Pedro Gonçalves revela-nos o kodomo-no-kata

É possível fazer diferente e, no conjunto, fazer melhor. Esta linha de pensamento cria algumas tensões, sobretudo nas formas de pensar marcadas pela linearidade e pela unilateralidade. Mas a diferença e a diversidade são fontes de riqueza e de crescimento, melhor, de desenvolvimento. Teremos que admitir que quanto mais a modalidade incorpora formas diversas de ser praticada, melhor é o seu potencial de atração e de retenção de praticantes.

Atração e retenção

Sim falamos de atração. Afinal a lógica da competição não atrai necessariamente toda a gente. Mas falamos também de retenção. Ou seja, uma das matérias mais críticas do judo que é a denominada desistência ou até por vezes, o abandono contra-vontade.

É difícil perceber que praticantes jovens ou adultos um dia cheguem a casa e afirmem “Já não vou mais!”. Para quem conhece o íman que se encontra no tapete (e fora dele) desta modalidade tão especial, a aceitação da decisão de desistir, por parte de alguns, não é nada fácil. Trata-se de uma opção totalmente legítima, relacionada com a liberdade de escolha. Mas às tantas o que terá faltado terá sido uma ALTERNATIVA.

Hoje Pedro Gonçalves adianta-nos uma das referências mais significativas do leque de alternativas que podem estar presentes na prática da modalidade.

Outra abordagem às katas e à relação com os princípios do judo que surge como profundamente pedagógica e certamente apaixonante para alguns segmentos de praticantes. Há judocas que apreciam outros tipo de prática desportiva centrada na precisão e no rigor técnico e que encontram satisfação nos elementos complementares mais ritualizados e até mais orientados para uma reflexividade estruturante sobre o corpo, o movimento e o autocontrole.

É desses e doutros judocas que Pedro Gonçalves nos fala hoje destacando também as possíveis utilizações, no campo das demonstrações de judo e na organização das graduações iniciais, desta proposta baseada nas katas.

Estágio de KODOMO-NO-KATA

por Pedro Gonçalves

A Escola de Judo de Coimbra realizou no seu Dojo um Estágio de KODOMO-NO-KATA, que contou com a participação de atletas de Coimbra, Viseu e Tomar. A ação foi orientada por Pedro Gonçalves (7ºDan), com a colaboração de Paulo Moreira (6ºDan) e Nuno Silva (4ºDan), técnicos do clube organizador.

O KODOMO-NO-KATA foi desenvolvido pela Federação Francesa de Judo, Kodokan e Federação Internacional de Judo, tendo sido apresentado pela primeira vez em 2020. É composto por 7 grupos, podendo cada um ser praticado de forma independente. Aborda de modo progressivo, em forma de kata, os fundamentos técnicos básicos do JUDO, incluindo REI-HO, UKEMIS, DESLOCAMENTOS, TAI-SABAKI, NAGE-WAZA E OSA…

Pode ainda ser usado como critério para obtenção das primeiras graduações assim como para apresentação em demonstrações.

Na Serra da Lousã

Para além do treino de Judo, o estágio realizado incluiu uma atividade extra – a subida da Serra da Lousã, desde a vila da Lousã até ao TALASNAL, fantástica aldeia de xisto situada no sopé da serra.

Participaram neste estágio o Mestre Manuel Martins (7ºDan), antigo presidente da Comissão Nacional de Graduações, e o Mestre Manuel Francisquinho (6ºDan), responsável pela Comissão de Katas da Associação de Judo de Santarém.

Serra da Lousã

Fotos © Pedro Gonçalves

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