Memória e esquecimento
Quem nos quer esconder o passado também nos quer roubar o futuro.
EDITORIAL – Carlos V. Ribeiro | Judo MAGAZINE – Editor
O esquecimento viabiliza uma das condições essenciais para a existência humana, o equilíbrio psíquico que viabiliza a harmonia e a pacificação interior. Seria impossível lidar com o enorme granel de acontecimentos da vida sem a intervenção doseadora do esquecimento.
Assim, um filtro operativo e uma atuação seletiva, mais ou menos espontânea e geralmente inconsciente, estruturam a tal “memória olvideira” que Nietzsche, na Genealogia da moral, classificou de guardiã da felicidade.
Diz-se mesmo que esquecer é renascer e assim tudo o indica, o esquecimento é legítimo e necessário.
Mas haverá alguma diferença entre este esquecer terapêutico e o “assobiar para o lado”?
Aqui a nuance encontra-se no caráter voluntário ou involuntário da operação memória sobre os acontecimentos do passado. Quando esquecer dá jeito para viver o presente às tantas trata-se de uma construção de equilíbrios associada a vantagens e nesta ordem de interesse aparece sempre aquela fulgurante orientação para “andar para a frente, olhar para o futuro porque o passado já lá vai”!
Percebemos então que quem nos quer esconder o passado também nos quer roubar o futuro.
São mercenários da memória que assobiam na marcha que também mobiliza coletivos de norte a sul e nas ilhas que parecem entoar de forma vigorosa “Lá vamos cantando e rindo, levados, levados Sim…