Os embates de destaque

Nos combates entre atletas do núcleo mais preparado foram registadas boas performances
NACIONAL DE SENIORES – Odivelas 2024
Podemos considerar uma primeira categoria de atletas, os “intocáveis”, e procurar observar as suas vitórias e a forma como as alcançaram no contexto específico deste Nacional de Seniores. De uma forma geral rápidos, eficazes e praticamente sem possibilidade de defesa para os opositores, os ataques ou contra-ataques não deram qualquer hipótese aos adversários: João Fernando [em individuais e em absolutos, Raquel Brito, Catarina Costa, Patrícia Sampaio e Damian Troianschi tiveram combates sem grande história e claro, venceram e convenceram.

© FPJ | Catarina Costa e Mariana Pereira em -48 kg
João Fernando nunca tendo sido colocado em perigo teve, no entanto, uma final com Kainan Pires com alguma dificuldade vencendo a 42s do fim com um ippon arrancado no trabalho no chão [estando a vencer por wazari].
Raquel Brito, na final dos –52 kg, venceu a sua colega de clube Catarina Martins em 15 segundos com técnica e segurança, demonstrando que é de outro campeonato. Mais uma vez confirmou a sua capacidade de ligar o judo em pé com o trabalho no chão tendo vencido as suas opositoras com muito trabalho técnico visível nos pequenos pormenores.
Catarina Costa teve apenas duas adversárias e só o combate contra Mariana Pereira da Judo Force teve alguma história.
Patrícia Sampaio participou numa competição digna de um zonal, mas agiu sempre com aquela seriedade e empenho que lhe são conhecidos. Vale sempre a pena ver a medalhada olímpica entrar no tatami com o seu ritual de chegada, o seu avanço convicto para a zona de combate, o bater das mãos com força e velocidade a sua postura felina na saudação da adversária. Um ritual que fará história.
Damian Troianschi pelos vistos, e quem o afirma de forma descontraída e cúmplice é o seu treinador do Judo Clube de Portugal, treina pouco ou quase nada. Anda por terras frias onde as pessoas de uma forma geral têm o coração quente, com a cabeça noutras andanças sem ser no judo. E talvez seja a energia dos geiseres que provoca a fusão química do seu talento fora do comum. Venceu Pedro Lima e Miguel Rato de forma categórica e conquistou um título praticando judo, o que nos tempos que correm não é tão secundário quanto isso.
Noutros disputas, com atletas de nível elevado, os desfechos foram o resultado de uma persistência ou de um espírito de vitória que acabaram, apesar de tudo por surpreender.
Um desses combates, em –60 kg, opôs Bernardo Fernandes a Daniel Viegas numa meia-final muito disputada com o atleta do CNS a arrancar um wazari a meio do combate depois de controlar as sucessivas tentativas de Bernardo Fernandes de o projetar com o sutemis e kata-gorumas muito baixos que são a sua especialidade. Nos ataques da fase final um uchi-mata de Fernandes foi realizado com mergulho para a frente e consequente incidência do impacto na sua própria cabeça o que levou à sua desqualificação e derrota. Daniel Viegas conduziu o combate com grande segurança e consequentemente conquistou a sua presença na final contra Francisco Mendes da Associação Académica de Coimbra.
Outro combate que opôs Joana Crisóstomo e Bárbara Timo em –70kg marcou a primeira jornada da prova pela eficácia demonstrada pela atleta da UHLT conta a olímpica do Benfica. Aos 10 segundos Joana atacou e mudou de direção surpreendendo Timo que foi projetada para uma pontuação de wazari. Bárbara passou à ofensiva e avançou com o seu arsenal de soluções, procurando posição para o makikomi, mas foi de novo Joana que antecipou um ataque da atleta do Benfica e marcou um segundo wazari que lhe deu a vitória. Joana Crisóstomo sai assim de uma prova de fogo com pontuação máxima o que deixa fortes expectativas para a próxima época desportiva no plano internacional.
Otari Kvantidze sai do nacional de seniores como campeão nacional com um nível de afirmação particularmente elevado. Todos os campeões nacionais têm mérito, apesar de ser útil e honesto relativizar o valor de alguns títulos, não por culpa dos atletas, mas por circunstâncias que acabam por ser indesejáveis, mas apesar de tudo enfraquecedoras. Não foi o caso do atleta do Sporting, em –73 kg, que enfrentou uma oposição particularmente qualificada. Aliás surpreendentemente, em contraste com um passado recente, a categoria de peso foi a mais competitiva da prova nacional.
Vencedores nos quartos-de-final dos seus opositores Sidónio Serpa, Nuno Carvalho, Rui Sousa e Gustavo Mendes, os semi-finalistas Otari Kvantidze, Pedro Horta, Saba Danelia e Thomas Gomes acabaram todos por conquistar uma medalha. O vencedor da final, Otari Kvantidze, teve que ultrapassar Pedro Horta e Thomas Gomes para chegar ao título.
Destaque para Margarida Brás, atleta do Sporting Clube de Portugal, que venceu todos os seus combates de forma expressiva na categoria de peso de –63 kg e para Maria Silveira do SAD que conquistou o título de campeã nacional tendo tido uma oposição particularmente relevante das suas adversárias como foi o caso de Ana Agulhas cuja confrontação entre ambas teve uma duração de 09:37s.
Francisco Mendes, Miguel Gago, Diogo Chantre e José Pacheco foram os restantes campeões nacionais sendo de destacar o domínio da Associação Académica de Coimbra nas categorias mais leves de –60 kg e –66kg, a ultrapassagem na final de Diogo Chantre [SAD] do seu principal opositor Diogo Brites [SCP] e do único título do Sport Lisboa e Benfica conquistado por José Pacheco na categoria de peso de +100 kg.
GALERIA | ©Fpj – Nacional de Seniores [Apuramento para as seleções] ODIVELAS 2024






