23/01/2025

Estudo sobre o impacto da COVID-19 no judo

Desvendar o impacto da pandemia de COVID-19 no judo: uma análise comparativa dos campeonatos de 2018-CE e 2020-CE

Jorge M. Gonçalvesa , Filipe R. Ramosb,c , João J. Ferreira Gomesb * e Bianca Miarkad

[Publicamos na rubrica JUDOLAB um estudo particularmente relevante para os treinadores e orientadores de atletas de desportos de alto nível, com destaque para a modalidade judo. Os autores divulgam a investigação realizada e as conclusões a que chegaram incentivando a partilha e a reflexão coletiva no seio dos atores do desporto que procuram reforçar as suas competências na base de contributos da ciência] Judo Magazine – ,JudoLAB

Resumo

O desempenho de um atleta, embora dependa da capacidade do competidor, é também significativamente influenciado pelo tempo de treino. Se um desportista for privado de se exercitar, podem surgir consequências graves para a sua prática em resultado desse comportamento. Foi o que aconteceu no despertar da pandemia da COVID-19 em que vários atletas foram privados de treinar de acordo com as condições exigidas para um desporto de alto nível. Assim, este ensaio teve como objetivo analisar os vários aspectos deste impacto. Para o efeito, foi analisado o efeito das alterações das rotinas de treino no rendimento/abandono do atleta e na dinâmica de combate. Com base numa metodologia de análise quantitativa, com processos analíticos descritivos e inferenciais, foram considerados os dados obtidos através da observação direta de gravações vídeo dos combates realizados nos Campeonatos da Europa de 2018 e 2020. Os resultados não revelaram uma demissão significativa dos atletas de alta competição, mas há indícios de uma diminuição do número de ataques e mais tempo de combate, aumentando a duração das pausas e o tempo das pegas (utilizando P<0,05 como nível de significância).

Palavras-chave: judo; COVID-19; análise de desempenho; desporto de combate; Estrutura Temporal do Combate de Judo.

1.       Introdução

A pandemia de COVID-19 teve um impacto profundo na sociedade, deixando uma impressão duradoura nos indivíduos, especialmente na geração mais jovem (Organização Mundial de Saúde – (OMS, 2020)). Em termos de atividade física, os efeitos deste período não foram exceção. Alarcón et al.(2023) destacam as limitações da atividade física, mesmo em ambiente escolar (nas aulas de educação física). Note-se que este é o local onde muitos jovens têm contacto (por vezes único) com a prática desportiva e com uma variedade de modalidades. Os autores salientam que a COVID-19 aumentou um nível muito elevado de inatividade física entre as pessoas. Isto tem várias consequências negativas, como a redução do gasto energético (que aumenta o risco de obesidade), níveis elevados de stress e ansiedade. Por outras palavras, não só o aspeto motivacional e o interesse por determinados desportos foi comprometido, como também teve um impacto na saúde (tanto física como psicológica).

Nos desportos de elite, os efeitos também têm sido visíveis e os investigadores têm-se interessado pelos vários estudos relatados na literatura científica. Não só a saúde física e mental dos atletas (e de outros profissionais do desporto, como educadores e treinadores), mas também as condições de treino/trabalho (e as adaptações efectuadas) têm sido objeto de investigação.

Um estudo efectuado por Candra et al. (2022) que examinou o impacto das restrições impostas pela pandemia no bem-estar psicológico dos atletas, constatou que os participantes experimentaram predominantemente sentimentos de tristeza e desilusão devido às restrições impostas às suas actividades desportivas, tendo alguns até desistido das competições. Este facto está de acordo com as conclusões de Pereira et al.(2023).

Com base num estudo de atletas medalhados nos Jogos Olímpicos de 2012 e 2016, os autores apontam os factores psicológicos como fundamentais para a motivação e a excelência desportiva. Outros estudos, embora tenham encontrado efeitos, não tiveram uma visão tão pessimista. O estudo de Marholz et al. (2022) apesar de verificar que os atletas estudados (futebolistas) apresentaram algum aumento dos níveis médios de ansiedade, registou um bom nível de bem-estar geral. Alguma manutenção da dinâmica de grupo e o investimento na manutenção de condições de trabalho e de atividade adaptadas poderão ter contribuído para a manutenção do bem-estar geral. Sanmiguel- Rodríguez et al. (2024) referem que a pandemia obrigou as equipas técnicas (também no contexto do futebol) a reinventar os seus processos de treino. Isto para evitar uma perda de rendimento atlético, cujos métodos de treino foram adaptados às condições prevalecentes.

De facto, este período, sublinhado pela OMS (2020) como um dos mais memoráveis e influentes até à data, teve um impacto notável tanto a nível físico como psicológico, bem como nas condições de treino/trabalho dos profissionais do desporto (atletas e treinadores). Reis et al. (2024) salientam que, apesar da retoma das actividades, a reestruturação do sistema desportivo deverá demorar vários anos.

No que diz respeito aos desportos individuais, embora tenham sido relatados alguns estudos sobre o impacto da pandemia na vida dos atletas e sobre as mudanças nos métodos de treino, a sua importância está longe de ser a dos desportos colectivos (especialmente o futebol). Este facto justifica a necessidade de mais investigação nesta área para ajudar a preencher esta lacuna na literatura científica.

Com efeito, face ao enquadramento delineado, considerou-se oportuna a realização desta investigação, cujo principal objetivo é refletir sobre o impacto da pandemia COVID-19 no domínio dos desportos não universitários, em particular dos desportos de combate como o judo.

Corroborando o que se passou nos desportos colectivos, a pandemia teve um impacto nos jovens atletas e nos treinadores dos desportos de combate (nomeadamente o judo). Makarowski et al. (2020) salientam que a COVID-19 tem colocado barreiras significativas à progressão na carreira e ao desempenho destes atletas, quer em termos físicos e técnicos, quer em termos psicológicos.

Amoedo e Juste (2016) afirmam que existe uma correlação positiva entre a auto- eficácia percebida e o desempenho desportivo, e entre a autoestima e o desempenho desportivo. Quanto maior for o nível de auto-eficácia e autoestima, melhor será o rendimento desportivo. Assim, com base numa investigação realizada com membros da Federação Galega e da Real Federação Espanhola de Judo e Desportos Associados, os autores confirmam o impacto que os aspectos psicológicos e motivacionais dos atletas de alto rendimento têm no seu desempenho. De facto, o reconhecimento dos efeitos psicológicos negativos da pandemia pode ter afetado o rendimento dos atletas.

Ao mesmo tempo, em áreas mais físicas e técnicas, um dos maiores desafios enfrentados durante o período pandémico foi a falta de parceiros de formação e de aspectos específicos da formação (Andreato et al., 2020). Tais limitações tiveram um claro impacto nas condições de treino/trabalho e na metodologia de treino dos atletas. Tal situação pode ter comprometido o bom desenvolvimento físico dos atletas, o que, segundo Norambuena et al. (2021), aumenta a probabilidade de sucesso no desempenho competitivo. Além disso, a comunicação entre atletas e treinadores tornou-se limitada ou mesmo inexistente. Este facto tem levado à procura de soluções para monitorizar os atletas. Em alguns casos, a resposta tem sido a utilização de dispositivos tecnológicos que utilizam plataformas de interação social online (Hayes, 2022), para desenvolver programas personalizados de treino em casa com o objetivo de manter a condição física dos atletas (De Oliveira Neto et al., 2020). Esses programas têm se mostrado ferramentas valiosas para ajudar competidores de elite e não elite a retomar a prática normal (Jukic et al., 2020; Toresdahl et al., 2020; Yousfi et al., 2020).

Apesar das adaptações que têm sido feitas, todas as restrições à prática da modalidade, para além do impacto na qualidade técnica (maior suscetibilidade a lesões), poderão ter contribuído para uma redução do número de atletas praticantes e interessados na modalidade. De facto, não só em resultado das condições acima referidas e/ou outras anteriores à pandemia, algumas organizações têm desenvolvido esforços no sentido de tornar a modalidade mais atractiva, sobretudo em cenários de elevada competitividade. O objetivo destas medidas é ajudar o judo a manter o seu registo de interesse e popularidade crescentes, a acolher competições de elite(Insua Iglesias et al., 2024) e atrair mais adeptos e praticantes.

Por exemplo, a Federação Internacional de Judo (IJF), através da sua Comissão Técnica, introduziu alterações nas regras de arbitragem e nos regulamentos de competição durante os ciclos olímpicos do Rio16 e de Tóquio20 (Barreto et al., 2022; Ceylan et al., 2022). Estes esforços tiveram como objetivo proteger a saúde dos atletas (Reale et al., 2017) e promover o conceito de judo “positivo”, enfatizando a busca contínua do ataque e da pontuação, em vez da abordagem defensiva associada ao “judo negativo”, que se concentra na aquisição de pontos através de penalizações (shido) (Calmet et al., 2017; Doppelhammer et al., 2020). É bem reconhecido que qualquer mudança de regra requer adaptações técnicas e tácticas por parte de treinadores e atletas no contexto de treino e competição (Dopico-Calvo et al., 2023; Samuel et al., 2020). Os efeitos destas modificações de regras no domínio do judo e a sua posterior avaliação têm despertado a curiosidade dos investigadores (Dopico-Calvo et al., 2022; Samuel, et al., 2020). Inúmeros estudos têm sido realizados para compreender a intrincada dinâmica das competições de judo, investigando vários aspectos como a estrutura temporal (esforço de combate com momentos de aproximação, preensão, ataque, trabalho de solo e pausa) (Barreto, et al., 2022), penalizações (Balci et al., 2020; Kajmovic et al., 2022), manobras ofensivas (Barreto et al., 2021), conclusões de combate e aquisição de pontos.

No que diz respeito às fases de combate do judo, antes de estabelecerem as suas pegas, os atletas de judo passam por uma sequência cativante de acções, que inclui uma abordagem inicial seguida de uma disputa de pegas – uma fase envolvente de atividade em pé em que os competidores disputam o controlo sem agarrar firmemente o judogi do adversário (Calmet et al., 2010). Posteriormente, é feita a transição para a fase de preensão, em que o judoca agarra firmemente o judogi do adversário com uma ou ambas as mãos (Calmet, et al., 2010). Este estudo multifacetado aprofunda a dinâmica cativante destas fases de pré-pega, lançando luz sobre as complexidades do posicionamento estratégico, das manobras tácticas e dos aspectos psicológicos que moldam esta fase crítica das competições de judo (Soto et al., 2020).

Antes dos últimos anos de alteração das regras (entre 2016 e 2022), uma das estratégias de combate consistia em obter uma pontuação através de penalizações. Franchini et al. (2013) observaram um aumento de penalidades (shido), desqualificações (hansoku-make) e pontuações (yuko, wazari e ippon) exclusivamente na categoria masculina ao comparar as edições de 2012 e 2013 do Campeonato Europeu. Para além disso, (Monteiro et al., 2019) encontrou um aumento significativo de 25% nos combates decididos em Golden Score durante o Campeonato Mundial de Budapeste de 2017, apesar dos combates masculinos já terem quatro minutos de duração.

Por outro lado, num inquérito realizado por Katicips et al. (2018) envolvendo três edições do Paris Grand Slam (PGS) (2011, 2016, 2017), foi observado um aumento

de penalizações para os homens em 2016, contradizendo a teoria do judô positivo, que prioriza a pontuação em detrimento das penalizações. Calmet et al. (2017) analisaram os Campeonatos Mundiais de Astana 2015 e Budapeste 2017, observando que enquanto o número de ippon permaneceu o mesmo, os wazari aumentaram, e as penalidades diminuíram, principalmente na categoria feminina, de 2015 para 2017. Além disso, Doppelhammer & Stöckl (2020) compararam o impacto das regras impostas em 2017/2018, analisando os Campeonatos Mundiais de 2015 e 2018. O seu estudo identificou um crescimento no número de combates decididos por ippon e wazari para ambos os sexos. No entanto, essa diminuição de penalidades não afetou significativamente o número de projeções, a frequência de ataques, a eficiência, a contagem de wazari, os combates decididos por shido (no tempo regulamentar ou no Golden Score) ou a duração do combate (Doppelhammer & Stöckl, 2020).

Investigações anteriores indicam que o tempo de agarrar (kumi-kata) no combate de judo representa o momento mais longo do combate (Miarka et al., 2018). O momento de agarrar é de extrema importância para alcançar o sucesso competitivo (Calmet, et al., 2010; Kajmovic et al., 2014; Miarka et al., 2016; Soriano et al., 2019). Serve de base para iniciar ataques, executar técnicas e ganhar controlo sobre os adversários (Courel et al., 2014). Através da manipulação estratégica das pegas, os judocas podem estabelecer o domínio, perturbar as estratégias dos adversários e criar oportunidades de pontuação (Barreto et al., 2019). Compreender a criticidade do momento de preensão é fundamental para desbloquear o potencial de triunfo nas competições de judo. Numa tentativa de comparar dois ciclos olímpicos, Barreto et al. (2021) analisaram as competições entre 2015-2016 e 2019-2020, concluindo que o tempo despendido na abordagem de preensão aumentou nesta última época, apesar de uma diminuição global da duração dos combates.

Embora estudos anteriores tenham oferecido diversas perspectivas, permanece incerto até que ponto as alterações das regras promoveram efetivamente um judo positivo. Dada esta ambiguidade, a nossa investigação atual visa explorar as potenciais repercussões adversas da pandemia sem precedentes da COVID-19 em vários aspectos do combate de judo. Assim, o objetivo primordial deste estudo é analisar os combates realizados nos Campeonatos Europeus de 2018 e 2020. Este último, nomeadamente realizado em novembro desse ano, marcou o primeiro grande evento da época e serviu como segunda competição de qualificação olímpica pós-confinamento. Através deste estudo abrangente, esforçamo-nos por iluminar as implicações e os resultados decorrentes destas circunstâncias extraordinárias, oferecendo conhecimentos valiosos sobre a intrincada relação entre as modificações das regras, a pandemia global e o mundo do judo.

2.     Métodos

2.1.           Conceção do estudo

Para o efeito, é realizada uma análise exaustiva dos combates realizados durante os Campeonatos Europeus de Judo de 2018 e 2020. A presente investigação centrou-se na estrutura temporal dos combates, bem como nas pontuações, de modo a compreender se existem diferenças na dinâmica dos combates. Face ao exposto e com base na revisão da literatura, na Figura 1 são apresentados alguns dos tópicos que orientaram esta investigação.

2.2.           Dados

  • Bases de dados

De forma a responder às questões que conduzem este projeto, foram criadas duas bases de dados. Numa primeira base de dados, foi estabelecida uma compilação de todos os atletas que participaram nos campeonatos europeus de 2016, 2018 e 2020.1 Para além disso, foi também calculado o número de atletas que participaram mais do que uma vez entre 2016 e 2018, e também entre 2018 e 2020.

Por outro lado, uma segunda base de dados incluía os Campeonatos Europeus de Telavive 2018 (CE-2018), a última competição europeia realizada antes do primeiro confinamento devido à pandemia de COVID-19 (os Jogos Europeus foram realizados em 2019), e o CE Praga 2020 (CE-2020), o primeiro grande evento continental pós- COVID das competições do Circuito Mundial. A base de dados foi criada de acordo com uma análise segundo a segundo das gravações de combate disponíveis. De igual modo, seguindo os mesmos procedimentos de Monteiro (1995)foram observados e analisados um total de 562 combates (283 combates em 2018 e 279 em 2020).

Adicionalmente, na secção seguinte, com o intuito de analisar quantitativamente cada combate, é apresentado um levantamento detalhado de algumas das medidas que carecem de clarificação de acordo com a literatura científica, e de forma a melhor responder às questões deste ensaio.

  • Medidas

A lista seguinte, baseada em Miarka et al. (2012) resume as medidas estabelecidas para os combates de judo:

  • Tempo total do combate: Tempo total do combate desde o início do jogo (hajime) até à sua conclusão (soremade).Tempo de esforço: Totalidade do tempo entre cada hajime e matte.
  • Tempo de pausa: Totalidade do tempo entre cada matte e hajime, desde o momento inicial até ao soremade. As indicações de sonomama e yoshi, ou seja, a paragem numa determinada fase do combate e o seu recomeço, também são consideradas no tempo de pausa.Tempo de combate no solo: Totalidade do tempo em que um ou ambos os

lutadores caracterizaram o trabalho de técnicas de solo (newaza).

  • Número de ataques: com e sem pontuação; pontuação obtida; penalizações obtidas e justificação correspondente.

2.3.     Questões de investigação

De seguida, apresentam-se as principais questões consideradas durante este processo de investigação. A formulação destas questões foi inspirada, não só pela visão geral da literatura científica explorada na Secção 1, mas também pelas medidas/variáveis identificadas na secção anterior.

Assim, ao comparar 2016-2018 com 2018-2020, a primeira questão que exige reflexão é:

Q1 – Houve uma participação menos assídua dos atletas nas competições entre 2018 e 2020, ou foi mais evidente entre 2016 e 2018?

Centrando-se nos dois campeonatos europeus, ao comparar 2018 com 2020, as seguintes considerações de investigação devem também ser levantadas a fim de inquirir: “Houve um judo mais passivo em 2020?”

Q2 – Em comparação com 2018, o tempo total de combate é significativamente mais elevado em 2020?

Q3 – Em comparação com 2018, o tempo de pausa aumentou em 2020? Q4 – Em comparação com 2018, o tempo de esforço diminuiu em 2020?

Q5 – Em comparação com 2018, qual é a diferença entre o número de acções por combate em 2020?

Q6 – Em comparação com 2018, como é que o número de pontuações douradas (GS) será diferente em 2020?

Q7 – Em comparação com 2018, a intensidade dos combates (com base no número de ataques) diminuiu em 2020?

Q8 – De um modo geral, que diferenças significativas podem ser identificadas relativamente aos resultados finais dos jogos?

2.4.           Análise estatística

As técnicas estatísticas utilizadas foram principalmente os testes t para a comparação dos valores médios e os testes Mann-Whitney-Wilcoxon (MW) e Kolmogorov-Smirnov (KS) para a comparação das distribuições com MW utilizando apenas as classificações das observações. De facto, como a amostra é grande (superior a 30), podemos sempre invocar o teorema do limite central para realizar testes z (são equivalentes aos testes t, dada a grande dimensão da amostra). Neste caso, como queríamos afirmar que um dos campeonatos foi menos intenso, utilizámos testes unilaterais com um nível de significância de 5%. Sempre que o p-value é inferior a este valor rejeitamos a hipótese nula, quando o objetivo é mostrar a menor intensidade do judo praticado em 2020. No caso dos testes não paramétricos MW/KS procurámos corroborar os resultados dos testes t onde a inferência é baseada nas médias.

Além disso, realizámos testes z para proporções que nos permitiram comparar a proporção de Golden-Scores entre 2018 e 2020 e utilizámos ainda um teste Chi-Squared para homogeneidade para avaliar se os 3 tipos de resultados mais comuns (ippon, wazari e shido) eram diferentes entre os dois campeonatos.

Os dados foram analisados utilizando o IBM SPSS Statistics, versão 28.0, o Microsoft Excel para Microsoft 365 e o R, versão 4.3.1.

3.       Resultados

3.1.     Amostra de correspondências

Tal como referido na secção anterior, foram observados e analisados exaustivamente um total de 562 combates. A Tabela 1 apresenta um resumo da amostra de combates examinados neste estudo, tendo em consideração: o ano em que o evento teve lugar, o sexo e a categoria de peso.

Tabela 1. Número de partidas analisadas, por sexo e peso em 2018 e 2020.

Relativamente à Tabela 1, é possível observar como a amostra apresenta uma quantidade bastante equilibrada entre o número total de 2018 e 2020, mesmo no que diz respeito à categoria de peso.

Relativamente às diferentes fases da competição (Eliminação – 129, Quartos de Final 56, Semi-Final – 28, Repechage – 28, Bronze – 28 e Final – 14) estão igualmente representadas nos dois campeonatos.

3.2.     Comparação dos campeonatos europeus – 2016-2018 e 2018-2020 (Q1)

Para responder à pergunta 1, formulada em 2.3foram examinados os 3 conjuntos de atletas que participaram nos campeonatos europeus de 2016, 2018 e 2020, permitindo obter a seguinte Tabela 2.

Tabela 2. Número de atletas nos 3 campeonatos e número de atletas de cross-over

2016/2028 e 2018/2020 por categoria de peso e sexo

A partir desta tabela, podemos ver que mais de 50% dos atletas que participam em 2020 participaram nos Campeonatos Europeus de 2018. No entanto, em 2018, apenas 42% dos participantes tinham também participado nas competições de 2016.

Para as questões seguintes, é realizada uma comparação entre o Campeonato Europeu de 2018 (Pré-Pandemia) e o Campeonato Europeu de 2020 (Pós-Pandemia). Como neste ensaio se esperava verificar o impacto negativo no desempenho dos atletas, consequentemente, era importante executar testes unilaterais sempre que isso significasse um pior desempenho dos atletas em 2020 em relação a 2018.

3.3.           Comparação dos Campeonatos da Europa – 2018 a 2020

  • Comparação do tempo total de combate (Q2)

A forma como os combates foram analisados e assumindo que são representativos do período pré e pós Covid permite-nos dizer que temos duas amostras independentes uma da outra e com observações independentes (o que acontece num combate não depende do que aconteceu no anterior). As variáveis analisadas são as mesmas em ambas as amostras, o que nos permite fazer uma análise comparativa variável a variável.

Para comparar os tempos de combate (Quadro 3), foi efectuado um teste t unilateral aos valores médios (𝐻0: 𝜇2020 ≤ 𝜇2018 vs 𝐻1: 𝜇2020 > 𝜇2018), uma vez verificados os pressupostos para a sua aplicação, nomeadamente, a grande dimensão de

ambas as amostras. T há evidência estatisticamente significativa (ao nível de significância de 5%) para afirmar que, o tempo total de combate foi maior em 2020 do que em 2018 (t = -2,4, df = 529,88, p-value ~ 0,01). Os testes MW/KS corroboram o resultado com um valor p ligeiramente superior ao do teste t. A função de distribuição para o tempo total de combate em 2020 está à direita da função de distribuição para 2018 (MW p-value ~ 0,002; e KS p-value 0,028).

Com a ajuda do quadro 3, pode ver-se que, para além do tempo total de combate, também o tempo de pausa e os tempos de aproximação à pega são significativamente mais elevados em 2020.

Tabela3. Estatística descritiva do tempo (t) dos vários momentos de combate em 2018 e 2020.

Para uma análise completa desta informação, é relevante examinar como foi empregue o excesso relativo ao tempo de combate – em acções ou pausas? (ver secção 3.3.2). E o que dizer do número de momentos de ação e de pausa? (ver secção 3.3.3).

Esta secção mostra mais uma vez que os combates demoram mais tempo após o período da COVID-19, principalmente devido a tempos de pausa mais longos.

  • Duração dos momentos de ação e das pausas (Q3 e Q4)

Para analisar a duração dos momentos de ação e das pausas, os resultados são apresentados na Tabela 3. O tempo de pausa é maior em 2020 (teste-t com p-value ~ 0,002, MW e KS com p-values semelhantes ~ 0,001) tal como o tempo da abordagem

grip (teste-t com p-value ~ 0,0004, MW com p-value ~ 0,006 e KS com p-value ~ 0,01). Nos momentos de ação, não é possível afirmar que em 2018 os tempos de ação foram significativamente mais longos – tanto em grip (teste-t com p-value ~ 0,5, MW com p- value ~ 0,4 e KS com p-value ~ 0,5) como em newaza (teste-t com p-value ~ 0,9, MW/KS com p-values semelhantes ~ 0,8).

Em suma, considerando as fases mais passivas do combate, como pausas, aproximações de grip, foi visível que o tempo é significativamente maior em 2020; quanto aos momentos de atividade física intensa (grip e newaza), existe uma semelhança em relação ao tempo de esforço.

  • Número de momentos de ação e de pausas (Q5)

Relativamente ao número de momentos de ação e de pausas realizadas, ver Tabela 4.

Tabela 4. Estatísticas descritivas do número (n) de acções/não acções por combate em 2018 e 2020

Diferentemente do tempo, o número de pausas não aumentou significativamente em 2020 (p-valor ~ 0,68, MW com p-valor ~ 0,46 e KS com p-valor ~ 0,9), assim como o número de ocorrências em relação à abordagem de pegada dos atletas (teste t com p- valor ~ 0,44, MW com p-valor ~ 0,63 e KS com p-valor ~ 0,74), revelou uma semelhança entre os sujeitos analisados. Além disso, o número de pegadas por combate também não é significativamente maior em 2020 a partir do nível de 5% (p-valor ~

0,07, MW com p-valor ~ 0,14 e KS com p-valor ~ 0,3), assim como o número de vezes em newaza (p-valor ~ 0,07, MW com p-valor ~ 0,14 e KS com p-valor ~ 0,31).

Podemos, portanto, supor que a diferença entre os dois campeonatos, em termos de tempo e de número de acções, reside principalmente nos tempos das acções e não no número de acções.

  • Número de Golden Scores (Q6)

Relativamente aos momentos de Golden Scores (GS), também se pode comparar os dois campeonatos. Verifica-se um ligeiro aumento dos SG (283 combates com 47 SG em 2018 vs. 63 SG em 279 combates em 2020). Assim, é possível afirmar que a proporção de SG ao nível de significância de 5% é consideravelmente dissemelhante nos anos em estudo (teste z às proporções com p-value ~ 0,037) – maior em 2020 do que em 2018.

  • Intensidade baseada no número de ataques (Q7)

Atualmente, importa também atestar a viabilidade de se assumir que a intensidade dos combates foi menor em 2020 do que em 2018. Para o efeito, e recorrendo a uma análise comparativa, foi essencial examinar o número de ataques por combate.

Foram considerados três tipos diferentes de avaliação: o número médio de ataques por minuto (ataque_0); o número médio de ataques por minuto desconsiderando o tempo de pausa (ataque_1); e desconsiderando o tempo de pausa e o tempo de aproximação da garra (ataque_2). Algumas estatísticas descritivas são apresentadas na Tabela 5, seguidas de representações gráficas de boxplots para cada tipo de ataque (Figura 2)

Figura 2: Boxplots de: (A) o número de ataques/minuto; (B) o número de ataques por minuto descontando o tempo de pausas; (C) o número de ataques por minuto descontando o tempo de pausas e o tempo de aproximação.

Relativamente à Figura 2, as representações gráficas dos boxplots paralelos (2018 e 2020), para cada caso (ataque_0, ataque_1 e ataque_2), revelam que, embora os boxplots apresentem uma variabilidade idêntica (intervalos interquartis idênticos), apresentam também um ligeiro desvio para a direita dos boxplots de 2018 quando comparados com os boxplots de 2020. Em cada caso, o valor de cada um dos quartis (Q1, Mediana e Q3) é mais elevado em 2018 do que em 2020 (ver Quadro 5). Este facto pode levar a inferir que, em 2018, o combate foi conduzido com maior intensidade (com mais ataques por minuto, independentemente da forma como foram avaliados).

Para um exame mais robusto, este estudo procedeu a uma análise inferencial através da aplicação de testes estatísticos. Dada a grande assimetria à direita para as seis distribuições de probabilidade do número de ataques (p-valores ~ 0), houve preferência pela realização de testes não paramétricos, neste caso, como nos anteriores, o recomendado é o teste de Mann-Whitney-Wilcoxon. Em todo o caso, é possível afirmar

que a distribuição do número de ataques por minuto, em 2018, está mais direcionada para a direita (tem valores mais elevados) do que a distribuição relativa a 2020 (teste MW, p-value ~ 5,17e-06 (ataque_0), (p-value ~ 0,001 (ataque_1) e p-value ~ 0,025 (ataque_2)). Este facto valida a conjetura anterior de que é visível uma maior intensidade de combate em 2018 quando comparado com 2020.

Mais uma vez, tal como acontece com o número de acções, há uma clara tendência para combates menos intensos e menos espectaculares.

  • Resultados finais dos jogos (Q8)

Com poucas excepções, a maioria dos combates termina com eliminação por shidos, vitória por wazari ou por ippon.

Figura 3: Os resultados finais (%) nos combates de judo em 2018 e 2020

A partir da análise da Figura 3, pode-se observar que não há grandes diferenças na proporção dos resultados finais em ambos os anos de 2018 e 2020. Em cada uma das três categorias (ippon, wazari ou shido), as percentagens são muito semelhantes nos dois períodos de estudo. Além disso, para um exame mais abrangente, foi relevante efetuar uma análise inferencial aplicando testes estatísticos, em particular o teste do

Qui-quadrado para a homogeneidade. Os resultados demonstraram que não há evidência estatística de que o fator “ano” (2018 vs 2020) tenha qualquer influência no tipo de desfecho (p-value ~ 0,614).

4.       Discussão

Com todas as modificações relativas à rotina de treino e à preparação para as competições, em consequência da pandemia de COVID-19 (Andreato, et al., 2020; Makarowski, et al., 2020) tornou-se importante compreender as consequências de tais acontecimentos na dinâmica do combate de judo. Para além disso, esta análise foi essencial para avaliar a intensidade dos combates associada a: (i) ao tempo de esforço e tempo de pausa; (ii) ao número de ataques, e, consequentemente, ao número de defesas.

Posteriormente, os resultados obtidos permitem constatar um impacto negativo na performance dos atletas e na dinâmica de combate associada. Este resultado corrobora os factos resultantes da literatura científica e era também esperado devido às alterações drásticas verificadas na rotina atlética do competidor. Seguem-se alguns aspectos determinantes destas alterações.

O circuito internacional cessou completamente, apesar da organização de competições internas criadas por algumas equipas. No entanto, para a maioria dos países, o contexto nacional é bastante distinto da realidade internacional.

A maior parte das equipas e dos atletas deixou de poder treinar coletivamente durante um longo período, o que impediu a prática do exercício mais específico do judo, o randori (combate livre). Tal como nas alterações às regras de 2017, houve uma diminuição do tempo de combate regular para o judo masculino de 5 para 4 minutos (IJF, 2017)Não era de esperar que os combates de 2020-CE tivessem um tempo médio de combate mais longo do que os de 2018-CE. O nosso tempo de combate durante o E- C foi mais longo do que os relatórios anteriores (Barreto, et al., 2021; Boguszewski, 2016; Ceylan et al., 2020). Barreto et al. (2021) que indicaram que o tempo de combate durante 2020/21 foi de 206,9±101,9 segundos, mais curto do que em 2016, com 240,3±91,9 segundos. Boguszewski (2016) investigou os tempos de combate no judo masculino nos Jogos Olímpicos de 2016, focando-se especificamente em 7 disputas pela medalha de ouro. O tempo médio de combate observado no seu estudo foi de 237,4 segundos, o que se aproxima bastante do tempo médio de combate que obtivemos para o mesmo ciclo olímpico em 2016. Ceylan e Balci (2020) realizaram uma análise abrangente de 999 combates masculinos envolvendo atletas de elite nos Campeonatos Mundiais de 2018 e 2019. Os seus resultados revelaram um tempo médio de combate de 189,8 segundos, significativamente inferior à média que obtivemos para o E-C de 2020. Esta discrepância nos tempos de combate entre o nosso estudo e o deles pode ser atribuída às caraterísticas distintas dos momentos, principalmente considerando o impacto da Pandemia COVID-19 no Judo.

Em consonância com resultados anteriores (Barreto, et al., 2021), a nossa investigação revelou uma observação digna de nota relativamente aos tempos de combate no E-C de 2020 em comparação com o E-C de 2018. Especificamente, descobrimos que o tempo máximo de combate durante o E-C de 2020 foi significativamente maior do que o do E-C de 2018, indicando a existência de combates que exigiam Golden Score com quase o dobro da duração do tempo de combate regular (ou seja, 240 segundos). O nosso exame destacou um aumento notável de mais de 20% nos combates com Golden Scores durante o E-C de 2020. Isto alinha-se com o estudo de Barreto et al. (2021) que, de forma semelhante, relataram um aumento de 21% na ocorrência de Golden Scores no ciclo olímpico de 2020 em comparação com o ciclo olímpico de 2016. Ceylan e Balci (2020) também identificaram uma ocorrência considerável de Golden Scores, chegando a 20,9% em sua pesquisa. No entanto, é fundamental ressaltar que apesar dessa semelhança na ocorrência de Golden Scores, o estudo deles relatou um tempo de combate menor em relação ao nosso.

O confinamento total, ou quase total, conduziu a uma diminuição dos níveis de aptidão física que provocou aumentos significativos do peso corporal que podem ter conduzido a várias lesões dos atletas (Puga et al., 2022).

Consequentemente, tiveram mais tempo livre sem treinar e menos tempo para preparar o seu recomeço para as competições que se avizinham. Todas estas razões influenciam a prática de um atleta em várias dimensões, nomeadamente: a nível técnico- tático-estratégico; a nível físico; e, sobretudo, a nível mental. Isto acontece, como se pode notar, porque a confiança não é a mesma, independentemente da predisposição do atleta para se manter motivado.

Com estas condicionantes relativas ao treino, estabelecendo uma relação com os resultados observados nesta investigação, verifica-se que em 2020: (i) os combates aumentaram o seu tempo total, nomeadamente, à custa de períodos de menor intensidade; (ii) o tempo de pausa e o tempo sem preensão aumentaram visivelmente.

Apesar de pertencerem ao tempo de esforço em pé, há que observar como este último momento (tempo sem preensão) requer menos energia física. A luta estratégica por uma pegada controladora ou dominante permite uma menor exigência física. No entanto, é importante reconhecer que existe também um esforço mental-cognitivo constante associado a esta prática.

Relativamente ao número de momentos de ação, verificaram-se valores semelhantes em ambos os anos de 2018 e 2020. Isto leva a concluir que o tempo médio por ação de pausa e sem preensão aumentou. O crescimento do tempo de pausa entre o matte e o hajime pode ter várias razões:

  • Estratégico: os atletas desejavam transições de pausa/esforço mais lentas para terem tempo para ouvir/refletir/decidir.
  • Físico: como consequência da fadiga física, os atletas desejavam transições de pausa/esforço mais lentas para poderem recuperar.
  • Lesão: quando os atletas são obrigados a parar momentaneamente ou necessitam de assistência adicional.
  • Árbitro: assistência vídeo.

Além disso, o tempo médio sem aderência também aumentou. As possíveis razões podem ser consideradas em termos de estratégia-física (tempo extra para recuperar) e estratégia-técnica-tática. Destas últimas, é possível referir: (i) o tempo extra para trabalhar de forma a atingir uma pegada controladora ou dominante; (ii) a gestão do tempo como estratégia para manter uma posição de vantagem; (iii) a gestão do tempo como estratégia para esgotar o adversário e, posteriormente, beneficiar da sua força técnica, tática e física.

No entanto, em cada combate, ambos os atletas adoptaram posturas semelhantes, não se verificando diferenças significativas nos combates ganhos por cada competidor ou na aplicação de castigos. Para além disso, analisando a outra variável, que define a intensidade do combate e o número de ataques, foi também possível confirmar uma redução do número de ataques por minuto útil (sem contabilizar os tempos de pausa) em 2020, quando comparado com 2018. Com esta dinâmica, pode-se equacionar que estas decisões compreenderam:

  • Estratégia física: proteger fisicamente os atletas, com uma execução menos intensa das acções de ataque e, consequentemente, um menor desperdício de energia.
  • Estratégia técnica e tática: tempo adicional para preparar o ataque, a fim de aproveitar a melhor oportunidade para retaliar.

Assim, apesar de ter executado menos ataques em 2020, foi visível que as pontuações se mantiveram bastante equilibradas, o que permite concluir que foi tida em consideração uma maior preparação de ataque. A realização de ataques em momentos cruciais foi, consequentemente, uma decisão tática benéfica, o que poderá também justificar o aumento do tempo relativamente ao tempo sem preensão. Ou seja, o reforço da paciência, no que diz respeito a esta estratégia física, técnica e tática (no trabalho de preensão) promoveu o aumento da qualidade do ataque.

Para concluir esta reflexão sobre os resultados, importa ainda referir que, em termos de desgaste da competição de elite, os nossos dados mostram que houve mais desgaste de 2016 a 2018 do que de 2018 a 2020. É provável que o maior desgaste entre 2016 e 2018 se deva à alteração do ciclo olímpico (Bradshaw et al., 2022), o que é ainda mais relevante do que o possível impacto da COVID-19.

5.       Conclusão

O presente estudo forneceu informações valiosas sobre a dinâmica do combate de judo, particularmente durante as circunstâncias excepcionais de 2020, caracterizadas pelo impacto da pandemia de COVID-19. A investigação revelou uma redução notável no número de ataques por minuto em 2020 em comparação com o ano de referência de 2018, reflectindo uma mudança discernível na intensidade do combate. Os atletas optaram estrategicamente por uma execução menos intensa das acções de ataque, com o objetivo de salvaguardar o seu bem-estar físico e minimizar o gasto de energia durante os combates. Esta abordagem calculada permitiu-lhes manter a resiliência e conservar recursos vitais. Outro aspeto notável foi a atribuição de tempo adicional para a preparação do ataque, permitindo que os atletas aproveitassem o momento ideal para retaliar eficazmente. Esta ênfase na prontidão técnica e tática demonstrou uma adaptação estratégica aos desafios dinâmicos colocados pela pandemia.

Apesar de terem sido executados menos ataques em 2020, é evidente que a competitividade dos jogos se manteve equilibrada, como indicam as pontuações relativamente iguais. Este resultado sugere um enfoque deliberado na preparação dos ataques por parte dos atletas. A decisão estratégica de atacar em momentos cruciais demonstrou a eficácia de uma abordagem tática, o que é corroborado pelo aumento do tempo passado sem agarrar. As modificações estratégicas nas abordagens de combate sublinham a importância de uma tomada de decisão ponderada, da gestão da energia e de uma preparação meticulosa do ataque para otimizar o desempenho. Como contributo valioso para o campo das ciências do desporto, este estudo não só esclarece o impacto de factores externos no desempenho desportivo, como também fornece implicações práticas para treinadores e atletas. A compreensão da interação entre estratégias físicas, técnicas e tácticas pode capacitar os atletas para enfrentarem os desafios com maior perspicácia estratégica, conduzindo, em última análise, a melhores resultados de desempenho.

Agradecimentos: Este trabalho é parcialmente financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do projeto UIDB/00006/2020. DOI: 10.54499/UIDB/00006/2020.

Declaração de interesses: Os autores declaram que não têm interesses financeiros concorrentes conhecidos ou relações pessoais que possam parecer influenciar o trabalho relatado neste artigo.

1 Dados obtidos em https://www.eju.net/


a Treinador de força e condicionamento na Academia Life Club Colinas do Cruzeiro, 2675-662 Odivelas, Portugal;

b CEAUL-Centro de Estatística e Aplicações, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, 1749-016 Lisboa, Portugal

c Faculdade de Ciências Sociais e Tecnologia, Universidade Europeia, 1500-210 Lisboa, Portugal

d Laboratório de Psicofisiologia e Performance em Esportes e Combates, Pós- graduação em Educação Física, Universidade Federal do Rio de Janeiro, BRASIL

* Autor correspondente:

João J. Ferreira Gomes jjgomes@ciencias.ulisboa.pt

Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa Campo Grande 016

1749-016 Lisboa Portugal

ORCID

Filipe R. Ramos: 0000-0002-8326-3310

João J. Ferreira Gomes: 0000-0002-3108-4177 Bianca Miarka: 0000-0002-7513-7605

SOBRE O AUTOR | Editor

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *