris. A festa da medalha foi grande e à distância o treinador que faz dupla com Jerónimo Ferreira terá também festejado com emoção.
Cinco
Assim às quatro medalhas de bronze no judo olímpico conquistadas por Nuno Delgado, Telma Monteiro, Jorge Fonseca e Patrícia Sampaio deve adora ser somada a quinta medalha de bronze de Djibrilo Iafa reafirmando por esta via que, tudo o indica, o bronze está no destino do judo no universo do olimpismo moderno.
Imagens Capt. RTP2