Catorze títulos conquistados por 12 clubes

Nacional de juniores, uma prova forte, com um bom nível competitivo
Judo Magazine na Cidade dos Templários [3]
Os resultados do Campeonato Nacional de juniores espelham uma realidade que surge como positiva em termos de diversidade e de representatividade dos clubes do território nacional. Só o Sporting Clube de Portugal fugiu à regra ao vencer em –66 kg, -73 kg [masculinos) e em –78kg [femininos], os restantes 11 venceram cada um numa única categoria de peso.
Que indicadores podem ser mobilizados para interpretar os resultados e a classificação dos clubes na prova da primeira jornada, do dia 8 de fevereiro, reservada à participação individual dos atletas e das atletas.
Indicadores e apreciações
Indicador 1 – Quantidade de títulos conquistados por cada clube.
Títulos por distrito
O indicador – Quantidade de títulos conquistados por cada clube – já nos forneceu uma informação útil sobre a concentração ou dispersão dos clubes em termos unitários. Mas podemos, por via do indicador mencionado, ampliar a análise para uma dimensão territorial. Neste plano os resultados são surpreendentes já que encontramos clubes do Algarve [3] ,de Lisboa [2], de Setúbal [2], dos Açores [1], de Aveiro [1], de Santarém [1], do Porto [1] e de Coimbra [1].
Títulos por grandes regiões
Numa abordagem com malha mais apertada podemos agregar as referências em títulos por grandes regiões e podemos concluir que a Região Norte conquistou 2 títulos, a Região Centro 2 títulos, Lisboa 4 títulos, a Região Sul 5 títulos e a Região Autónoma dos Açores 1 título.
Relação litoral/interior
Numa leitura ainda territorial, continuando a utilizar o indicador referido – Quantidade de títulos conquistados por cada clube – podemos mapear os clubes vencedores numa relação litoral/interior. Desta aplicação resulta uma relação absolutamente negativa para o interior situando-se o clube mais a este dos 12 vencedores, a Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, com sede em Tomar a cerca de 80 km da costa atlântica.
Centros urbanos e cidades médias
Desta sistematização podemos concluir que os clubes de 8 associações do país estão a formar atletas de nível competitivo elevado ao ponto de conquistarem títulos nacionais e que a disparidade entre os grandes centros urbanos e as cidades e vilas médias não surge – neste ano de 2025 – como excessivamente marcante. Lisboa, Porto, Coimbra e Setúbal somam 8 títulos, as outras localidades como Aveiro, Faro, Lagoa [Açores], Tomar, Portimão e S. João de Areais 6 títulos.
Indicador 2 – Atletas dos clubes que conquistaram títulos que se classificaram até à 7ª posição.
Recorrendo a um segundo indicador – Quantos atletas dos clubes que conquistaram títulos se classificaram até à 7ª posição? – importa, tendo este indicador por base, verificar :
- Se existe abrangência ou apenas casos isolados;
- Se se verifica heterogeneidade ou predominância em determinadas categorias de peso
- Se existem inclinações ou especializações nas vertentes masculina e feminina.
Para este efeito estabelecemos a algumas categorias, criadas apenas para este efeito, procurando um sentido prática no processo de interpretação:
- Eclético abrangente: com vários atletas até ao 7º lugar, com atletas masculinos e femininos e com uma presença razoável nas diversas categorias de peso;
- Especializado: tendencialmente especializado em alguns domínios;
- Eclético disperso: tendencialmente disperso ou errático nos domínios estabelecidos para análise.
Neste campo restrito dos clubes vencedores [cujos atletas conquistaram títulos] encontramos apenas três que poderiam ser classificados de ecléticos abrangentes, o SCP, a AAC e o Judo Clube de Portimão. Já o SAD, que também se encontra no topo da tabela classificativa, apresenta uma tendência para a especialização no judo feminino e para os pesos mais leves.
No sentido oposto surgem a Associação 4 judo Project e a Sociedade Filarmónica Gualdim Pais que revelam uma especialização para o judo masculino e uma certa dispersão em matéria de categorias de peso.
Os restantes clubes – CRch, JCAl, ADFJF, VFC, JCLa e CASJ – surgem na tabela classificativa apenas com uma referência, ou no judo feminino ou no masculino, podendo aqui aplicar-se a categoria de “caso isolado”.
Indicador 3 – Clubes com atletas que se classificaram até ao 7º lugar
Se recorrermos a um indicador mais abrangente, com a seguinte formulação: Quantidade de clubes com atletas que se classificaram até ao 7º lugar, encontramos 39 o que confirma o sentido de dispersão positiva, nomeadamente no plano territorial. Esta valorização da presença na tabela classificativa tem tanto mais significado quanto a prova terá sido mais ou menos participada. Ora, neste plano, estamos plenamente confortáveis já que participaram no Campeonato Nacional e de Apuramento para as Seleções 245 competidores e 70 clubes.
Ao considerarmos os 39 clubes mencionados – incluindo agora aqueles que não conquistaram títulos – ampliamos a base de avaliação para as três categorias utilizadas anteriormente [ Eclético abrangente, Tendencialmente especializado, Eclético Disperso] e podemos sinalizar:
- Existem clubes com um perfil significativamente eclético [considerando apenas os resultados nesta prova] que não conquistaram títulos, mas que contam uma presença relevante nas diversas variáveis que compõem a categoria. Estão neste caso principalmente o Sport União Sintrense e também a Universidade Lusófona e o Sport Lisboa e Benfica;
- Encontramos, neste lote, clubes tendencialmente mais especializados pelo lado feminino como é o caso da FSal, do BVB Judo, do CAAL e do ACMC enquanto o CNSu e o GDSA o serão pelo lado masculino.;
- No perfil disperso ou errático encontramos clubes como o GCP, o CNFc, o JCRG, o CJRS, a AJAm e a EJAH;
- Todos os restantes, apresentam-se como “casos isolados” – CJPo, CJRG, CEJA, JCLx, MMSC, SCPo, ISJA, JCSJ, JCPr, GRGc, JCGa e CSh.
Numa nota final sobre a dimensão territorial importa referir que a ampliação da base de análise para 39 clubes não melhora a dispersão territorial na relação litoral / interior, antes pelo contrário prejudica-a em favor do litoral, sendo de sinalizar a presença de cinco clubes das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores neste lote de classificados até ao sétimo lugar e o facto da Escola de Judo Ana Hormigo permanecer como caso isolado como clube do interior.
Apontamentos finais
Na análise das especificidades de 2025 podemos destacar o seguinte:
- Um evidente domínio do Sporting Clube de Portugal com 9 presenças nos classificados até ao sétimo lugar, entre os quais 3 títulos nacionais;
- Uma regularidade no desempenho coletivo da parte de clubes como o Sport Algés e Dafundo e a Associação Académica de Coimbra;
- A não presença no lote dos clubes que conquistaram títulos do SUS- Sport União Sintrense, do Sport Lisboa e Benfica e do Judo Clube do Pragal;
- A particularidade do SUS, apesar de não conquistar títulos ter 10 presenças nos classificados e classificadas até ao sétimo lugar;
- A presença nas posições cimeiras da tabela classificativa de clubes com uma vocação centrada na formação, mas que apresentaram um forte desempenho competitivo na prova tais como a Associação 4 Judo Project, a Sociedade Filarmónica Gualdim Pais e o Judo Clube de Portimão;
- O regresso a posições de classificação de clubes da Região do Porto, sendo uma delas de campeã nacional;
- A presença de um Clube Escolar na tabela classificativa, o CEJA, dos Açores.
Foto de destaque CVR – JM