As lições de Cyrille

Cyrille Marret esteve a orientar a primeira fase do 34º Académica Judo Camp e antes do seu regresso a França conversámos com ele. A secção de judo da Associação Académica de Coimbra e os participantes no estágio fizeram um balanço muito positivo da iniciativa que, nos termos dos organizadores, é o mais antigo e o maior estágio de judo que se realiza em Portugal

O Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva e o Vereador do Desporto Carlos Lopes vieram dar as boas-vindas aos participantes no estágio

Decorreu entre os dias 28 de agosto e 1 de setembro no Pavilhão Multidesportos Dr. Mário Mexia, em Coimbra, mais uma edição – a 34ª – do Estágio Internacional da Académica, que contou com a presença de praticamente duas centenas de judocas, incluindo equipas portuguesas, francesas e espanholas.

O quadro técnico do estágio foi desde logo uma garantia de sucesso, estando a orientação a cargo de conceituados treinadores, como o judoca francês Cyrille Marret (bronze olímpico Rio de Janeiro 2016, seis vezes medalhado em Campeonatos da Europa, Campeão do Mundo Juniores), Nuno Delgado (Campeão Europeu, medalhado olímpico, Secretário para a Educação da União Europeia de Judo), João Neto (Campeão da Europa, bronze no Mundial, olímpico, treinador de competição da Académica). O estágio apresentou assim uma forte vertente técnica e competitiva.

Não há apenas uma verdade no judo

“Um estágio muito bom com participantes muito atentos e sobretudo muito interessados. Trabalhámos com intensidade e foi muito positivo” Cyrille Marret

Uma participação muito diversificada num estágio marcado pela boa disposição

A progressão deve ser pensada como algo que se concretiza lentamente.

Cytille Marret tem ideias próprias sobre os processos de aprendizagem no judo e sobre a relação que se estabelece entre quem orienta e quem participa. Como nos adiantou, agora que terminou a sua carreira de atleta ao mais alto nível, sente um grande prazer em transmitir as bases do seu judo. Mas alerta para uma visão flexível do processo de apropriação e de utilização dos novos adquiridos.

“Contrariamente ao que estou habituado, em França, onde os estágios estão muito marcados pela ideia do randori e da preparação para a competição pura e dura, verifiquei que os judocas portugueses dão muita atenção ao uchi-komi, às atividades de repetição e de aperfeiçoamento. Para mim esta forma de praticar judo não me admira nada. Nas provas internacionais os competidores portugueses apresentam sempre um judo tecnicamente evoluído. São portadores de uma boa técnica” começou por nos adiantar o atleta olímpico francês.

E Cyrille Marret tem uma teoria muito própria sobre a relação entre o que se aprende e que se pratica. Como ele nos afirmou “Não há apenas uma verdade no judo. Não é assim e está dito. Todo e qualquer um deve apropriar-se daquilo que é transmitido e depois fazer à sua maneira. Eu apresentei algumas formas de executar algumas técnicas. Não são as formas clássicas e podem servir para que cada um procure melhorar o seu judo, mas a minha convicção é que a progressão deve ser pensada como algo que se concretiza lentamente.

No balanço do Estágio a Académica destaca a importância da participação dos escalões de formação e o espírito de camaradagem que dominou o evento.

“Este ano deu-se continuidade à preocupação acrescida com a área da formação, com treinos dirigidos para as classes mais jovens, treinos estes que decorreram no piso 1 do centro comercial Alma Shopping, com um tapete de 50 metros quadrados.

O estágio teve forte adesão das camadas de formação. Foram treinos de imensa aprendizagem em que a maioria dos atletas aproveitou a oportunidade para iniciar mais uma época competitiva depois das férias de Verão. O evento teve um forte espírito de camaradagem entre atletas e treinadores.

Para além da vertente desportiva, este estágio foi também um momento de festa e de confraternização de todos os judocas presentes, existindo um programa social que teve uma adesão significativa. No dia 29, ao jantar, realizou-se uma febrada no Campo de Santa Cruz, em Coimbra, com a participação de todos os atletas e treinadores do estágio.

Para os responsáveis do Judo da Académica o estágio foi considerado um sucesso por todos os presentes, realçando-se a qualidade técnica dos treinadores e o elevado número e valia dos atletas. O Estágio da AAC reafirma-se assim como o mais antigo, o maior estágio realizado em Portugal.

Estiveram presentes no estágio o Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, o Vereador do Desporto da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Lopes e o Presidente da Associação Distrital de Judo de Coimbra Jorge Fernandes. Ambas as entidades foram fundamentais para a realização do estágio, nomeadamente através do apoio logístico”.

“Ter o Cyrille connosco durante estes dias foi uma experiência muito positiva para os jovens judocas que participaram no estágio, não só pelo conteúdo técnico que ensinou mas sobretudo pela sua postura e modo de viver o judo. Um excelente atleta que se tornou também num excelente preletor e deixou claramente uma marca em todos os que tiveram a oportunidade de aprender com ele” comentou Catarina Costa ao Judo Magazine numa avaliação qualitativa que destaca as dimensões humanas e atitudinais de Cyrille Marret, valorizando o seu desempenho em Coimbra.

Cyrille, de saco às costas, a chegar ao aeroporto e a preparar-se para regressar a casa “O que é muito positivo, no judo em Portugal, é ver que os mais velhos praticam com os mais novos e vice-versa. Não são sempre os da mesma faixa etária a trabalhar sistematicamente juntos. Isso é muito bom para as aprendizagens” concluiu com um ar satisfeito de sensação de missão cumprida.

Fontes: Gustavo Andrade, AAC. Fotos © AAC

Entrevista Cyrille Marret e comentário Catarina Costa @cvribeiro

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