Os clubes de judo
TRIBUNA – As regras, a certificação e a fiscalização
Por Renato Kobayashi
Qual é o mal da associação distrital pedir uma taxa por sala de judo, por atleta, por treinador, pela suposta certificação de clubes? Um clube de 4 estrelas pagaria mais que um clube de apenas uma estrela.
Mas tem de haver requisitos mínimos para se poder orientar o certificado de clube de judo assinado pela Federação Portuguesa de Judo, na sala de treinos.
O que está mal é alguns clubes estarem presos à zona territorial, quando outros mudam de morada e filiam-se onde quem melhor os serve. Pois uns podem mudar a morada da sede e outros não.
A lei deveria dar a liberdade a cada clube de inscrever-se onde quisesse.
Temos vários exemplos na história do judo. Clubes do Porto inscritos em Coimbra, clubes de Coimbra inscritos em Santarém, clubes de Almada inscritos em Lisboa, clubes de Lisboa inscritos em Santarém e até clubes do continente inscritos nos Açores.
Não faço nenhuma crítica a essas situações, só acho que todos deviam tem a mesma liberdade independente da morada da sua sede social
E já agora!
Alguém me pode dizer o que é um clube de judo?
Existem requisitos mínimos?
Existe fiscalização?
Eu posso criar uma associação desportiva sem fins lucrativos num dia, envio a documentação com um treinador responsável e tenho um certificado da Federação Portuguesa de Judo a dizer que eu sou clube de judo.
Mesmo que não tenha acessos em conformidade com a lei geral, saídas de emergência, WC deficientes, masculinos e femininos. Conheço um clube que nem balneários tem dentro do clube. Os praticantes têm de sair, ir à rua para entrar noutro edifício. Outros clubes com 1 tapete de ginástica adaptado 2 x 1 e com um único aluno inscrito.
Aliás a entidade reguladora do judo devia certificar todos os clubes por categorias, por exemplo como os hotéis, por estrelas em função de certos requisitos próprios da função para a qual se registaram: tapetes, espaço, climatização, nível dos treinadores, se tem árbitros, cronometristas, comissão de pais, regulamento interno, posto médico, alguém com curso de socorrista, plano de emergência, livro de reclamações, bandeira da ética, manual de boas práticas, registo de limpeza das instalações (já houve clubes que tiveram de fechar temporariamente por infeções bacterianas em crianças e adultos por falta de higiene) e naturalmente alguns judocas a aprender e a praticar bom judo.
Estou certo que muitos teriam de fechar e outros teriam de se organizar para a função a que se candidataram.
Deveria a Federação Portuguesa de Judo estabelecer um perímetro de distância por numero de habitantes para emitir um Certificado de Clube? Evitando por essa via que vários clubes estejam amontoados uns em cima dos outros a concorrerem entre si enquanto que outros locais continuam sem ter um único clube de judo.
Eu sempre defendi mais judo mas com qualidade e regras claras para todos!
Existem outras questões mas temos de começar por algum lado. E eu começaria por arrumar a casa e criar legislação específica para o judo e o condutor terá de ser a Federação Portuguesa de Judo, criando uma comissão com alguns especialistas (3 ou 4 pessoas) para apresentar um projeto a ser depois defendido e discutido publicamente em assembleia geral.
O espaço TRIBUNA dá voz a todos aqueles que queiram apresentar publicamente as suas opiniões e ideias para contribuir para o desenvolvimento do judo como modalidade desportiva pensada como plataforma de interesses coletivos. A aceitação de uma edição técnica por parte do Judo Magazine é condição para a publicação de peças escritas neste rubrica. JM
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