Os cadetes de Lisboa

Dados e resultados do Zonal realizado no INATEL revelam elementos do estado da arte dos escalões de formação
JUDO LAB – Inovação e Desenvolvimento
As atividades desportivas que envolvem o escalão etário dos cadetes suscitam sempre grande curiosidade porque elas são o espelho de todo um trabalho que é realizado nos clubes e nas associações. Elas exigem um olhar reflexivo que de uma forma geral conduz a uma sistematização de experiências e à desocultação de tendências na evolução do judo distrital e até nacional.
Ao contactarmos com os dados do Zonal de Lisboa admitimos que seria útil organizar alguma informação sobre aspetos relevantes como participações, clubes, categorias de peso, resultados e outros para retirarmos algumas pistas para o “estado da arte da modalidade”.
Participação na prova
Admitimos que a abordagem ao tema da participação pudesse ser alimentada por algumas referências de base comparativa, mais ou menos elementares, e nesse sentido, a par dos dados de 2025, também mobilizámos os referentes a 2023 por estes proporcionarem alguma distância temporal e poderem ser úteis na deteção de eventuais tendências.
Participação geral
Na edição de 2025 participaram 143 atletas e 29 clubes. Na edição de 2023 161 atletas e 23 clubes.
Estamos perante uma redução de atletas participantes na ordem dos 11%, mas uma clara melhoria nas participações de clubes que aumentaram em 26% face a 2023.
Acontece que os clubes que fornecem os maiores contingentes de atletas reduziram as suas participações de uma forma significativa entre 2023 e 2025. Vejamos os contributos dos 5 clubes mais representativos neste item:
2025 Clubes e nó de atletas participantes | 2023 | Diferença | |
ULHT | 14 | 17 | +3 |
SCP | 12 | 20 | +8 |
SAD | 12 | 12 | 0 |
SLB | 9 | 12 | +3 |
JCLX | 9 | 20 | +11 |
56 | 81 | +25 [em 2023 que em 2025] |
Fonte: Relatórios das provas | Tratamento Judo Magazine
Uma redução de 25 atletas nos clubes que representam entre 40 a 50 % dos participantes na prova constitui apesar de tudo uma referência a ter em conta.
Já a evolução do número de clubes que surge como positiva mantendo a comparação entre 2023 e 2025, podemos assinalar:
Aumentou de forma significativa o número de clubes que apresentaram apenas um atleta [ passou de 1 para 7]
Clubes e atletas que os representaram
2023 – 2025
2023 | 2025 | Diferença [2023/2025] |
CNSu 9 | CNSu 5 | -4 |
GRGc 8 | GRGc 7 | -1 |
GCP 8 | GCP 7 | -1 |
SUS 8 | SUS 4 | -4 |
AJAm 6 | AJAm 4 | -2 |
CIMM 6 | CIMM 5 | -1 |
CBSu 5 | CBSu 3 | -2 |
CAAL 5 | CAAL 8 | +3 |
MMSC 4 | MMSC 8 | +4 |
FSAL 2 | FSAL 6 | +4 |
IPE 4 | IPE 2 | -2 |
EJND 3 | EJND 6 | +3 |
CJLo 3 | ||
JCP 3 | JCP 1 | -2 |
IJPF 3 | IJPF 1 | -2 |
AJFC 2 | AJFC 1 | -1 |
ACEO 2 | ACEO 1 | -1 |
ISJA 1 | ISJA 4 | +3 |
CJHj 4 CDMC 3 UMuc 2 JCSi 2 JCOd 1 SRDC 1 CJTo 1 [apenas 2025] |
Fonte: Relatórios das provas | Tratamento Judo Magazine
Registe-se a relativa instabilidade que ocorre nos clubes com importante, mas com um contributo menos forte na participação global que os 5 acima mencionados, como é o caso das Construções Norte Sul, do CR Gonçalvinhense, do Ginásio Clube Português, do Sport União Sintrense, da Academia da Amadora, do Colégio Monte Maior, do Colégio Bom Sucesso, do Clube da Alta de Lisboa, da Fundação Salesianos, do Mem Martins SC, do IPE. Instituto Pupilos do Exército, da Escola de Judo Nuno Delgado.
Instabilidade com uma tendência dominante de redução de apresentação de atletas na prova, mas com alguns casos isolados que vão no sentido contrário. É o caso do Clube da Alta de Lisboa, do Mem Martins, da Fundação Salesianos e da EJ Nuno Delgado que em alguns casos duplicaram o número de atletas que inscreveram na competição.
Quantos aos clubes que compareceram em 2025 e que não o tinham concretizado em 2023, eles contribuíram com 14 atletas o que no cômputo geral revela uma ampliação do trabalho com os cadetes nos vários territórios do distrito, apesar do enfraquecimento geral [em matéria de participação na prova] dos principais operadores, em termos médios..
As categorias de peso
Esta participação pode ser analisada à luz de 3 categorias principais:
- As categorias de peso de elevada densidade, acima dos 20 atletas
- As categorias de peso de média densidade, entre os 10 e os 19 atletas
- As categorias de peso de baixa densidade, entre os 9 a 1 atletas.
Se olharmos para os dados verificamos que as categorias de peso de –55 kg e de –66 kg mantém-se na categoria A, com 22 atletas em 2025 e 20 em 2023, no caso da primeira [-55 kg], enquanto a segunda [-66 kg] com 27 atletas em 2023, reduziu em 2025 a participação para 21. Nesta categoria A em 2023 existiam 4 categorias de peso [-50, -55, -60 e –66 kg], já em 2025 existem apenas 2 [-55 e 66 kg].
As categorias de peso na categoria B [entre 10 e 19 atletas] em 2025 são apenas 3 [-50 kg. -60 kg e –73 kg].
Já a categoria C [entre 9 e 1 atleta] integra todas as restantes: -57, -70, -81, -52, -48, -63, +90, -90 e +70 kg.
Assim, numa espécie de análise ABC encontramos
ABC das Categorias de peso [14] | Participação de atletas | ||
A | B | C |
2 | 3 | 9 |
14% | 21% | 65% |
Fonte: Relatórios das provas | Tratamento Judo Magazine
Medalhas e títulos
Esta vertente dos resultados da prova justificaria uma análise em maior pormenor, certamente alargando a base de comparação aos anos anteriores e cruzando a informação de todos aqueles e aquelas que conquistaram, pelo menos, uma posição no pódio.
Aqui fica apenas um apontamento sobre os títulos que, mantendo a comparação com 2023, indica-nos que existe uma grande diversidade de atletas e de clubes a conquistarem o primeiro lugar. na competição zonal de cadetes Se exceptuarmos o SLB em +90 kg e o SAD em –63 kg os títulos de 2023 mudaram de mão em 2025 e vários clubes vencedores em 2023, em 2025, conquistaram títulos noutras categorias de peso. A conquista de mais de um título foi uma exceção de dois clubes, o Sport Algés e Dafundo [2] e o Ginásio Clube Português [2], situação que em 2023 era ocupada pelo Sporting Clube de Portugal[3] e pelo Judo Clube de Lisboa [2].
Galeria | Zonal ADJL




Duas referências do judo nacional – Fernando Costa Matos e Henrique Nunes – que em Lisboa não são esquecidos e que observam a evolução da modalidade com sabedoria como poucos a terão.
Fonte : Relatório das provas ADJL – Associação Distrital de Judo de Lisboa