Montpellier, um ensaio concludente para os Jogos que estão a bater à porta

Medalha de bronze de Patrícia Sampaio fechou de forma brilhante o Europeu 2023 para Portugal

Patrícia Sampaio medalha de bronze em Montpellier

A organização da prova no sul de França demonstrou que os diversos ingredientes estão reunidos para que Paris 2024 venha a constituir-se como uma marca na futura imagem do judo como desporto de combate popular e de grande audiência.

Em fevereiro próximo ainda haverá uma última oportunidade para limar as arestas com a realização do Grand Slam de Paris, o principal acontecimento desportivo do calendário do judo fora as provas que estão associadas a títulos.

Atletas de Israel sem restrições

Foram tomadas medidas especiais para assegurar uma participação segura da seleção israelita cuja presença neste europeu já suscitou alguma controvérsia atendendo ao estatuto especial a que os atletas russos estão obrigados, só podendo participar mediante provas e declarações de neutralidade face à Guerra da Ucrânia, enquanto que atletas de Israel que estão ligados às forças armadas do país não ficaram, até à data, sujeitos a condições eventualmente idênticas.

Novidades nos equipamentos

Um judogi ecológico foi concebido e desenvolvido pela Adidas e foi usado pela equipa de França durante a prova, anunciando de alguma forma mudanças no terreno dos equipamentos desportivos.

Foi testado durante um ano em laboratório, incorpora materiais reciclados e já obteve a certificação da Federação Internacional de Judo revelando desta forma a resistência e a consistência necessárias.

O desporto e a inclusão

O Governo Francês surgiu como dos patrocinadores da prova europeia tendo sido possível acompanhar os atletas em competição com banners publicitários de fundo com a mensagem: liberdade, igualdade e fraternidade. Uma forma de comunicar em termos institucionais mas assumindo também um posicionamento claro quanto às questões mais tensas da atualidade política internacional. De igual forma a Grande Região da Occitânia que reúne no mesmo bloco territorial e administrativo as cidades de Toulouse e Montpellier anunciou nos suportes publicitários das áreas de combate a nova medida social que assegura os transportes públicos gratuitos para todos na Metrópole. Estes são indicadores que o judo, como desporto de combate, em França, comunica com um público de grande amplitude popular e não se circunscreve aos praticantes e familiares.

Se tivermos em conta o projeto pioneiro lançado pela FFJDA – France Judo, por ocasião dos JO Paris 2024 que visa abrir 1000 dojos em áreas residenciais populares onde habitam populações carenciadas e por vezes discriminadas, sentimos que existe uma dinâmica que pretende carimbar uma visão do judo na qual o negócio e o sentido comercial não devem ser hegemónicos.

Patrícia e Bellandi

Cada uma fez o seu caminho nesta prova. Mas nos quartos-de-final voltaram a medir forças. No recente Grand Slam de Abu Dhabi a italiana levou a melhor e acabou por vencer com muita segurança. A forma como dominou Patrícia Sampaio no chão, foi exemplar. Esperava-se que neste embate em Montpellier a atleta transalpina procurasse situações de nage waza e mais uma vez resolver a contenda com a sua arte de controlar as suas adversárias no chão.

Mas foi o oposto que aconteceu. Pura e simplesmente Bellandi antecipou todo e qualquer ataque de Sampaio tomando a iniciativa de atacar sistematicamente. E resultou em pleno. A atleta tomarense que tinha mostrado num combate anterior, que concluiu em alguns segundos, que vinha para vencer não teve margem de manobra para fazer valer o seu judo que se tornou explosivo e particularmente eficaz.

Bellandi venceu por wazari e remeteu Patrícia Sampaio para a repescagem. Nesta fase de acesso à medalha a atleta lusa não facilitou a vida às suas adversárias. Venceu e convenceu primeiro contra a vencedora de Malonga (FRA), que ficou pelo caminho, a ucraniana Lytvynenko e na disputa do bronze, contra a neerlandesa Steenhuis, que por sua vez tinha afastado Tcheumeo (FRA) da rota da final, venceu por ippon depois de ter marcado um wazari.

A jornada não correu bem nem a Rochele Nunes nem a Jorge Fonseca que foram afastados nas primeiras etapas das eliminatórias, mas ficará na memória da alemã Alina Boehm que conquistou a medalha de ouro em -78 kg contra a italiana Bellandi.

Alina Boehm, Campeão da Europa -78 kg

Fotos © UEJ De Feliciantonio

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