Balanço e perspectivas para 2025
EDITORIAL – O que foi e o que há-de vir
Estamos quase a encerrar o ano desportivo e necessariamente as interrogações sobre as duas dimensões mais significativas neste período de transição começam a surgir, sobre o balanço de 2024 e sobre as perspectivas para o ano 2025.
O balanço de 2024 levar-nos-á a revisitar as principais provas do calendário desportivo das diversas instâncias locais, nacionais e internacionais, os Jogos Olímpicos de Paris e as movimentações institucionais com particular destaque para as eleições federativas.
As perspectivas serão certamente abordadas tendo em conta o contexto político-desportivo internacional e, no caso português, do regime de austeridade anunciado vagamente pela FPJ com as eventuais reduções de atividade que dali advirão. No plano internacional, as novas regras de arbitragem e as consequentes adaptações do judo a ser praticado pelos atletas vão fazer correr muita tinta e sobretudo provocar alterações em diversos domínios da modalidade.
A grande pergunta que paira sobre o balanço é necessariamente a seguinte: no meio de tudo aquilo que foi realizado e conquistado, o balanço geral de 2024 é positivo ou negativo?
Eventualmente seria interessante separar as águas e refletir de forma autónoma sobre três domínios que precisam de ser ponderados a partir de indicadores específicos: a modalidade desenvolveu-se, estagnou ou regrediu? Os resultados desportivos foram piores ou melhores que em períodos análogos? A afirmação da modalidade no campo político-desportivo, social, cultural e mediático foi mais intensa e significativa ou manteve o seu padrão habitual?
No domínio das perspectivas a grande interrogação, em Portugal, será certamente: o judo vai entrar em crise profunda e vai afundar-se como modalidade olímpica ou antes, e pelo contrário, vai dar um salto em frente e abrir uma nova era de desenvolvimento com mais atletas, mais clubes, mais e melhores treinadores, mais judo nas escolas, mais judo inclusivo, adaptado e paralímpico, mais participantes nas provas nacionais, mais medalhas nas provas internacionais e melhores resultados de topo no World Judo Tour e irá melhorar o funcionamento federativo e associativo com relações transparentes entre dirigentes nacionais, regionais e locais e com uma mobilização de recursos adequados para um desenvolvimento mais sustentável.
O mês de dezembro será certamente um período de reflexão e de definição de posições. Alguns optarão pela afirmação de opiniões independentemente da reflexão produzida, dos dados e das evidências à vista de todos, são os fiéis discípulos. Outros terão um olhar crítico e pressentirão que nem tudo irá correr bem, mas optarão por uma estratégia de silêncio, em nome da defesa dos clubes e dos atletas que representam, são os cautelosos. Outros ainda serão claros nas suas posições e esperam que as propostas, ideias novas e opiniões críticas sejam consideradas com seriedade como contributos para que a modalidade avance, são os desenvolvimentistas.
Enfim, tudo poderá funcionar bem apesar de tudo, com um requisito, no entanto: que a seriedade e a honestidade superem o narcisismo, a mediocridade e a má-educação. Isto não é pedir muito!