A caderneta mágica

VIDA DOS CLUBES – Clube Hajime fez entrega de cadernetas de cromos na Escola Secundária de Benfica

REPORTAGEM JUDO MAGAZINE

Sabes qual é o número de cromo atribuído a Artur Jorge, um grande futebolista e treinador, que aliás foi fundador do Sindicato dos Jogadores de Futebol, brilhou na seleção nacional e em vários clubes nomeadamente na Associação Académica de Coimbra enquanto era estudante na cidade do Mondego? [cujo falecimento foi ontem anunciado, sendo esta uma pequena homenagem ao jogador e ao cidadão] Pois o número é o 240, na coleção Helvetia.

A caderneta de judo. São 4 os cromos em cada saqueta.

A tradição dos cromos, essa pequena paixão para quem tem espírito colecionador, chegou ao judo. É agora possível adquirir uma caderneta e dar início a um processo de preenchimento sistemático que poderá servir para brincar e aprender.

O brincar confunde-se aqui com a relação social e as interações entre jovens judocas que poderão trocar cromos entre eles e o aprender surge com a mesma ênfase que o divertimento porque todos os temas presentes nas 28 páginas da brochura têm um caráter didático e obedecem a uma estratégia de aprendizagem baseada em processos lúdicos.

Uma caderneta completa

Os cintos, a história do judo, as posições básicas, as saudações, as quedas. as técnicas, o judogi, o dojo, a arbitragem e o código moral surgem na estrutura da publicação através de uma sequência lógica e, em cada página, estão inscritos retângulos verticais que acolhem, na numeração equivalente, cromos que são adquiridos em pequenas saquetas.

Uma ferramenta complementar

A gestão da progressão de cada jovem passa a ter uma representação material e tangível, fornecendo ao treinador e aos pais que acompanham os judocas aprendentes uma novo elemento de aferição e de partilha das aprendizagens.

A dimensão lúdica coabita com a dinâmica pedagógica que favorece uma aprendizagem participada o que facilita todo o mecanismo de apropriação, na sua diversidade, pelos vários intervenientes no processo. A caderneta introduz uma nova dinâmica de desterritorialização das aprendizagens – fora do dojo – que a pandemia de COVID-19 introduziu, de forma tímida mas desafiante, num período apesar de tudo prolongado.

Treinadores e pais na expectativa

Trata-se de algo de novo que os treinadores terão que integrar nos seus planos de treino, da mesma forma que os pais terão que lidar com matérias ligadas ao judo, que por certo acompanham fora do tapete sem se implicar excessivamente, mas que agora vão precisar de assegurar um maior envolvimento para serem parte ativa desta forma de aprendizagem informal.

Uma apresentação com muitas perguntas

A aula de judo começou e a presença da caderneta foi logo notada. A seguir à saudação inicial o tema abordado, a título de exemplo e que consta no verso da contra-capa da publicação, foi o Código Moral do judo. Mais concretamente foi abordado o significado da coragem pelo treinador Ruben que também ouviu várias sugestões dos jovens judocas para a clarificação do conceito.

O treinador recorreu ao exemplo da vacina “Há quem não goste de ser vacinado. Mas como a vacinação é um imperativo de saúde pública, no dia previsto para a pequena infiltração é preciso dar prova de coragem e apresentar-se, sem receios e confiando naqueles que nos querem ajudar. Assim, fazer algo que não nos agrada mas que é absolutamente necessário fazer, requer coragem”.

A ligação à caderneta foi rapidamente estabelecida “Quando quiserem recordar os vários valores que constam no Código Moral do judo, podem ir à caderneta e rever os cromos. E já sabem, aqui na aula quando avançarem nas técnicas e nos temas terão direito a cromos que eu próprio vos vou oferecer”.

Caderneta é fixe!

“Ainda não sei bem, mas acho que vai ser interessante. São muitos cromos para colecionar. Vai ser preciso colá-los” adiantou-nos Gustavo que estava a dar os primeiros passos com a caderneta debaixo do braço.

Gustavo achou a caderneta fixe

“Vamos colar os cromos. Quando não nos lembramos das técnicas podemos vir à procura dos nomes. E há os cintos. Estão lá todos e vai até ao cinto negro” estas foram algumas das reações e afirmações dos jovens judocas que se juntaram em círculo para comentar o conteúdo deste novo elemento que irá ter presença regular nas aulas de judo.

Pais atentos

“Já vi. É muito interessante, está bem pensada. Em vez de serem cromos da bola são da modalidade. Quando chegar a casa vou ver melhor” adiantou-nos o pai do Gustavo que estava a acompanhar as entregas da caderneta.

O pai do Gustavo com uma primeira impressão positiva.

Uma atividade pedagógica e familiar

“Faz muito sentido para eles executarem as técnicas de forma aperfeiçoada. Quando chegam a um ponto alto do nível da execução de uma determinada técnica, recebem cromos. Tem um sentido pedagógico muito interessante. Também proporciona convívio e interação com os outros. E já agora também os retira dos ecrãs do telemóvel ou de outros dispositivos de base digital, nem que seja por alguns minutos. Já vi que também introduz elementos organizados sobre vocabulário. É de todo positivo” adiantou-nos uma mãe de um dos judocas que estava a participar na aula.

Uma mãe atenta à dimensão pedagógica da caderneta

Um reforço importante

“Já tinha ouvido falar disto e a intenção de realizar este tipo de atividade nas escolas. É um reforço muito positivo. Vamos certamente envolver a família nestas atividades” adiantou-nos um terceiro pai que observava com atenção as explicações do treinador sobre os próximos passos que irão ser dados com a vedeta da jornada, a caderneta de judo.

O pai de um dos jovens atleta adianta uma avaliação positiva do reforço que a caderneta representa em termos de aprendizagem.

O Clube de Judo Hajime insere entre as páginas da caderneta, que é distribuída aos jovens judocas, uma nota explicativa sobre os objetivos e a forma de alimentar o processo de preenchimento. Por um lado a distribuição pelos professores e por outro a aquisição de saquetas pelos pais que pretendam obter outros cromos para além daqueles que são oferecidos durante as aulas.

Uma ferramenta que se inscreve nos processos de inovação pedagógica que melhoram a modalidade e solidificam a relação dos praticantes com os clubes.

© Fotos e reportagem Judo magazine

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