Telma, jogos fáceis não são para mim

A multicampeã vem relembrar aos que não querem acreditar que ela vai estar em Paris 2024

Nada melhor para abordar este tema da resistência e do espírito de vitória contra as adversidades que recorrer a uma entrevista que Telma Monteiro concedeu aos media da União Europeia de Judo logo a seguir à conquista do título europeu, em Lisboa, já com 35 anos.

Telma Monteiro, habituada aos pódios nos quatro cantos do mundo.

“Será difícil encontrar alguém que não conheça o seu nome. Com 35 anos tem ganho de forma consistente medalhas e títulos nas provas da IJF desde 2009. Conta com uma medalha de bronze nos Jogos Olímpicos e outras medalhas de âmbito mundial. Ontem foi uma vitória muito emocionante, previsivelmente será o seu último título europeu, mas que melhor sítio para o conquistar do que na própria casa?”.

Assim é introduzida uma entrevista cheia de pequenos pormenores da jornada da campeã europeia que revelou, por exemplo, ter tido problemas num ombro que a obrigou a alterar a sua preparação para esta prova.

No seu espaço nas redes sociais veio a público reafirmar o seu sentido de combatividade, demonstrando que nas diversas adversidades e muitas vezes face a opiniões discordantes ou renitentes, desde 2004, ela concretizou contra ventos e marés os seus objetivos. Aqui está, através da escrita da própria, a cronologia dos factos e a forma como ela agiu em cada situação.

“Quantas vezes na minha vida ouvi que não ia conseguir? Foram tantas (!) e todas foram derrubadas, uma após outra.

2004, Atenas

Tenho de voltar a 2004 para me lembrar de uma das primeiras, quando disseram que não era possível qualificar-me para ir aos Jogos de Atenas porque era muito nova (18 anos) e não tinha experiência (fazia judo há 4 anos). Não só fui, como ganhei combates e antes ainda ganhei medalha no Europeu Sénior e no mesmo ano fui Campeã da Europa Júnior e medalha mundial com um ligamento todo rasgado.

2010, mudanças de regras FIJ

Mas reviravolta não é reviravolta se não andar até 2010 onde a minha carreira ‘ia acabar’ porque as regras tinham mudado e já não podia executar as técnicas que fazia.. Vice-Campeã do Mundo, medalha no Europeu… e etc etc.

2015, operação ao cotovelo

Mas deixem-me avançar até 2015 quando fui Campeã da Europa pela 5a vez, 2 meses ou menos, depois de ter sido operada ao cotovelo.

2016, Rio de Janeiro

Parece que foi ontem quando ganhei a Medalha nos Jogos Olímpicos, menos de 6 meses depois de ter sido operada ao ligamento, com 30 anos!

2021, Lisboa

Campeã da Europa em Lisboa, com 35 anos e uma lesão grave no ombro!

2022, Baku

Ou o ano passado (!) quando fui à final o Grand Slam, 2 meses e meio depois de operar o menisco.

Estas são só algumas das vezes que ouvi as pessoas dizerem que não ia conseguir, que não era possível! Que não devia competir.

Se há um 1% de chance. Há chance.

E se há chance e é possível, eu vou conseguir. Se é difícil, parece impossível e dizem que não vai dar, eu sou a pessoa para fazer acontecer. Este é o meu jogo favorito!

Quando as pessoas dizem que não vamos conseguir, na verdade o que querem dizer é que no nosso lugar, elas não conseguiriam. Mas por isso é que eu sou eu e elas são elas.

É difícil? Muito! Mas jogos fáceis não são para mim.

Level up!”

Relembramos, na circunstância, uma peça que publicámos sobre o Glossário Criativo que os fãs da multicampeã produziram informalmente e que nós organizámos:

Fontes : Rede social de Telma Monteiro, UEJ e Judo Magazine.

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