O Engº Hugo Assunção fala do judo
Entrevista de Hugo Assunção concedida ao Jornal O Século proporciona uma visão global da modalidade em meados dos anos 70
Hugo Assunção, ex-Presidente da FPJ
Numa conversa informal com o jornalista Carlos Cardoso o então Presidente da Federação Portuguesa de Judo Hugo Assunção colocava em cima da mesa as dificuldades da modalidade, mas também o seu elevado potencial. A entrevista foi publicada no matutino lisboeta no dia 20 de abril de 1976.
Refere-se, na troca de impressões entre entrevistador e presidente da FPJ, que o tapete de judo surge como uma questão central para o desenvolvimento da modalidade. Como se afirma na entrevista seriam necessários pelo menos 24 tatamis para criar uma área de treino. Esse equipamento custava na altura aproximadamente 36 contos. A Federação, na circunstância dos clubes tratarem dos seus próprios tapetes, fornecia a lona para revestir os tatamis que constituíam a parte mais cara da instalação.
No plano pedagógico o Presidente da Federação referiu a recomendação para que os jovens judocas praticassem de forma aberta e completa as diversas técnicas do judo e só depois dos 15 anos pensaram em alguma especialização.
Na conversa, refere-se ainda, que o judo teria uma das taxas mais baixas da época, 20 escudos, para que os atletas se federassem.
A FPJ recusa-se a estragar dinheiro
Vários aspetos da evolução do judo foram abordados, desde o número de clubes existentes [75], à quantidade de atletas federados [+ de 5000] ao número de árbitros e cronometristas, enfim uma avaliação global das melhorias que se verificaram naquele tempo e que justificaram um financiamento de mil contos pelo Estado que passou a considerar o judo como uma modalidade prioritária.
Na altura Hugo Assunção deu nota da importância da federação ser gerida com critérios apertados referindo que “é fácil estoirar, mas a FPJ recusa-se a estragar dinheiro!”
Numa passagem pela competição e as provas fora de Portugal António Roquete e pelo menos 8 juniores são referidos como atletas com muito bom nível no plano internacional.
Da entrevista ressalta ainda a visão do judo como um desporto amador e são valorizados os princípios que estão associados à prática da modalidade como a humildade, entre outros.
O futuro do judo surge na entrevista associado a uma visão de crescimento e com boas perspectivas de desenvolvimento nos diversos distritos do país.
Recordar o pensamento e análises do ex-presidente da FPJ é uma forma informal de o homenagear.
Fonte: Foto e artigo de O Século – Hugo Assunção [filho] – A foto foi objeto de tratamento gráfico.
