ENTREVISTA | Fundo de emergência na Áustria apoia organizações

JUDO Magazine | 9 de outubro 2020 | Internacional | ENTREVISTA a Martin POIGER Presidente da Federação Austríaca de Judo | O confronto entre as duas equipas nacionais da Alemanha e da Áustria, como primeiro sinal de retoma do judo europeu, foi noticiado na JUDO Magazine e desde logo saltou-nos a curiosidade sobre o estado real da modalidade naqueles países atendendo à pandemia de COVID-19.

O nosso contacto com Martin Poiger foi particularmente elegante e amigável. Presidente de uma Federação com 20.000 atletas e mais de 200 clubes o nosso interlocutor compreendeu que as escalas relativamente próximas da judo luso e austríaco justificavam a abordagem e a nossa curiosidade.

Foi nossa intenção divulgar algumas informações sobre a retoma das atividades do judo na Áustria e conhecer as iniciativas que foram tomadas pelos dirigentes da modalidade naquele país. Quando tomámos conhecimento do lançamento, pelo Presidente da Federação, de uma Carta Aberta aos municípios, o nosso interesse em conhecer os resultados da iniciativa redobrou.

JUDO Magazine | JM – A sua Carta Aberta dirigida aos Bürgermeisterin teve feedback positivo? Como é que eles reagiram?

Martin Poiger | MP – Recebemos informações que

vários clubes a consideraram muito útil e, em consequência, obtiveram melhores apoios.

Ainda existem várias escolas fechadas que impedem que os clubes de judo também funcionem, o que é um problema. Procurámos sublinhar que, nas atuais circunstâncias, o desporto organizado é muito importante para as crianças e para os jovens e os riscos existentes podem ser totalmente controlados.

JM – Temos acompanhado o grande esforço da União Europeia de Judo e das Federações nacionais em comunicar na base de um discurso positivo nesta fase da pandemia COVID-19. Acha que as instituições e os atletas do judo estão otimistas neste momento em relação ao futuro?

MP – O que notamos é que os atletas de toda a Europa sentem falta da competição e apreciam particularmente o esforço de serem realizadas competições de menor dimensão, como foi a prova por equipas em Viena ou o torneio em Portugal juntamente com a equipa do Brasil.

Assim a confirmação do Grand Slam Budapeste representa um forte sinal de que o judo pode realizar plenamente as suas atividades desde que cumpra as regras de forma rigorosa e garanta a segurança e a saúde dos atletas.

O mais importante para nós é realizar o Campeonato da Europa em Praga – conjuntamente com a Federação Checa de Judo estamos a trabalhar esforçadamente para que ele seja realizado de 19 a 21 de novembro.


Por outro lado, os números da pandemia têm vindo a subir novamente em toda a Europa e é preciso manter todos os esforços para preservar um nível elevado de otimismo. Claro, todos nós esperamos que o vírus esteja sob controle em breve.

JM – Que iniciativas de comunicação a Federação Austríaca de Judo desenvolveu durante o confinamento? Tiveram um impacto real e ajudaram clubes e atletas a enfrentarem esta nova situação?


MP – Em primeiro lugar, tentámos informar todos os clubes sobre as regras e incentivá-los a continuar, com grupos reduzidos, parceiros fixos, etc. O apoio financeiro para nossas regiões (distritais) e clubes está atualmente em discussão.

Felizmente, o governo austríaco entretanto criou um fundo de emergência, ajudando todas as organizações sem fins lucrativos.


Além disso, contratámos profissionais para comunicação estratégica e redes sociais. Queremos elevar o nível de Marketing e Media a um novo nível.
No fundo, acreditamos que informações válidas e uma boa imagem geral da modalidade nos media ajudarão a manter um bom número de clubes em funcionamento.
Claro, com esta pandemia vamos perder clubes e atletas.

JM – Algumas informações sobre a situação mundial e as dificuldades de alguns países, como a Serra Leoa a nível internacional, reforçam o espírito de solidariedade no judo. Houve outras situações relatadas e até apoiadas pela UEJ e pela Federação Austríaca?


MP – Na UEJ, tentámos relatar e divulgar histórias de sucesso de toda a Europa, nomeadamente a forma como os atletas de topo estão a lidar com a pandemia ou como as colaborações regionais ajudam a superar a falta de treinos e bons Randori (por exemplo, Eslováquia e República Checa, Alemanha e Áustria , Portugal e Brasil). Eu realmente acredito que a comunidade do judo é muito forte e a solidariedade internacional é algo muito natural para o judo e os judocas – você não pode tornar-se um bom judoca sozinho, só é possível através de um esforço que tem que ser mútuo.

© foto Credit: EJU/Marx

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