FORMAÇÃO | Aprender através do jogo

JUDO MAGAZINE | Formação

A ADJA-Associação Distrital de Judo de Aveiro vai dinamizar uma ação de formação com a preciosa colaboração do formador Saimon Magalhães que aborda os assuntos pedagógicos a partir de uma leitura de natureza sociológica, remetendo sobretudo para os hábitos de consumo e de organização pessoal dos mais jovens atendendo aos estilos de vida atuais. A importância da atividade desportiva, do jogo e de uma organização diversificada das aulas de judo são temas aqui adiantados pelo orientador da sessão de formação que decorre no dia 25 de abril a partir das 14h00.

Todos os indivíduos necessitam de atividades físicas para o seu desenvolvimento, tanto no aspecto biológico quanto no conhecimento do corpo, criando assim habilidades de controle, coordenação, equilíbrio, força e agilidade em diferentes atividades. Com as crianças não é diferente, pois elas precisam ser bem ativas para crescerem de forma saudável. Quando são estimuladas enquanto pequenas, levam consigo os benefícios por toda a vida.

Nesse sentido, deve ser implantado o gosto pela prática regular de exercícios físicos na infância, hábito que irá persistir inclusive durante a vida adulta, diminuindo o risco com problemas crônico-degenerativos, como diabetes, hipertensão, colesterol elevado, visto que as crianças estão adquirindo hábitos que levam a uma maior ocorrência de doenças por despenderem muito tempo com atividades hipocinéticas, como assistir à televisão, ficar em frente a computadores, games, smartphones, tablets, entre outros (PINHO; PETROSKI, 1997).

Desporto e crescimento saudável

Além disso, a prática de exercícios físicos, especificamente os esportes, tem papel importante na formação da criança, pois ajuda a desenvolver conhecimentos, habilidades, valores e posturas que contribuem para um crescimento saudável e para a formação da cidadania. Mas infelizmente, principalmente nas grandes cidades, essa prática está comprometida, pois as crianças estão brincando e se exercitando cada vez menos. Segundo Farinatti isso acontece porque “os espaços para as crianças realizarem atividades ao ar livre estão progressivamente menores no meio urbano”.

Outro fator impactante se deve à rotina acelerada dos pais por conta dos seus afazeres laborais, que optam muitas vezes por matricular seus filhos em instituições de ensino integral, nas quais as crianças passam muitas horas em uma rotina repleta de deveres e com pouquíssimo lazer.

Além disso, o desgaste com o excesso de atividades e o pouco tempo livre para brincar tornam essa rotina cansativa e as crianças tendem a perder o interesse rapidamente pelas atividades extraclasses.

Metodologias alternativas

O mesmo acontece com o judô, pois se as aulas seguirem sempre a ordem clássica e rígida de alguns anos atrás, com excesso de quedas e repetições técnicas, dificilmente conseguirá manter as crianças interessadas na atividade. Assim, é de suma importância que o professor utilize metodologias alternativas, como as atividades lúdicas, e que sejam um fator motivador nas aulas.

Fazer com que a criança goste da atividade praticada torna a sua participação mais prazerosa, deixando-a mais motivada e interessada em continuar por um período de tempo mais prolongado, além disso não há nada mais prazeroso para a criança do que brincar.

Como citam Olivio Junior e Drigo (2015), embora as atividades lúdicas sejam importantes para a formação integral das crianças, elas não podem ser confundidas com recreação, muito menos acontecer nas aulas sem a sistematização correta. Segundo Oliveira (1997, p. 21), “se a aprendizagem for significativa, terá objetivos pré-determinados, respeitará as diferenças individuais e atenderá interesses, consequentemente, assim, vai gerar motivação”.

Plano de aula

Um plano de aula e/ou treinamento que fuja desse contexto e que seja elaborado sem ter um conhecimento prévio da turma tende a fracassar, tendo em vista que a grande maioria das turmas se difere uma da outra e principalmente de uma escola para outra, mesmo sendo da mesma idade. Para Lex (2017[GQ2] , p. 46), “é necessário relevar também a idade biológica, ou seja, nem todos com a mesma idade cronológica têm a mesma maturação, o que pode resultar em pequenas variações nos estágios de desenvolvimento”. Sabendo disso, o professor encontrará mais facilidade para alinhar os conteúdos programados para as aulas com a real condição de realização do aluno.

Ministrar aulas sem levar em consideração esse conhecimento prévio faz com que, muitas vezes, os professores não respeitem o nível de desenvolvimento motor e maturação das crianças e acabem por conta disso acelerando esse processo. Embora o instrutor de judô pense que está apenas ajudando a criança a aprender mais rápido, acaba pulando etapas, deixando lacunas na aprendizagem, as quais certamente irão atrapalhar futuramente os seus alunos.

Além disso, para atuar com o desenvolvimento infantil, é importante que o profissional tenha um amplo conhecimento sobre anatomia, desenvolvimento motor, fisiologia do exercício, cinesiologia, psicologia, pedagogia e didática de ensino (LEX, 2017).

Respeitar diferenças entre adultos e crianças

Muitas vezes os professores que trabalham com o judô não possuem formação acadêmica e suas aulas são baseadas na transmissão de conhecimentos adquiridos de seus professores. Segundo os estudos de Drigo (2007, 2008, 2011), esse é o modelo artesanato, o qual é “a forma que se enquadra os processos de ensino e aprendizagem do judô, a qual apresenta-se na formação que tradicionalmente os faixas pretas, instrutores, técnicos e dirigentes se enquadram no Brasil” (2015, p. 29). [GQ3] Por conta disso, um conteúdo importante ensinado no curso de educação física acaba ficando de lado, o crescimento e desenvolvimento humano.

É importante também que os professores tenham consciência que existem diferenças na metodologia de um trabalho visando o desempenho desportivo e o que objetiva a formação da criança. Deve haver discernimento que uma criança não deve ser submetida ao mesmo treinamento destinado aos adultos. A criança tem detalhes e fatores relacionados ao seu desenvolvimento muito mais importantes do que certos detalhes técnicos (ASSOCIAÇÃO…, 2006).

A escolha de conteúdos e estratégias metodológicas para o trabalho com crianças tem que levar em consideração a inter-relação entre os aspectos biológicos, socioculturais e o dinamismo do ambiente da aprendizagem. [GQ4] Pensando nisto, a utilização de um método de ensino que possa priorizar a aprendizagem através do jogo, facilita que a criança aprenda os fundamentos básicos do Judô e possam vivenciar as técnicas de projeção e de solo, focando na aprendizagem do movimento e não na busca da perfeição do gestual técnico. Usando também como base a Pedagogia Complexa do judô, nessa fase de iniciação ao judô (6-12 anos), também conhecida como terceira infância ou idade escolar, o enfoque nesse período precisa ser no primeiro grupo das unidades funcionais, sendo elas o pré-contato, controle em pé, controle em transição e controle no solo (OLIVIO JUNIOR; DRIGO, 2015).

Saimon Magalhães, formador

  •  – Bacharel e licenciado em Educação Física. 
  • – Graduado como instrutor pela IJF – Academy 
  • – Especialista em Atividade Física na Infância, Ludicidade, Recreação e Lazer. 
  • – Treinador e fundador da escola de judo no Brasil – OTTO JUDO 

SESSÃO DE FORMAÇÃO

JUDO – APRENDER ATRAVÉS DO JOGO
Destinatários da ação: Treinadores de Judo Treinadores Estagiários Atletas que estão a tirar curso de Treinador de Judo
Conteúdos da ação: – Judo Tradicional x Judo Infantil – Metodologia de Ensino do Judo Infantil – Como montar uma aula de Judo Infantil – Sequência Pedagógica de Ensino – Como elaborar Jogos e educativos nas aulas de Judo

Inscrições:
GRATUITAS
Até dia 22 de abril de 2021
Limite de inscrições – 95 formandos

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SOBRE O AUTOR | Editor

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