Polícia Judiciária avança com investigação à FPJ

Jorge Fernandes indignado com o comunicado da direção da federação
ENTREVISTA telefónica Judo Magazine .
Para Jorge Fernandes, ex-Presidente da Federação Portuguesa de Judo, o comunicado divulgado pela direção do órgão federativo do judo ao princípio da tarde surge como uma precipitação e coloca a imagem do judo em maus lençóis por se tratar de uma comunicação absolutamente dispensável.
“Tivemos situações similares durante os meus mandatos como Presidente, averiguações da Polícia Judiciária em relação à gestão de Órgãos Sociais anteriores e nunca divulgámos esta situação e tivemos razão. Não houve qualquer seguimento e consequências e o judo não precisou de estar nas bocas do mundo por razões não-desportivas” adiantou-nos o ex-Presidente da FPJ que responsabiliza os atuais dirigentes por lançarem o judo em situação de descrédito sem motivo forte para o fazerem
“Hoje estiveram às 7 da manhã 5 agentes da Polícia Judiciária na minha casa com um mandato que autorizava uma busca e o levantamento de material informático e do telemóvel” adiantou-nos Jorge Fernandes.
“Depois de consultarem os equipamentos e outros elementos os agentes intervenientes não encontraram justificação para proceder à apreensão do material citado, por não terem encontrado algo de relevante e dirigiram-se ao Judo Clube de Coimbra e à Câmara Municipal de Coimbra para prosseguirem o seu trabalho” informou-nos o principal visado neste processo que mobilizou o contabilista do clube para que ele fornecesse todos os elementos solicitados, relacionados com a contabilidade do clube.
Na Câmara Municipal de Coimbra, segundo Jorge Fernandes, o objetivo dos agentes operacionais da investigação era averiguar se o ex-Presidente da FPJ terá exercido alguma influência para que o Judo Clube de Coimbra obtivesse subsídios camarários.
“Tinham um guião e seguiram-no à risca e, sem qualquer receio, fomos fornecendo o que nos era pedido” adiantou-nos ainda o ex-dirigente federativo que confirmou que terá havido uma denúncia. Reafirmou mais uma vez que o objetivo do Comunicado da direção da FPJ ainda não está claro, mas a decisão de o lançar publicamente revela que eventualmente, estarão a tentar não ser implicados em temas e áreas de decisão das quais serão objetivamente co-responsáveis.
A solidariedade e a lealdade foram substituídas pelo sacudir da água do capote
A investigação constitui um procedimento absolutamente natural nos processos de averiguação face a factos que indiciem práticas irregulares ou até criminosas. A investigação não constitui qualquer forma de condenação, mas antes e só confirma que o sistema de justiça está a funcionar e que se admite que no final desta etapa sejam esclarecidas todas as dúvidas. Admite-se que posteriormente sejam aplicados critérios baseados nas regras da justiça.
O que foi noticiado
Comunicado da FPJ
“A Federação Portuguesa de Judo vem por este meio comunicar que no presente dia decorreram buscas por parte da Polícia Judiciária na sua sede, em Odivelas, cujo objeto é a gestão por parte do anterior Presidente, no período em que exerceu essa função. A Federação Portuguesa de Judo e os seus atuais órgãos sociais estão a colaborar ativamente com as entidades competentes com o intuito de ver esclarecidas todas as questões suscitadas e, consequentemente, ser apurada toda a verdade. Odivelas, 27 de março de 2025”
Numa primeira reação contida no comunicado e em declarações posteriores à Lusa a atual direção da FPJ procura demarcar-se desde logo de um Presidente em torno do qual pretende colocar um corredor sanitário.
“Isto está tudo ao contrário. Quando se trata de futebol o Presidente da Federação, no caso Fernando Gomes, é retirado de cena pelo Diretor Deral da Judiciária. Já no Judo é o inverso, o Presidente é o responsável por tudo e os outros dirigentes são desresponsabilizados” conclui Jorge Fernandes sobre este tema que ainda vão dar muito que falar.