Ana Hormigo foi despedida de forma ilícita e a FPJ vai ter que pagar retribuições e subsídios em falta

Na sequência de acção tendente à verificação do processo especial de impugnação da regularidade e licitude do despedimento, promovido pela Federação Portuguesa de Judo, o Tribunal de Trabalho de Sintra proferiu sentença em que declarou ilícito o despedimento de que foi objecto Ana Hormigo, dando assim razão à treinadora.

Ana Hormigo foi despedida por mail em 28 de novembro de 2022 quando era Treinadora Nacional

A sentença do Tribunal de Trabalho de Sintra favorável a Ana Hormigo, para além da situação concreta de uma trabalhadora ter sido despedida sem ter havido processo disciplinar, revela por um lado que a defesa de direitos de forma ativa por parte de quem é lesado é uma atitude louvável e fundamental em termos de cidadania e, por outro lado, confirma o ambiente “tóxico” denunciado pelo grupo de atletas que veio a público com a Carta Aberta que fez correr muita tinta e alertou para a liderança autocrática que se verificava do judo nacional.

O mau da fita

Sérgio Pina, atual Presidente da Federação Portuguesa de Judo, que era vice-presidente quando Ana Hormigo foi despedida, já informou que em nome da “paz e da normalidade no judo nacional” não será apresentado recurso e serão pagas as retribuições e subsídios em falta ordenadas pelo Tribunal..

Assim, tudo indica que a intenção é fazer passar o Presidente destituído, Jorge Fernandes, como o mau da fita e esperar que se acredite na história que o atual Presidente da Associação Distrital de Judo de Coimbra e ex-dirigente da FPJ agia na ilegalidade com selecionadores e com atletas, por conta própria e sem conhecimento dos atuais diretores da Federação.

Prejudicar o judo nacional

Fausto Carvalho, Presidente da Comissão Nacional de Graduações e pai do atual vice.presidente da Federação, Nuno Carvalho, na tribuna da tomada de posse dos atuais Corpos Sociais federativos exigiu que fossem castigados todos aqueles que ousaram no passado, no tempo de Jorge Fernandes, levantar questões no seu entendimento totalmente injustificadas e até anti-democráticas tendo em consequência prejudicado gravemente o judo nacional.

Pelos vistos quem prejudicou gravemente a atividade da seleção foram os dirigentes da altura ao despedirem Ana Hormigo que desempenhava um papel fundamental na coesão do grupo de atletas e era determinante no plano técnico no apoio às competidoras em situação de combate. Experiente, conhecedora dos pequenos pormenores do judo feminino Ana Hormigo deixou um vazio naquela função na seleção nacional que nunca mais foi preenchido e que ela continua a desempenhar apenas para os atletas do Benfica.

Este é também o entendimento de Fátima Duro advogada de Ana Hormigo que declarou à Lusa “A ausência de qualquer processo disciplinar, ao arrepio do que a lei determina, com um despedimento arbitrário, não fundamentado, prejudicou o trabalho desenvolvido pela até então treinadora”.

Desta forma a advogada deixou ainda claro que o presidente destituído, Jorge Fernandes, “prejudicou os interesses do judo nacional, tanto ao nível económico, como ao nível da estabilidade da seleção nacional”.

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