O Canto do Chão

Um estágio para aprender judo, em Tomar, com Flávio Canto (I)

Flávio Canto orientou o Estágio de Tomar organizado pela AJD de Santarém

O Canto da Terra é uma peça incontornável da música erudita. Das Lied von der Erde é uma obra de Gustav Mahler. É considerada, por alguns críticos, como a obra mais importante deste autor. Nesta obra, tornam-se visíveis as qualidades mais singulares do compositor: a angústia existencial e a sublime grandiosidade. O Canto da Terra não é a mesma coisa que o Canto do Chão.

O chão é a metáfora mais adaptada ao olímpico brasileiro, Flávio Canto, que é não só um dos melhores especialistas do judo no chão como é o dinamizar de um projeto de judo inclusivo, que faz “levantar as pessoas do chão para a dignidade e a cidadania”, o projeto do Instituto Reação que tem origem nas favelas do Rio de janeiros.

Mas a vontade de associar a arte de Flávio Canto, no Ne Waza, à explosão criativa de Mahler é quase incontrolável. Flavio Canto tem uma visão muito singular do trabalho no chão em judo. Para ele não há judo em pé e depois judo no chão. Há obrigatoriamente um contínuo entre ambos e a transição pé-chão é algo de intrínseco à própria modalidade. No judo em pé tem que se estar a pensar em posições em função do chão e vice-versa.

Segundo Flávio Canto judo no chão é cara-a-cara. Não se pode deixar o adversário fechar-se e impedir as ações de controlo e trabalho no chão. O mais importante é trazer consigo a intenção de continuidade de um judo que não tem separações artificiais.

Em Tomar, no estágio, orientado pelo atleta olímpico, medalhado em Atenas em 2004, esta foi uma das matérias mais relevantes que interpelou o judo de muitos atletas que consideram o judo no chão como uma área de pouco interesse, e que organizam o seu desempenho em combate exclusivamente com técnicas de projeção, em pé.

(Artigo 1 sobre o Estágio de Tomar com Flávio Canto, continua…)

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